As conclusões são de um estudo denominado CONCEPTION (COhort of Cardiovascular risk in Pregnancy) realizado com base no sistema nacional francês de dados.
Estudo observacional, cujo objetivo foi avaliar o risco de hipertensão gestacional (HAG) e pré-eclâmpsia (PE) durante uma segunda gravidez após a ocorrência dessas morbidades em uma primeira, foi publicado por um grupo de cientistas franceses recentemente na revista BJOG.
Métodos
Os autores desenvolveram um estudo de coorte que foi denominado de CONCEPTION (COhort of Cardiovascular risk in Pregnancy) e utilizaram informações do sistema nacional francês de dados. Foram incluídas mulheres que tiveram parto na França pela primeira vez de 2010 a 2018 e uma segunda gravidez posteriormente. O diagnóstico das desordens hipertensivas foi feito através de dados hospitalares e registro de dispensa de anti-hipertensivos.
Resultados
Foram identificados e incluídos na coorte 6.302.810 partos na França no intervalo de 2010 a 2018, desses, 2.833.376 partos ocorreram em primíparas. Após a exclusão de casos que não preenchiam os critérios para análise, 2.829.274 mulheres que não haviam dado à luz anteriormente foram incluídas na observação.
Entre elas, 238.506 (8,4%) tiveram diagnóstico de algum distúrbio hipertensivo durante a primeira gestação, como hipertensão arterial crônica (1,4%), hipertensão arterial gestacional (4,2%) e pré-eclâmpsia (3,3%).
Dessas primíparas, 41,8% tiveram uma segunda gravidez. E quando olhamos de forma mais aprofundada, a taxa de segunda gestação foi menor quando essas mulheres tiveram diagnóstico anterior de hipertensão arterial crônica ou pré-eclâmpsia.
Das gestantes com HAG durante a primeira gravidez, 11,3% (IRR IC 95%= 4,5 [4,4–4,7]) e 3,4% (IRR= 5,0 [4,8–5,3]) desenvolveram HAG e PE durante a segunda gestação, respectivamente.
Em mulheres com PE durante a primeira gravidez, 7,4% (IRR= 2,6 [2,5–2,7]) e 14,7% (IRR= 14,3 [13,6–15,0]) desenvolveram HAG e PE durante a segunda gestação, respectivamente. Quanto mais grave e precoce foi a PE durante a primeira gravidez, maior foi a probabilidade de ter PE durante a segunda. Idade materna, questões sociais, obesidade, diabetes e hipertensão crônica foram todos associados à recorrência de PE.
Conclusão
Em mulheres primíparas, todos os distúrbios hipertensivos gestacionais foram fortemente associados à ocorrência de HAG e PE durante a segunda gravidez. A recorrência da PE foi associada não apenas à precocidade e gravidade da primeira PE, mas também a vários fatores de risco, como idade materna, privação social, obesidade, diabetes e hipertensão crônica.
No entanto, vale a pena notar que, qualquer que seja a gravidade da hipertensão arterial durante a primeira gravidez, a grande maioria das mulheres terá uma gestação subsequente saudável.
Mensagem prática
Esses resultados podem orientar a formulação de políticas que se concentrem em melhorar o aconselhamento para mulheres que desejam engravidar mais de uma vez, identificando aquelas que se beneficiariam mais com o manejo personalizado de fatores de risco modificáveis, prevenção com aspirina em baixas doses e vigilância intensificada durante a primeira gestação.
Texto publicado originalmente em: Portal PEBMED