O nódulo não é cancerígeno e costuma aparecer em mulheres jovens
Fibroadenoma é um tipo de nódulo sólido na mama, não-cancerígeno, mais comum em adolescentes e mulheres até os 30 anos. Normalmente esse tipo de tumor não causa dor, mas pode ser palpável. A fisiopatologia é desconhecida, porém existe associação com a resposta exacerbada dos lóbulos e do estroma mamário aos estímulos hormonais que ocorrem após a menarca.
Diagnóstico do fibroadenoma
No exame clínico das mamas, o fibroadenoma se apresenta como um tumor fibroelástico, móvel, não aderido ao tecido que o rodeia, bem delimitado, com dimensões de aproximadamente 2 a 3 centímetros.
No caso do fibroadenoma gigante, as dimensões podem alcançar até 6 a 7 cm. Nas pacientes de maior faixa etária, pode haver deposição de calcificação distrófica no nódulo (conhecida como “calcificação em pipoca”) e o nódulo passa a ter consistência endurecida.
Geralmente os nódulos são assintomáticos, exceto durante a gravidez e lactação, condições que podem estimular seu crescimento rápido e produzir dor por infarto tecidual. Além disso, o uso de estrogênio também pode produzir desconforto ou aumento de tamanho.
O diagnóstico é predominantemente histológico, porém a ultrassonografia das mamas é uma ferramenta bastante útil. Ao ultrassom, pode ter a sua forma descrita como delimitada, dura ou elástica, de superfície lobulada (com irregularidades) e de tamanho variável.
A biopsia (seja por PAAF ou CORE) também é um método diagnóstico importante, pois o fibroadenoma consiste em uma das poucas lesões benignas da mama que está associada a diagnóstico citológico/histológico específico.
Está bem indicada nos casos em que será adotada conduta expectante ou em pacientes de idade mais avançada. A citologia, isoladamente, tem sensibilidade elevada (70 a 90%). Já o tríplice diagnóstico (clínica, imagem e citologia) tem sensibilidade de 99,6%, com chance de falso negativo menor que 1% (maior em mulheres com mais de 35 anos).
Diagnóstico diferencial
O diagnóstico diferencial inclui as alterações funcionais benignas, o cisto mamário e o carcinoma com características circunscritas:
- O cisto mamário em geral apresenta início súbito e dor e acomete mulheres com idade mais elevada, geralmente acompanhada de lesões semelhantes bilateralmente;
- O carcinoma com características circunscritas é um termo clínico que abrange tipos histológicos pouco infiltrativos, que podem simular um fibroadenoma na imagem e no exame físico;
- O crescimento acelerado deve levantar a suspeita de tumor filoides, que consiste em uma neoplasia fibroepitelial, que demanda excisão cirúrgica mais extensa com margens.
Acompanhamento e tratamento do fibroadenoma
Nas pacientes jovens, com menos de 25 anos, e portadoras de tumores pequenos pode ser feito o acompanhamento clínico, com exame físico e/ou ultrassonográfico em 6, 12 e 24 meses.
Nos fibroadenomas múltiplos e pequenos deve-se, da mesma forma, realizar o mesmo seguimento clínico ultrassonográfico, evitando-se assim múltiplas incisões sobre a pele da mama. Entretanto, nas mulheres com mais de 35 anos, a conduta deverá ser menos expectante.
Não é necessária a retirada de todos os fibroadenomas diagnosticados por biópsia. Caso o fibroadenoma permaneça assintomático, ele pode ser mantido, a não ser que a paciente apresente desejo e ansiedade em retirar.
As desvantagens da exerese cirúrgica contemplam dano no sistema ductal e mudanças na imagem à mamografia (aumento da densidade focal, distorção arquitetural, aumento da espessura da pele).
Por outro lado, se um nódulo mamário, a princípio considerado um fibroadenoma, aumentar de tamanho ou tornar-se sintomático, a excisão pode ser necessária para excluir malignidade e confirmar o diagnóstico.
A crioablação é uma alternativa para a excisão dos fibroadenomas, porém ela deve somente ser considerada após o diagnóstico histológico através da core biopsy. Neste método, provoca-se a necrose do tumor por meio de temperaturas extremamente baixas (chegando a -196°C).
Lembrando que categoria BI-RADS 3 são para lesões com até 2% de possibilidade de malignidade. Com recomendação padrão de acompanhamento em 6, 12 e 24 meses. Depois disso, caso o nódulo siga com as mesmas características e tamanho, sua classificação pode decair para BI-RADS 2 (Confira como usar a classificação BI-RADS na ultrassonografia mamária).
Fonte: Educa CETRUS
Referência bibliográfica
- Nódulos mamários benignos da mama Rev Bras Ginecol Obstet. 2007; 29(4):211-9
- Fibroadenoma. Febrasgo. Disponível em: https://www.febrasgo.org.br/pt/noticias/item/186-fibroadenoma