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quinta-feira, novembro 21, 2024

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De pílula a anel vaginal: quais os métodos contraceptivos para a mulher

Os métodos contraceptivos já estão na vida das mulheres há muitos anos. Um dos mais conhecidos é a pílula, com maior prevalência entre as brasileiras. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde, de 17.809 mulheres entrevistadas, 34,2% utilizam esse anticoncepcional.

“O Brasil é um país que não exige consulta com o médico para comprar a pílula na farmácia. Mas é algo que tem que ser visto com bastante cuidado. Pela dificuldade de acesso médico, falta de orientação e receio da família, muitas mulheres acabam comprando-a por indicação de amigas ou do farmacêutico”, diz Fernanda Schier de Fraga, médica ginecologista, obstetra e professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR).

Ainda de acordo com o estudo, 25,9% disseram utilizar métodos cirúrgicos e 14,5%, camisinhas. As pretas e pardas, nortistas e com baixo grau de escolaridade são as que mais passaram por processos de laqueadura, enquanto as brancas, com maior escolaridade e das regiões Sul e Sudeste, são as que utilizam anticoncepcional oral e dupla proteção.

Entre as dezenas de opções no mercado, existem os métodos hormonais, não hormonais, reversíveis e comportamentais. Como cada um deles tem suas especificidades e depende muito da rotina da mulher, o recomendado é sempre conversar com um médico e discutir as necessidades para o uso ao longo da vida. Veja abaixo a lista de todos disponíveis atualmente e para quem são indicados.

Métodos comportamentais

Esses são antigos, mas não são considerados totalmente seguros, pois a chance de engravidar é de 20%. “O índice de falha é extremamente alto e não indicamos somente ele. A não ser que a mulher associe com outros métodos”, destaca Lilian Fiorelli, uroginecologista e especialista em Sexualidade Feminina pela USP (Universidade de São Paulo).

Tabelinha

Ela é usada para saber os dias em que a mulher está no período fértil e se pode evitar relações sexuais desprotegidas. No entanto, esse método não é seguro, pois há muitas falhas e nem sempre o ciclo menstrual é regular. Fatores como estresse e outros meios podem fazer com que a menstruação fique desregulada.

Quando não existe o desejo de engravidar, deve-se evitar o sexo sem preservativo durante o período fértil, que é entre o 11º e 17º, contando a partir do primeiro dia da menstruação, em um ciclo de 28 dias.

Os especialistas recomendam sempre combinar com outro método contraceptivo para evitar uma gestação indesejada.

Temperatura basal

A prática faz com que mulheres evitem uma gravidez não planejada medindo a temperatura corporal basal. É feito com um termômetro comum, que não deve ser compartilhado com outras pessoas.

É aconselhado anotar todos os valores diariamente, a partir do primeiro dia da menstruação, no mesmo horário e mesmas condições, de preferência temperatura oral. “Quando há um aumento de 0,5 grau é o período fértil”, explica Fiorelli.

Coito interrompido

A prática é utilizada entre casais e ocorre quando o homem está na iminência de ejacular e retira o pênis. Mesmo antes de ele retirar o órgão genital há possibilidade do líquido que sai antes da ejaculação conter esperma e, dessa forma, provocar a fecundação.

Lactação

Quando a mulher está amamentando, ela não menstrua e muitas delas optam por não usar um método contraceptivo em paralelo. No entanto, não há garantia e o processo de ovulação ocorre normalmente.

Mulher observa cartela com pílulas anticoncepcionais

CRÉDITO,GETTY IMAGES. Pílulas anticoncepcionais são método mais frequente para evitar gravidez indesejada

Métodos hormonais

Pílula

Existem as pílulas combinadas, com estrogênio sintético ou natural associado a um progestágeno, e as que possuem somente componentes da progesterona. Nesta primeira, o medicamento é contraindicado em pacientes que já sofreram ou têm risco de desenvolver trombose.

Ela ainda pode causar dor de cabeça, desconfortos gastrointestinais, aumento de varizes e perda da libido. Contudo, é indicada para melhora da acne e regulação do ciclo menstrual. “Essa pílula pode ser usada até no máximo 40 anos e vai ter o efeito enquanto ela for utilizada. A partir do momento que a mulher parar de usar, a fertilidade volta rapidamente”, diz Fraga.

As que são somente à base de progesterona devem ser prescritas para quem tem histórico de trombose e também para quem está amamentando. O medicamento pode ser ingerido sem necessidade de pausa na cartela. Porém, há alguns prejuízos para as mulheres. “Essas inibem a ovulação, dificultam o controle de sangramento e não ajudam na pele. É necessário ingeri-las em horários corretos, pois um simples esquecimento aumenta o risco de engravidar”, diz a médica da PUC-PR.

A eficácia delas diminui quando ocorrem diarreias ou há uso frequente de antibióticos e anticonvulsivantes.

