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Estudo sugere que a insônia em crianças pode persistir até a idade adulta

De acordo com um estudo conduzido por pesquisadores da Penn State College of Medicine, crianças com sintomas de insônia tendem a persistir com o quadro quando adultos jovens e são significativamente mais propensas a desenvolver um distúrbio de sono no início da idade adulta, quando comparadas a crianças que não têm dificuldade para dormir. Este é o primeiro estudo de coorte de longo prazo a descrever as trajetórias de desenvolvimento dos sintomas de insônia na infância até a adolescência e a idade adulta jovem e foi publicado em fevereiro no jornal Pediatrics, da Academia Americana de Pediatria (AAP).

De acordo com os pesquisadores, os sintomas de insônia são transdiagnósticos para distúrbios de saúde física e mental. Dada a falta de coortes de base populacional com medidas objetivas de sono e acompanhamentos de longo prazo, pouco se sabe sobre a cronicidade da insônia infantil. Dessa forma, foram avaliadas trajetórias de desenvolvimento da sintomatologia de insônia, sua evolução e o papel da duração objetiva do sono na transição para a vida adulta.

Metodologia

O estudo longitudinal da equipe, que começou no ano 2000, foi concebido como um estudo aleatório de base populacional de crianças de 5 a 12 anos. Durante a primeira visita ao laboratório dos participantes (entre 2000 e 2005), e a segunda visita (entre 2010 e 2013), os pesquisadores monitoraram o sono das “luzes apagadas” (21h às 23h) até “luzes acesas” (6h às 8h), usando polissonografia (que pode identificar a apneia do sono e outros indicadores, como a quantidade e a qualidade do sono).

Na terceira pesquisa (entre 2018 e 2021), todos os participantes atingiram a idade adulta e relataram que geralmente dormiam entre três horas e meia e 11 horas diárias. Os sintomas de insônia foram verificados como dificuldades moderadas a graves para iniciar e/ou manter o sono por meio de relatos dos pais ou de autorrelato em todos os três momentos.

Resultados

Quinhentas e duas crianças (média de 9 anos, 71,7% de taxa de resposta) foram estudadas 7,4 anos depois como adolescentes (mediana de 16 anos) e 15 anos depois como adultos (mediana de 24 anos).

Entre as crianças com sintomas de insônia, a trajetória mais frequente foi a persistência (43,3%), seguida de remissão (26,9% desde a infância, 11,2% desde a adolescência) e um padrão de aumento e diminuição (18,6%). Entre as crianças com sono normal, a trajetória mais frequente foi a persistência (48,1%), seguida pelo desenvolvimento de sintomas de insônia (15,2% desde a adolescência, 20,7% na idade adulta) e um padrão crescente e minguante (16%). As chances de os sintomas de insônia piorarem na idade adulta (22% das crianças, 20,8% dos adolescentes) foram 2,6 vezes e 5,5 vezes entre crianças e adolescentes com sono curto, respectivamente.

Conclusão

Esse estudo mostra que intervenções precoces no sono são uma prioridade de saúde: os pediatras não devem esperar que os sintomas de insônia regridam durante o desenvolvimento em uma alta proporção de crianças. Dessa forma, medidas objetivas do sono podem ser clinicamente úteis na adolescência, período crítico para o prognóstico adverso da insônia com fenótipo de curta duração do sono.

Comentário

No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) destaca a relevância da qualidade e das horas de sono no desenvolvimento infantil. Para tanto, os pais podem colaborar, através de medidas de higiene do sono.

Recomendações da SBP para a higiene do sono em crianças e adolescentes – como os pais podem ajudar:

  1. Manter uma rotina para os cochilos diurnos das crianças que ainda necessitam, evitando que sejam feitos no final da tarde;
  2. Colocar a criança ainda acordada na cama, indicando que é hora de dormir, oferecendo-lhe ambiente calmo e tranquilo para indução do sono e ganhar sua confiança e segurança;
  3. Estabelecer uma rotina para a hora de dormir, com um momento bom e agradável com os pais (ler/contar estórias, ouvir música calma etc.), sem muitos estímulos;
  4. Criar um ambiente oportuno ao sono e recompensar as noites bem dormidas;
  5. Diariamente, manter o mesmo horário para dormir e acordar, o que incluiu os finais de semana e feriados (manter horários regulares);
  6. Evitar bebidas, como chocolate, refrigerante, chá mate ou cafeinados, além de medicamentos que contenham estimulantes próximos a hora de dormir;
  7. Evitar deixar a criança dormir com mamadeiras, leite, chás ou assistindo à televisão ou em outro lugar que não seja sua própria cama;
  8. Não alimentar a criança durante a noite;
  9. Evitar levar a criança para a cama dos pais ou outros lugares para dormir ou acalmar-se;
  10. Se a criança acordar a noite para ir ao banheiro ou por causa de pesadelos, permanecer no quarto dela até que ela esteja mais calma e avisá-la que retornará para o seu quarto, quando ela adormecer;
  11. Quando precisar lidar com a criança no período noturno, utilize uma luz fraca, fale baixo e seja breve o suficiente, sem estimulá-la.

 

 

Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria

Fonte: Portal PEBMED

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