O primeiro método anticoncepcional masculino tem previsão de lançamento na forma injetável este ano. Pesquisadores indianos anunciaram a criação de uma vacina com aplicação na região dos testículos, que pode durar até 13 anos com eficácia comprovada de 97%. A camisinha, um dos métodos mais utilizados na prevenção da gravidez, fornece proteção de 98%.
O método chamado de RISUG (sigla, em inglês, para Inibição Reversível do Esperma Sob Controle), já passou por testes clínicos. Os resultados foram enviados para Controlador Geral de Remédios Indianos.
“O produto está pronto, com apenas aprovações regulatórias pendentes”, informou R.S. Sharma, cientista sênior do Conselho Indiano de Pesquisa Médica (ICMR), em entrevista ao site Hindustan Times. A aprovação ou não do anticoncepcional masculino deve acontecer em até sete meses.
Sobre o contraceptivo masculino
O contraceptivo é uma injeção que, aplicada na região próxima aos testículos, inibe a produção de espermatozoides. A técnica dura até 13 anos, podendo ser reversível.
A ideia dos pesquisadores é que o método, chamado inibição reversível do espermatozoide sob orientação, substitua a vasectomia, único existente atualmente para os homens.
Como funciona?
O RISUG envolve a aplicação de um material sintético (polímero) no ducto deferente, tubos pelos quais são transportados os espermatozoides.
Em vez de cortar e cauterizar o vaso deferente, canal do escroto que conduz o esperma, amarrando as pontas depois (como em uma vasectomia tradicional), uma substância química é injetada neste vaso. Essa mistura de polímeros gruda nesse vaso, formando uma camada que permite que o esperma até passe, mas faz com que os espermatozoides percam as suas caudas e não consigam chegar até o óvulo.
O remédio é administrado sob anestesia local e pode ser revertido a qualquer momento através de uma segunda injeção composta por substâncias capazes de destruir o bloqueio. O produto mostrou bons resultados com poucos efeitos colaterais.
“Foram realizados testes em 303 voluntários, com taxa de sucesso de 97,3% e sem efeitos colaterais. O produto pode ser denominado, com segurança, o primeiro contraceptivo masculino do mundo”, afirmou R.S. Sharma.
Na Índia, 53,5% dos casais usam algum método de contracepção ou espaçamento, sendo os métodos permanentes como a esterilização os mais populares, mostra dados da Pesquisa Nacional de Saúde da Família-4 (2015-16). Cerca de 36% das mulheres optam pela esterilização, em comparação com 0,3% dos homens que fazem vasectomia.
Outras pesquisas
Está em andamento nos Estados Unidos uma pesquisa para um novo anticoncepcional masculino em forma de pílula. Os resultados preliminares do estudo foram apresentados na 100ª reunião anual da Sociedade de Endocrinologia em Chicago, Illinois, em 2018.
“Muitos homens dizem que prefeririam uma pílula diária como um contraceptivo reversível, em vez de injeções de ação prolongada ou géis tópicos, que também estão em desenvolvimento”, explicou a pesquisadora sênior, Stephanie Page, professora de medicina na Universidade de Washington, em um comunicado para a imprensa.
Outros estudos também já foram realizados, mas foram interrompidos devido ao grande número de efeitos colaterais relatados, como alteração de humor. É o caso da pesquisa realizada pela Fundação Bill e Melinda Gates e por agências da Organização das Nações Unidas (ONU).
Fonte: Portal PEB MED
*Esse artigo foi revisado pela equipe médica da PEBMED
Autor: Úrsula Neves Jornalista carioca. Diretora executiva do Digitais do Marketing, repórter freelancer do Portal UOL – VivaBem Alimentação e colunista de cultura e maternidade dos sites Cabine Cultural e Feminino e Além, respectivamente.
Referências bibliográficas:
- https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-e-saude/2019/11/21/interna_ciencia_saude,808173/injecao-perto-dos-testiculos-sera-lancada-como-1-contraceptivo-mascul.shtml
- https://www.livescience.com/male-birth-control-risug.html
- https://www.hindustantimes.com/india-news/india-closer-to-world-s-first-male-contraceptive-injection/story-o3lTFLnCkKHpuEDNNqrEnO.html
- https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4345756/