Saiba mais sobre o quadro, suas complicações e o papel do US em sua detecção
A apendicite aguda é uma inflamação ou infecção do apêndice cecal, sendo a causa mais comum de dor abdominal aguda que requer intervenção cirúrgica. O diagnóstico precoce é essencial para minimizar a morbidade da doença.
A incidência da apendicite diminuiu nas últimas décadas e as razões desse declínio ainda não estão esclarecidas, tendo sido atribuídas às mudanças nos hábitos alimentares e na flora intestinal, melhora da nutrição, maior ingestão de vitaminas, entre outros. O risco de um indivíduo apresentar durante a vida inteira é de 7%. Apresenta um pico de incidência na 2° e 3° décadas de vida.
O que causa a apendicite?
É uma obstrução da luz apendicular, geralmente por fecalitos, corpos estranhos (sementes, fibras, bário, projétil de arma de fogo), vermes e neoplasias (do apêndice, ceco ou metastática). A teoria obstrutiva não explica todos os casos de apendicite aguda sendo alguns atribuídos à infecção bacteriana primária do apêndice.
Apesar da mortalidade da apendicite aguda ser atualmente baixa (< 0,1% nos casos não complicados e 3-5% nas perfuradas), a sua morbidade permanece ainda elevada, com incidência geral de complicações de 10%, predominantemente em fases mais avançadas.
Como a apendicite é diagnosticada
Dentre o diagnóstico clínico, é importante observar:
- Dor abdominal com migração clássica de periumbilical ou epigástrica para localização em fossa ilíaca direita em 2/3 dos pacientes. Eventualmente pode ser referida em outros locais;
- Anorexia;
- Náuseas e vômitos.
Os métodos de imagem mais usados para diagnóstico são:
- Ultrassonografia
- Tomografia computadorizada
Pacientes com sinais clínicos e laboratoriais típicos podem ser encaminhados diretamente para a cirurgia, dispensando os métodos de imagem. Já em pacientes com sintomas atípicos, os métodos de imagem são fundamentais.
Qual é o papel do ultrassom no diagnóstico da apendicite?
O ultrassom é o primeiro exame de imagem a ser solicitado em pacientes com quadro clínico de apendicite. Através da avaliação do quadrante inferior direito do abdome, é possível diagnosticar ou descartar a doença além de possibilitar a identificação de possíveis diagnósticos diferenciais.
Entre os principais achados ultrassonográficos, temos:
- Diâmetro AP acima de 6,0 mm
- Perda da compressibilidade
- Alteração parietal → camadas parietais mal definidas
- Gordura mesentérica com ecogenicidade aumentada
- Coleções pericecais
- Apendicolitíase
Vale ressaltar que a tomografia computadorizada representa excelente alternativa diagnóstica em todos os demais pacientes, principalmente nos pacientes obesos e nas complicações da doença (perfuração).
A ultrassonografia é um método rápido, não-invasivo, barato e não requer preparo do paciente ou administração de meio de contraste. Com a evolução tecnológica dos aparelhos houve um importante avanço no diagnóstico das doenças que acometem o trato gastrointestinal, merecendo especial destaque na apendicite aguda.
Seu papel nesta doença é voltado não apenas para as situações clínicas clássicas, mas, sobretudo, na avaliação de casos atípicos e/ou de progressão arrastada que podem mascarar o diagnóstico e retardar o seu tratamento.
Diagnósticos diferenciais que podem ser feitos com o US
- Diverticulite
- Apendagite
- Tiflite
- Infarto omental
- Doença de Crohn
- Colite
- Colelitíase/colecistite aguda
- Cálculo ureteral/pielonefrite
- Doença inflamatória pélvica/cisto ovariano
- Linfadenopatia mesentérica
- Mucocele/Neoplasia
Complicações
Geralmente são decorrentes do diagnóstico tardio e perfuração do apêndice, podendo disseminar o processo infeccioso para a cavidade peritoneal. As principais são:
- Abscesso;
- Obstrução intestinal;
- Trombose venosa – Ocorre por disseminação do processo infeccioso para o sistema portal;
- Obstrução ureteral – O processo inflamatório pode determinar obstrução ureteral à direita.
Fonte: Educa CETRUS