O ACP 2023 trouxe para o médico da atenção primária e o hospitalista o que há de mais importante para o dia a dia sobre diabetes mellitus.
Todos os anos, a American Diabetes Association e diversas outras entidades publicam diretrizes para o diagnóstico e tratamento da diabetes mellitus (DM).
Muitas foram inclusive tema de conteúdos nossos aqui no Portal PEBMED. A palestra do ACP 2023 objetivou trazer para o médico da atenção primária e para o hospitalista o que há de mais importante para o dia a dia.
A primeira lição está no diagnóstico: a glicemia de jejum e a hemoglobina glicada são os dois parâmetros mais importantes para a prática geral. O uso do teste oral de tolerância à glicose na clínica médica fica reservado se houver dúvida ou divergência nestes testes.
A mesma hemoglobina glicada deve ainda ser a meta do seu tratamento: mais próxima a 7% nos pacientes mais jovens e com boa expectativa de vida, e mais próxima a 8,0-8,5% naqueles mais idosos, com mais comorbidades e lesões de órgão-alvo.
Outra lição é sobre a necessidade de diferenciar entre DM tipo 1 ou 2. O mais importante é definir se você irá começar com insulina direto ou se tentará droga oral.
A dosagem de autoanticorpos, peptídeo C e insulina não foi recomendada na palestra, mas sim uma abordagem mais prática: se houver emagrecimento com “polis” (polifagia, polidipsia e poliúria), comece com insulina. Do contrário, a droga oral vem primeiro.
A respeito do tratamento oral para DM tipo 2, não há ainda consenso que iSGLT2 e os agonistas GLP-1, apesar dos benefícios cardiovasculares, devam ser prescritos antes da metformina, uma vez que esta é uma droga conhecida, segura e barata.
Mas com certeza essa será a grande discussão dos próximos congressos: qual ou quais pacientes deveriam começar com iSGLT-2 ou aGLP-1 antes da metformina? O provável caminho será pelo risco cardiovascular.
Da mesma forma, em idosos é preciso ter cuidado com o risco de hipoglicemia. Por isso, drogas como as sulfonilureias estão ficando para o fim da linha, como uma tentativa no paciente já polimedicado. Infelizmente, o SUS e a farmácia popular ainda seguem com poucas opções e o custo é uma barreira no acesso aos iSGLT2 e aGLP-1.
Texto publicado originalmente no site de notícias e artigos PEBMED