Praticar exercícios físicos regularmente, reduzir o estresse, dormir bem e ter uma alimentação balanceada são importantes para manter nosso sistema de defesa funcionando.
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A resposta imune adquirida é desenvolvida pelo corpo após entrar em contato com um patógeno. Ela envolve a ação dos linfócitos, células especializadas capazes de combater microrganismos e de nos proteger da mesma ameaça por mais tempo.
Os linfócitos ficam armazenados em órgãos como os linfonodos e o baço, à espera de sinais de que devem entrar em ação.
Um dos principais alertas é dado pelos macrófagos, que capturam um microrganismo ou parte dele e o transportam até os linfócitos, dando início à resposta imune adquirida. “Os macrófagos atuam como uma ponte entre as duas respostas imunes”, explica Astray.
Os linfócitos começam então a produzir milhões de cópias de si mesmos e reforçam o sistema imunológico ao gerar anticorpos, proteínas capazes de neutralizar um patógeno. Os anticorpos têm a capacidade de reconhecer e se unir ao invasor, impedindo que ele infecte novas células e se reproduza.
Os linfócitos também marcam alvos para neutrófilos, macrófagos e natural killers. “Os linfócitos são como maestros do sistema imunológico, ao fazer com que as células imunes se aglutinem em torno de uma ameaça”, diz Portela.
Ao final deste processo, a maioria dos linfócitos é destruída, mas alguns se diferenciam e permanecem em nosso corpo por vários anos, formando uma memória imunológica que tornará mais ágil o combate ao patógeno se ele nos infectar novamente.
As células imunes se multiplicam mais rapidamente ao detectar a mesma ameaça, o que acaba com aquela desvantagem do sistema imunológico na corrida inicial contra um invasor após a infecção. “Isso nos impede de ficar doentes ou faz com que os sintomas sejam mais leves”, afirma Astray.
Por este motivo, não contraímos mais de uma vez algumas doenças, como catapora, caxumba, rubéola ou sarampo. Mas isso não impede que tenhamos novas gripes, por exemplo, porque o vírus que a causa, o influenza, sofre mutações facilmente, o que torna a memória imunológica inútil contra suas novas versões.
Como nossa imunidade é afetada
Sendo assim, Faria, da UFMG, diz que, quando dormimos pouco ou nos alimentamos mal, isso afeta o funcionamento de nosso sistema imunológico de diferentes maneiras. O mesmo ocorre quando deixamos de praticar atividades físicas ou sofremos estresse.
“Todos esses pilares são importantes, mas destaco a necessidade de dormimos bem. É durante o sono que temos maior produção de células de defesa pela medula óssea. Estudos mostram que dormir menos de cinco horas por noite aumenta em quatro vezes a chance de desenvolver infecções respiratórias, como gripes e resfriados”, diz.
“Portanto, se você não está dormindo suficientemente, não está dando ao corpo a chance de se recuperar.”
Já ao praticarmos atividade física de intensidade moderada, liberamos hormônios que ajudam a regular nosso sistema imunológico. Por outro lado, quando não nos estressamos, nosso corpo deixa de produzir substâncias que o prejudicam. Por fim, ao seguirmos uma dieta balanceada, ajudamos a fornecer energia para o bom funcionamento de nossas células de defesa, resume Faria.
Mas o que é uma dieta balanceada?
A BBC News Brasil ouviu a nutricionista Julia Granje. Ela alerta “que não existe nenhum alimento ou vitamina que combata o novo coronavírus. Mas, obviamente, quando o sistema imune está ativo e saudável, vai ajudar a lutar a combatê-lo”. Confira as dicas dela:
• Monte um “prato colorido”
Granje recomenda comer dez porções de 80 gramas por dia, sete de legumes e verduras e três de frutas, de cores diferentes. “Cada cor dos alimentos reflete o tipo de micronutrientes que têm neles”. “Desafio meus pacientes a colocar pelo menos cinco cores no prato”.
Em relação aos micronutrientes, ela destaca o zinco e o selênio.
“O zinco é encontrado nas carnes vermelhas e no fígado de frango. Também nas ostras, que são muito ricas em zinco.”
Ela acrescenta que o zinco também está presente nos vegetais, “mas em menor quantidade”, como no feijão.
“A quantidade de zinco que encontramos no feijão é a metade da de uma carne vermelha. Isso é um alerta importante para quem é vegetariano”, assinala.
Já o selênio é encontrado na castanha do Pará. “Duas castanhas por dia já são suficientes. A farinha de trigo também é fonte de selênio”.
Granje também recomenda comer menos carboidratos simples, como massas, arroz branco, pães e bolos. Prefira os carboidratos “complexos”, ou seja, aqueles integrais, recomenda.
“Não gosto de vilanizar os carboidratos. O problema é que o brasileiro come muito pouca fibra. E sabemos que carboidratos simples, quando ingeridos em excesso, tendem a induzir uma resposta inflamatória do nosso corpo, o que pode ser prejudicial se você já está combatendo uma infecção”, acrescenta.
• Não esqueça das “vitaminas antioxidantes”
Segundo Granje, vitaminas A, C, D e E são muito importantes. Ela ressalva, contudo, que muitos brasileiros vêm se “superssuplementando” de vitamina D.
“Não adianta tomar vitamina D sem ter a exposição ao sol. Porque o que ativa a vitamina D é essa exposição ao sol. Como se trata de uma vitamina lipossolúvel, se você toma em excesso, nosso corpo não a excreta. É diferente da vitamina C, que as pessoas também tomam em excesso, mas isso é excretado pela urina”, explica.
• Cuide de seu intestino
Granje destaca que pesquisas mostram a influência da nossa microbiota intestinal em nossa imunidade — nossos intestinos são habitados por 100 trilhões de bactérias de diferentes espécies. Neste sentido, ela reforça a importância do consumo de fibras.
“Infelizmente, não prestamos muita atenção a isso.”
Um imenso estudo conduzido nos Estados Unidos, o Estudo Americano do Intestino, sugere que aqueles cujas dietas incluem mais alimentos à base de plantas têm um microbioma mais diversificado, diz Daniel McDonald, diretor-científico do projeto.
• Baixo consumo de álcool e sódio
O álcool e o sal em excesso podem ser prejudiciais para o sistema imunológico. Seu consumo deve ser feito com moderação.
Segundo pesquisa da Escola Médica da Universidade de Massachusetts (EUA), o consumo exagerado de álcool prejudica a capacidade do organismo de combater infecções virais, especialmente do sistema respiratório, inibindo o funcionamento de proteínas responsáveis pela regulação do sistema imune.
Fonte: G1