Surtos de dengue, gripe, sarampo e febre amarela somam mais mortes do que o novo coronavírus por todo o mundo, de acordo com Ministério da Saúde
Com casos confirmados em 24 países, a epidemia do novo coronavírus acabou levantando um alerta preocupante entre a população brasileira. Embora ainda não haja registros de pessoas infectadas no país, muita gente ficou apreensiva com a possibilidade de contrair a doença e correr o risco de morte.
Diante desse cenário, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, prestou um esclarecimento importante sobre a letalidade do vírus em território nacional. Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3), ele apontou que dengue, sarampo e febre amarela são doenças que, no Brasil, “matam infinitamente mais” quando comparadas ao novo coronavírus. Entenda:
Casos confirmados de coronavírus
Até o momento, aproximadamente 20.630 casos do novo coronavírus (2019-nCoV) foram confirmados pelo mundo. Em menos de um dia, quase três mil novas ocorrências entraram na estatística contabilizada pela OMS.
A China é o principal foco de infecção da doença, sendo que somente 159 casos foram notificados fora do país asiático. Entre eles, foram registradas 426 mortes: com exceção de uma morte ocorrida nas Filipinas, todas as demais ocorreram em território chinês.
Apesar de ter sido declarada uma emergência internacional pela Organização Mundial de Saúde (OMS), as autoridades nacionais ressaltaram que não há motivos para alarde sobre a nova doença em solo brasileiro.
No Brasil, ainda não há nenhum caso confirmado. Atualmente, existem 13 casos suspeitos sob investigação e outros 16 foram descartados. Além disso, reforços para a prevenção e diagnóstico da enfermidade têm sido realizados em fronteiras, aeroportos, postos de saúde e hospitais.
Gripe é mais fatal do que coronavírus
Por mais que o número de mortes pelo novo coronavírus seja alarmante e seu potencial de disseminação também, outros vírus têm causado vítimas fatais em um ritmo muito mais avançado em território brasileiro – como é o caso da gripe.
O vírus influenza A, responsável pela gripe H1N1, matou cerca de duas pessoas por dia no Brasil em 2019. Dos 3.430 casos registrados, cerca de 23% resultou em falecimento (796 mortes). Idosos, crianças e pessoas com doenças autoimunes foram as principais vítimas.
Sem contar que a H1N1, conhecida também como gripe suína, continua presente no Brasil. Se não tratada, ela pode resultar em pneumonia, miocardite, insuficiência renal, falência múltipla de órgãos e óbito.
Dengue ultrapassa coronavírus em mortes
Outra doença viral que merece atenção no Brasil é a dengue. Apenas em 2019, foram registrados mais de 1,5 milhão de casos prováveis da enfermidade no país. Enquanto o novo coronavírus matou 426 pessoas, a dengue causou o óbito de 782 infectados somente no ano passado.
O número de registros cresceu quase 700% entre 2018 e 2019 e a taxa de mortalidade ficou sete vezes maior. Além disso, foi encontrado um sorotipo 2 do vírus da dengue, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Quando a pessoa é infectada e se cura, ela fica imune ao tipo de vírus contraído. Porém, ela pode ficar doente de novo se for contaminada por uma variante do vírus, com sintomas ainda mais graves.
Para o Ministério da Saúde, os casos de dengue representam uma “epidemia concentrada” e que requer total atenção por parte da população e dos agentes de saúde – principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.
Zika vírus assusta Nordeste
Além da dengue, o mosquito Aedes aegypti também transmite outra doença que causou 92 mortes no Brasil em 2019: o zika vírus, que contaminou mais de 10.000 brasileiros. Apesar do vírus ainda circular em todo país, a região Nordeste tem tido mais casos notificados da doença.
Febre amarela mata 1 a cada 3
Já a febre amarela, que havia sido controlada no Brasil, teve um novo surto em 2016. Em dois anos, foram 2.100 registros da doença e 700 óbitos, o que corresponde a 33,3% dos casos. O vírus ainda está em circulação no país, principalmente em São Paulo, Santa Catarina e Paraná.
Casos de sarampo ressurgem
Em 2019, o Brasil ainda lidou com o sarampo, com mais de 10 mil casos confirmados e 15 vítimas fatais – sendo 14 somente no estado de São Paulo que, ao contrário do que muitos pensam, ainda convive com o surto da doença.
O sarampo ressurgiu no país após mais de duas décadas sem incidências. Metade dos óbitos foram de crianças menores de dois anos.
Chikungunya em alta no RJ
Assim como a dengue e a zika, a chikungunya também é uma enfermidade transmitida pelo Aedes aegypti infectado. A doença pode levar à morte (foram 48 em 2019 no Brasil) e cerca de 30% dos casos não apresentam sintomas.
Em comparação a 2018, a cidade do Rio de Janeiro teve um aumento de 254% nos casos de chikungunya no ano passado. Com mais de 38.000 registros, a enfermidade infectou um carioca a cada 13 minutos.
Vacinas para vírus
Com exceção da dengue, chikungunya, zika e do próprio coronavírus, cujas imunizações estão em desenvolvimento, as demais enfermidades contam com vacinas disponíveis gratuitamente no Brasil pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que compõem o calendário oficial de vacinações.
- Vacina da gripe (inclusive H1N1): vacina trivalente viral ou vacina tetra viral
- Vacina do sarampo: vacina tríplice viral
- Vacina da febre amarela
Chineses têm se curado do coronavírus
Por enquanto, somente 2% dos casos confirmados do novo coronavírus resultaram em óbito, de acordo com levantamento da OMS. E esse número é ainda menor se comparado à quantidade de chineses que contraíram o coronavírus e se curaram da enfermidade.
Cientistas têm somado esforços para desenvolver uma vacina contra o vírus, ainda sem previsão para comercialização. Diante disso, os tratamentos atuais envolvem amenizar os sintomas, que incluem tosse, falta de ar, dificuldade para respirar e febre.
Mesmo não existindo medicamentos eficazes para o 2019-nCoV, cerca de 727 chineses contaminados se livraram completamente da doença – assim como costuma acontecer com um resfriado.
Letalidade dos outros coronavírus
Além disso, os demais vírus da família coronavírus têm números de mortes muito mais altos. Entre 2002 e 2003, por exemplo, o coronavírus SARS se espalhou pela Ásia e fez 774 vítimas fatais, o que corresponde a 9,6% do total de infectados.
No Oriente Médio, 34,4% das pessoas infectadas pelo coronavírus MERS, em 2012, chegaram a óbito. Isso equivale a 858 indivíduos que contraíram a doença.
Segundo o jornal The Guardian, especialistas em saúde pública sugerem que mais de 100 mil pessoas já estejam infectadas com o novo coronavírus. Caso o dado seja provado, o percentual de mortos por 2019-nCoV corresponderia a 0,4% dos casos confirmados.
Fonte: Minha Vida