O filme Carta Para Além dos Muros, disponível em plataformas de streaming, traça a biografia do HIV e o impacto do preconceito no controle da epidemia
Em comemoração ao Dezembro Vermelho — uma campanha de conscientização sobre o HIV e a aids —, acaba de chegar a Netflix, NET Now, Vivo Play e Oi Play o filme Carta para Além dos Muros. Esse é o primeiro documentário que refaz a cronologia do vírus e da doença no Brasil.
O diretor André Canto mostra o que mudou na abordagem desse problema desde 1982, quando o primeiro caso em solo brasileiro foi oficialmente diagnosticado.
Toda a história vem permeada pelos depoimentos de um jovem brasileiro infectado pelo HIV. Seu nome verdadeiro não é revelado: no filme, ele foi chamado de Caio, em homenagem ao escritor Caio Fernando Abreu, que morreu por causa da aids em 1996, meses antes da chegada de uma nova geração de medicamentos antirretrovirais que revolucionaram o tratamento.
O nome do documentário, aliás, também remete ao escritor — ou melhor, a uma obra sua. De 1994 a 1995, ele publicou quatro crônicas no jornal “O Estado de S.Paulo”, nas quais traz seus relatos a respeito da doença. Elas estão reproduzidas, entre tantas outras, no livro “Cartas”, da HB Editora.
Já o Caio protagonista do filme compartilha, sem mostrar o rosto, as experiências de preconceito e medo e as descobertas que viveu desde que recebeu o diagnóstico de HIV. O estigma e a discriminação que mantém parte da população soropositiva à margem da sociedade é um ponto central da obra.
Quem não estava vivo ou não se lembra do início da epidemia terá acesso a diversos documentos que escancaram esse cenário. Por exemplo: sobravam manchetes sensacionalistas que chamavam o HIV de peste gay.
O longa-metragem intercala as falas de Caio com imagens de arquivo e entrevistas com médicos, pacientes, ativistas e figuras públicas. Além de recontar a história, a obra explica o porquê de, ironicamente, a evolução no tratamento ter sido mais veloz do que a mudança de mentalidade sobre a aids.
Hoje, mesmo com o conhecimento difundido de que qualquer pessoa pode se tornar soropositiva — basta fazer sexo sem preservativo ou colocar o próprio sangue em contato com o de alguém infectado —, ainda há estigma. Tanto que, em geral, as pessoas não conversam abertamente sobre aids como sobre outras doenças crônicas (diabetes ou hipertensão, para citar duas).
Entre os 36 entrevistados, estão o oncologista Dráuzio Varella, o infectologista Ricardo Tapajós, a especialista em saúde pública Rosana Del Bianco, a dermatologista que identificou o primeiro caso no nosso país, Valéria Petri, e Lucinha Araújo, mãe do cantor Cazuza (que morreu de aids).
Veja o trailer abaixo:
FONTE: https://saude.abril.com.br/medicina/