Ambas são seguras e garantem uma proteção contra a gravidez, mas é preciso tomá-las nos dias e horários corretos. Por isso não é recomendada para mulheres que são muito esquecidas ou sem uma rotina.

Adesivo

CRÉDITO,GETTY IMAGES. Adesivos liberam hormônios

Adesivo

Ele é baseado na administração de hormônios por meio de um adesivo, que libera estrogênio e progesterona em contato com a pele. O material bloqueia a ovulação e também faz com que o muco cervical fique mais espesso, impedindo que os espermatozoides cheguem até o local de encontro com o óvulo. Além disso, deixa o endométrio — tecido que reveste o útero — mais fino.

Para colocá-lo, a pele precisa estar limpa, seca e a mulher deve estar no primeiro dia da menstruação. É recomendado colá-lo nas nádegas, braços, costas e evitar as mamas, já que ele pode causar dor e incômodo na região.

A troca deve ser feita a cada uma semana e, após 21 dias, é preciso retirá-lo para a menstruação. Como possui combinação de hormônios, ele não é indicado para quem tem risco de trombose ou sobrepeso. “A absorção do hormônio é reduzida por causa da maior quantidade de tecido adiposo”, afirma Natália Piovani Banzato, ginecologista, obstetra e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo, em Curitiba (PR).

Se o método descolar da pele por menos de 24 horas, o adesivo deve ser recolocado no mesmo local. Já se ele não se fixar, deve-se colar um novo. Se o intervalo sem o método for maior que um dia, é necessário ter relação sexual com outro método de contracepção, como a camisinha feminina ou masculina.

Anel vaginal

O contraceptivo é feito de silicone e contém progesterona e estrogênio em sua composição. Quando utilizado de maneira correta, apresenta uma eficácia de quase 99% contra a gravidez.

O anel deve ser introduzido suavemente na vagina, no primeiro dia da menstruação, com a mulher deitada e apertando o anel no meio, formando um “oito”. Ao final de três semanas, deve-se retirá-lo e, após sete dias de pausa, é possível inserir um novo.

Ele pode provocar náuseas, dor de cabeça, ganho de peso e, se não estiver bem colocado, pode sair durante a relação sexual. Vale lembrar que esse anticoncepcional não provoca incômodo ou atrapalha as relações sexuais. O método não é indicado para mulheres que apresentam risco de trombose.

Injeção

O anticoncepcional é aplicado no músculo do glúteo e libera o hormônio ao longo de três meses ou um mês. No caso da injeção mensal, que possui progesterona e estrogênio em sua composição, é possível ter um limite até a próxima data de aplicação, sendo necessário tomar no máximo três dias antes ou depois da data oficial.

Já na trimestral, que apresenta somente progesterona, o medicamento deve ser administrado corretamente para não ocorrer falhas. Ela vai funcionar semelhante à pílula, que inibe a liberação dos óvulos pelo ovário e atrofia a camada endometrial. Esse injetável pode provocar ganho de peso, aumentar o fluxo menstrual e retardar o organismo para uma futura gravidez. “Algumas mulheres podem demorar até um ano para conseguir engravidar depois que param de usá-lo”, diz Fiorelli.

Ambos são indicados para mulheres que não são tão regradas com prazos e horários, já que a aplicação pode ser feita uma vez por mês ou a cada três meses na farmácia, consultório médico e em hospitais pelo SUS (Sistema único de Saúde).

Diu hormonal

O dispositivo intrauterino libera progesterona no útero e na região pélvica, o que impede a gestação. Um dos mais conhecidos é o Mirena, que tem duração de cinco anos, pode ser colocado em consultório médico, com a paciente sedada ou não. Após 30 dias da colocação, é recomendado voltar ao ginecologista. Ele pode ser inserido em locais particulares ou pelo SUS.

Também existe o chamado Kyleena, que tem um pouco menos de progesterona em sua composição, e é recomendado para adolescentes que iniciaram a vida sexual ou para mulheres que são mais sensíveis ao hormônio.

Os métodos são considerados de longa duração e também são indicados para mulheres que não tem uma rotina regrada.

Implante subdérmico

Conhecido como iplanon, esse anticoncepcional é reversível e tem ação prolongada. Ele tem a forma de um bastão, com aproximadamente quatro centímetros de comprimento e dois milímetros de diâmetro, que libera etonogestrel—hormônio sintético e semelhante à progesterona. “Atualmente, é considerado o método mais eficaz no mundo pelos médicos e tem duração de três anos”, afirma Fraga.

Para colocá-lo, é necessário uma anestesia local na parte interna do braço, no qual ele é inserido por meio de uma agulha específica. A vantagem desse contraceptivo, segundo os médicos, é que há poucos efeitos colaterais, pode ser usado em mulheres que tiveram trombose e até lactantes.

