Os quadros de anemia são os mais importantes déficits nutricionais nas mulheres ao redor do mundo. Apesar disso os estudos que demonstrem que a severidade da anemia na gestação pode estar relacionada com desfechos ruins materno-fetais ainda são escassos na literatura.
De acordo com a OMS a anemia tem aumentado no período de 2012 a 2016, alcançando em 2016 a cifra de 40% das gestantes com algum grau de anemia. No mundo, a área de maior prevalência está no sudeste asiático com valores tão altos como 48% das mulheres com anemia.
As possíveis complicações relacionadas à anemia na gestação e sua severidade foram objeto de estudo de uma coorte publicada no JAMA em fevereiro de 2022. O tema tem uma relevância tão importante que a mesma OMS em sua 65ª assembleia geral decidiu como meta reduzir em 50% o número de mulheres com anemia no mundo.
O estudo
Esse estudo foi realizado na China onde 99,9% dos partos são realizados em ambiente hospitalar. Os critérios de anemia foram os seguintes:
Sem anemia: hemoglobina ≥ 11,0 mg/dl
Anemia leve: hemoglobina entre 10,0 e 10,9 mg/dl
Anemia moderada: hemoglobina entre 7,0 e 9,9 mg/dl
Anemia grave: hemoglobina ≤ 7,0 mg/dl
Os desfechos maternos desfavoráveis estudados no período de 1 de janeiro de 2016 a 31 de dezembro de 2019, envolvendo 18.948.443 mulheres foram:
Descolamento prematuro placentário
Parto prematuro (antes de 37 semanas)
Parto cesariana
Hemorragia puerperal severa
Choque
Admissão materna em UTI
Morte materna durante a internação para parto.
Já os desfechos desfavoráveis fetais incluíram:
Restrição de crescimento intrauterino
Malformações
Natimortalidade
Apesar de apresentar muitas limitações como não precisar os valores de hemoglobina em extratos mais exíguos, não especificar em que trimestre foi feito o diagnóstico da anemia e, mesmo com controle de múltiplas variáveis, não saberem se as mulheres faziam ou não reposição de ferro, a conclusão de que existe correlação entre a anemia severa e complicações gestacionais relacionadas a patologias placentárias, anemia na gestação leve com menos complicações maternas e fetais é importante em saúde pública. Na população chinesa estudada, o risco de anemia foi maior entre gestantes de 15 a 28 anos de idade e a taxa de gestantes com anemia encontrada nessa população foi de 17,78%.
Fonte: Portal PEBMED