Ministério da Saúde incorporou à rede pública de saúde o medicamento trastuzumabe entansina, indicado para tratamento de pacientes com tipo específico de câncer de mama
O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada de células anormais da glândula. A doença se manifesta de maneira diferente em cada pessoa. Alguns tipos têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem lentamente.
Na maioria dos casos, com tratamento adequado e precoce o prognóstico é positivo. No entanto, o tumor pode invadir outros órgãos gerando um quadro de metástase. O câncer de mama metastático é uma condição incurável. A sobrevida mediana de uma paciente com doença metastática é de aproximadamente dois anos, podendo variar de uma pessoa para outra.
O Ministério da Saúde incorporou no Sistema Único de Saúde (SUS) o medicamento trastuzumabe entansina, ou TDMI-1, indicado para o tratamento de pacientes com câncer de mama HER2-positivo (entenda abaixo) em esquema de monoterapia, método em que a terapia é realizada utilizando apenas uma droga ou procedimento.
De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o câncer de mama é classificado em três subtipos principais. As categorias são associadas à presença ou ausência de marcadores moleculares para receptores de estrogênio ou progesterona e o chamado “fator de crescimento epidérmico humano 2” (ou HER2): HER2 negativo (70 a 80% dos pacientes), HER2 positivo (15 a 20%) e triplo-negativo (tumores sem os três marcadores moleculares padrão; 13 a 15%).
No Brasil, estima-se 20% dos casos correspondam ao tipo HER2 positivo (média de 13.400 casos por ano), dos quais 80% são tratados no SUS, em torno de 10.700 pacientes.
Câncer de mama HER2-positivo
O médico mastologista Marcelo Belo, diretor do Hospital do Câncer III, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), explica que a medicação aprovada e incorporada ao SUS é destinada a pacientes com a esse tipo específico de câncer de mama, chamado HER2 positivo.
“Inicialmente, o medicamento foi utilizado para pacientes metastáticas, para esse tipo de câncer de mama, com um resultado realmente importante na redução do risco de morte, com aumento da sobrevida e posteriormente passa a ser usado também para pacientes que fizeram quimioterapia neoadjuvante, ou seja, pacientes que fizeram o tratamento quimioterápico antes da cirurgia e não obtiveram o que a gente chama de resposta patológica completa, o tumor não desapareceu por completo na quimioterapia. Para essas pacientes que são HER2 positivo, o tratamento está indicado por que ele também aumenta a sobrevida, diminui o risco de morte e o risco de progressão da doença”, explica.
A portaria foi publicada no Diário Oficial da União segunda-feira (12/9). A tecnologia recebeu recomendação favorável de incorporação ao SUS após passar por avaliação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec). O Ministério da Saúde não detalhou quando o fármaco estará disponível para pacientes da rede pública de saúde.
Problema mundial de saúde pública, o câncer de mama se destaca por ser o tipo da doença que mais atinge mulheres, apresentando altas taxas de ocorrência e de mortalidade. A incidência tem aumentado de forma expressiva em países da Ásia, África e América do Sul em decorrência do envelhecimento da população.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2018, 627 mil mulheres morreram de câncer de mama em todo o mundo. No Brasil, o número total de novos diagnósticos ao ano chega a 60 mil, resultando em uma taxa de incidência de 60/100 mil habitantes.
– Este texto foi originalmente publicado em CNN