Os déficits cognitivos pós-Covid-19, especialmente nas funções executivas, foram confirmados por testes neuropsicológicos em uma coorte de sobreviventes relativamente jovens da infecção por Covid-19, segundo pesquisa publicada online no JAMA Open Network.
O estudo fornece confirmação objetiva da chamada “brain fog” amplamente relatada por alguns pacientes que contraíram o coronavírus.
O padrão de déficits reflete dificuldades em organizar cognitivamente as informações e executar um plano de ação, ao invés da perda real de memória.
Metodologia
Dr. Becker e col. analisaram dados de 740 participantes de uma coorte de pacientes com Covid-19 acompanhados de abril de 2020 a maio de 2021. A idade média era de 49 anos. Os participantes do estudo tinham testado positivo para SARS-CoV-2 ou tinha positividade para anticorpos séricos e não tinha história de demência.
Os pesquisadores avaliaram o funcionamento cognitivo utilizando uma ampla gama de testes neuropsicológicos validados para atenção, memória de trabalho, velocidade de processamento, linguagem, função executiva e outras medidas cognitivas. Eles também compararam os resultados de pacientes com Covid-19 tratados em hospitais e unidades de terapia intensiva com aqueles tratados em ambiente ambulatorial.
Enfatizaram que o padrão de déficits sugere disfunção executiva — dificuldade de organizar informações — em vez de verdadeira perda de memória. Em análises ajustadas, os pacientes hospitalizados eram mais propensos a ter prejuízos na atenção, funcionamento executivo, fluência de categoria, codificação e recuperação de memória.
Mensagem final
A identificação de indivíduos com disfunção cognitiva relacionada pós-Covid-19 é essencial para acompanhá-los ao longo do tempo e compreender melhor a natureza e a trajetória desses déficits.
Os neurologistas devem estar atentos para excluir e tratar outras causas potencialmente reversíveis de comprometimento cognitivo, como depressão e estresse emocional, que podem coexistir no contexto da “brain fog”.
Fonte – Portal PEBMED