Especialista da Universidade de Stanford ressalta importância das responsabilidades morais relacionadas à interação entre seres humanos e máquinas
Sua apresentação, longe de incensar as conquistas tecnológicas, focou em seus perigos, a começar pela falta de representatividade de todos os segmentos da população em pesquisas e, por extensão, em projetos de grande envergadura da área digital. “Ainda nos guiamos por dados relativos a homens brancos, na faixa dos 50 anos, deixando de lado a maior parte da população”, afirmou. Reportagem de meados deste mês no jornal britânico “The Guardian” bate na mesma tecla: durante séculos, a mulher foi excluída dos estudos médicos e científicos, levando a um quadro de diagnósticos incompletos e falta de conhecimento sobre as doenças que afetam metade da espécie humana.
Segundo Sonoo Thadaney, se a diversidade humana não estiver devidamente espelhada nos algoritmos que dão sustentação ao mundo digital, teremos uma desigualdade cada vez maior. Para ela, outro grande desafio é “humanizar” a tecnologia, por isso seu trabalho se baseia num tripé onde a experiência do indivíduo e o impacto positivo de uma inovação para a população têm o mesmo peso que o custo.
Em sua palestra, a história de um paciente que recebeu o diagnóstico de que teria pouco tempo de vida através de um vídeo gerado por um robô é um exemplo do que deve ser evitado a qualquer custo. “Temos responsabilidades morais e éticas em relação aos desdobramentos da interação entre seres humanos e máquinas. O design de qualquer sistema de inteligência artificial deve ser centrado na pessoa. Assim conseguiremos melhorar a relação médico-paciente, ou diminuir a síndrome de burnout de profissionais da saúde. Por isso, a pergunta que devemos nos fazer é: ‘podemos fazer isso, mas devemos fazê-lo’?”, resumiu.
FONTE: https://g1.globo.com/bemestar/