O único ponto negativo é que o implante subdérmico pode deixar com um sangramento irregular, no entanto, cerca de 50% das mulheres que o colocam ficam sem menstruar.

O custo dele ainda é alto, aproximadamente R$ 1.300, e só está disponível na rede pública para mulheres em situação de vulnerabilidade.

Após o prazo de validade, caso a mulher não queira colocar um novo, é possível retirá-lo e iniciar o processo para engravidar, já que a fertilidade volta rapidamente.

Métodos não hormonais

DIU

CRÉDITO,GETTY IMAGES. DIU pode ser de cobre ou prata

DIU de cobre

Esse dispositivo é livre de hormônios e provoca uma inflamação controlada no útero, espessando o muco cervical, fazendo com que o esperma morra. Vale lembrar que o DIU de cobre não é abortivo. Ele é o que tem maior tempo de duração: dez anos.

Assim como os DIUs hormonais, é necessário fazer exames para verificar se ele está no lugar e está funcionando perfeitamente.

Como benefício, ele pode ser uma alternativa para mulheres que não querem ou não podem usar hormônios. A desvantagem é que ele aumenta o fluxo menstrual e cólicas.

Diu de prata

Ele funciona como o DIU de cobre, mas tem um pouco de prata em sua composição. O elemento ajuda a diminuir a quantidade de sangue durante a menstruação e dores. No entanto, sua eficácia dura cinco anos e não dez, como o de cobre.

A mulher precisa fazer exames de ultrassom para monitorá-lo e ver se ele está bem encaixado.

Métodos de barreira

Camisinha masculina

É o mais tradicional entre homens e mulheres. Esse, além de prevenir uma gravidez indesejada, também age contra infecções sexualmente transmissíveis como sífilis, AIDS, HPV, gonorreia e outras.

É importante destacar que o preservativo deve ser colocado logo no começo da relação sexual e não apenas pouco antes da ejaculação.

Camisinha feminina

É um método contraceptivo usado para prevenir ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). No modelo feminino, o material funciona como uma “bolsa”, fazendo com que a mulher não receba o líquido ejaculado pelo homem.

Ela é mais larga do que a masculina e deve ser colocada em pé, com a mulher sentada com os joelhos afastados, agachada ou deitada. Ao introduzi-la, o ideal é colocá-la o mais fundo possível, cobrindo o colo do útero. Os médicos ressaltam que a camisinha feminina é um pouco desconfortável, mas a mulher pode inseri-la e ficar até oito horas com ela.

O produto ainda não é tão popular entre o público feminino, mas serve para dar mais independência, de acordo com os médicos.

Diafragma

O diafragma é um anel flexível que tem uma borracha fina na ponta. Ele é inserido no fundo do canal vaginal, de modo a impedir a passagem dos espermatozoides até o útero.

Ele deve ser inserido cerca de 15 a 30 minutos antes da relação sexual e só pode ser retirado depois de 12 horas.

Alguns médicos recomendam o uso do diafragma com o espermicida, uma substância que “mata” os espermatozoides.

Antes de iniciar o uso desse método, é importante que a mulher converse com o ginecologista. Isso ajuda a escolher o modelo mais adequado, que se adapta melhor ao corpo.

O diafragma, que não é descartável e pode ser usado por até 3 anos (desde que seja bem higienizado), tem uma chance de falha de 10%.

O dispositivo é contraindicado para mulheres virgens, que têm alergia ao látex ou que apresentam algum problema no colo do útero.

Método de emergência

Pílula do dia seguinte

O método não é abortivo e é composto por uma alta dose de progesterona que, dependendo da fase do ciclo menstrual, vai atrasar a ovulação ou impedir o desenvolvimento do espermatozoide.

Ela pode ser usada na ausência de proteção e deve ser engolida até três dias depois do sexo desprotegido. No entanto, como o nome já sugere, só pode ser usada em emergências.

A ingestão de mais de duas vezes ao ano aumenta o risco de AVC (acidente vascular cerebral) e faz com que sua eficácia diminua.

Método irreversível

Laqueadura

Existem dois tipos que podem ser feitos quando a mulher opta pela laqueadura. Em um deles, as tubas uterinas são cortadas no meio e têm as extremidades amarradas, impedindo que os óvulos entrem em contato com os espermatozoides.

No outro procedimento, existe a possibilidade de colocar grampos, que “espremem” as trompas e fecham a passagem dos óvulos liberados do ovário para o útero.

O método ainda é bem debatido pelas mulheres e médicos, já que há uma série de exigências. “É preciso ter 25 anos ou mais de dois filhos vivos. Ainda tem que expressar por um processo de manifestação e passar com psicólogos para o desencorajamento. Caso ela persista com o desejo, o procedimento é realizado”, diz Fraga.

‘Este texto foi originalmente publicado em BBC News

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