Endometriose é uma doença inflamatória, que acomete mulheres na menacme, com apresentação heterogênea e de incidência crescente no mundo. Sua relação com infertilidade feminina já é bastante estudada e conhecida. Porém, existe uma preocupação em relação a efeitos adversos, como o parto prematuro, que podem ocorrer durante a gestação em pacientes portadoras de endometriose.
Análise recente
Em fevereiro de 2022, foi publicado um estudo de coorte com grupos de pacientes com endometriose e sem endometriose em sete maternidades na França. Com o objetivo de avaliar a associação entre a presença de endometriose e parto prematuro e se o risco variou de acordo com o fenótipo da doença. A
s mulheres do grupo com endometriose tinham histórico documentado da patologia e foram classificadas de acordo com três fenótipos de endometriose: endometriose peritoneal superficial isolada (PSI), endometrioma ovariano (OMA; potencialmente associado a PSI) e endometriose profunda (EP; potencialmente associada a PSI e OMA). As mulheres do grupo controle não apresentavam história e sintomas clínicos de endometriose antes da gravidez analisada.
O desfecho primário foi parto prematuro entre 22 semanas e 36 semanas e seis dias de gestação. A associação entre endometriose e o desfecho primário foi avaliada por meio de análises de regressão logística univariada e multivariada e foi ajustada para os seguintes fatores de risco associados ao parto prematuro: idade materna, índice de massa corporal antes da gravidez, país de nascimento, paridade, parto cesáreo prévio, história de miomectomia e histeroscopia e parto prematuro. A mesma análise foi realizada de acordo com os três fenótipos de endometriose (PSI, OMA e EP).
Das 1.351 participantes do estudo que tiveram um único parto após 22 semanas de gestação, 470 foram designados para o grupo endometriose (48 tinham PSI [10,2%], 83 tinham OMA [17,7%], e 339 tinham EP [72,1%]) e 881 foram designados para o grupo controle. Nenhuma diferença foi observada na taxa de partos prematuros antes de 37 semanas e zero dias de gestação entre os grupos endometriose e controle (34 de 470 [7,2%] vs 53 de 881 [6,0%]; P = 0,38).
Depois de ajustado para fatores de confusão, a endometriose não foi associada ao parto prematuro antes dos 37 semanas de gestação (razão de chances ajustadas, 1,07; IC 95%, 0,64-1,77). Os resultados foram comparáveis para os diferentes fenótipos de doença (PSI: 6,2% [3 de 48]; OMA: 7,2% [6 de 83]; e EP: 7,4% [25 de 339]; P = 0,84).
Conclusão
Este estudo de coorte que trouxe hoje para discussão não encontrou associação entre endometriose e parto prematuro, além do fenótipo da doença não alterar o resultado. Monitorar a gravidez além dos protocolos normais ou mudanças nas estratégias de manejo para mulheres com endometriose não é justificada para prevenir o parto prematuro.
Fonte: Portal PEBMED