Foi publicado na revista The ocular surface o primeiro estudo relacionado neuropatia de pequenas fibras da superfície ocular com o SARS-CoV-2. Os sintomas e achados morfológicos são similares aos vistos da neuropatia diabética e na síndrome do olho seco.
Metodologia do estudo
O estudo retrospectivo observacional conduzido na Espanha incluiu 23 pacientes com história prévia de covid-19 e um grupo controle de 46 participantes não infectados. As imagens de microscopia confocal in vivo foram obtidas em ambos os grupos. Foi avaliada densidade dos nervos corneanos, comprimento, densidade dos ramos, área, axônios e densidade de células dendritiformes. O teste de Schirmer e o questionário OSDI (Ocular Surface Disease Index) foram usados para avaliar a síndrome do olho seco e a doença de superfície ocular.
As imagens de microscopia revelaram achados associados a neuropatia de fibras curtas, incluindo infiltração de células corneanas e alterações morfológicas nos plexos sub basais em 91% dos pacientes pós-covid-19. Oito pacientes relataram sensação aumentada de olho seco após a infecção e tinham indicadores de síndrome de olho seco. Axônios em contas foram encontrados em 82.60% dos casos, principalmente em pacientes com sintomas de irritação ocular. Neuromas foram encontrados em 65.22% dos pacientes, mais frequentemente nos com score OSDI > 13. Células dendritiformes foram encontradas em 69.56% dos pacientes e foram mais frequentes em pacientes jovens assintomáticos.
A presença de alterações morfológicas em pacientes após mais de 10 meses da infecção aponta para a natureza crônica da neuropatia. Nenhum dos pacientes no grupo controle mostrou essas alterações e em apenas 4% foram identificados neuromas. Pacientes com covid-19 demonstraram síndromes de olho seco mais graves que o controle.
Fonte – Portal PEBMED
