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Como os probióticos ajudam na saúde vaginal?

O uso de probióticos pode ser uma ótima estratégia para combater e prevenir a candidíase vulvovaginal crônica. Saiba mais!

A candidíase vulvovaginal é a segunda causa mais comum de vaginite após vaginose bacteriana, sendo diagnosticada em até 40% das mulheres com queixas vaginais na atenção primária.

Até 75% das mulheres em idade reprodutiva apresentam pelo menos um episódio durante a vida, e 5% a 9% dessas mulheres sofrem da forma crônica.

Entre as espécies de Candida, a Candida albicans é o agente infeccioso mais comum. No entanto, a incidência de casos por espécies de Candida não-albicans, como C. parapsilosis, está continuamente aumentando.

Vários medicamentos tópicos e orais estão disponíveis, sem evidências de superioridade de qualquer fármaco ou via de administração. Além disso, a maioria dos tratamentos clássicos é incapaz de oferecer significativa proteção contra possíveis recorrências.

O Lactobacillus é o micro-organismo mais comumente isolado da vagina de mulheres saudáveis, incluindo Lactobacillus iners, Lactobacillus crispatus, Lactobacillus gasseri e Lactobacillus jensenii. Fungos, especialmente a Candida, colonizam a mucosa vaginal como simbiontes, formando um ecossistema vaginal complexo com bactérias.

Em alguns estudos, o desenvolvimento de candidíase vaginal foi associado a um baixo número de lactobacilos na vagina ou à presença de lactobacilos vaginais que não produzem peróxido de hidrogênio. Porém, outros trabalhos não encontraram diferenças significativas.

Diversos estudos avaliaram os probióticos, administrados por via oral ou vaginal, como estratégia para combater e prevenir a candidíase vulvovaginal crônica. Segundo a Organização Mundial de Saúde, os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem algum benefício para a saúde.

Alguns probióticos são conhecidos por sua capacidade de reduzir o pH intravaginal para 3,5 e 4,5, estabelecendo assim um efeito de barreira contra vários tipos de leveduras. Metabólitos de Lactobacillus, incluindo ácidos orgânicos, peróxido de hidrogênio, bacteriocinas e biossurfactantes, podem contribuir para o efeito antifúngico.

A competição por nutrientes e receptores no epitélio vaginal também ajuda no controle de patógenos.

Até o momento, bactérias do gênero Lactobacillus são consideradas as mais promissoras para proteger o ambiente vaginal da candidíase vulvovaginal e da vaginose. Experimentos in vitro mostraram que algumas cepas de Lactobacillus podem inibir a adesão e o crescimento de Candida albicans.

Além disso, Lactobacillus rhamnosus, L. casei e L. acidophilus reduziram significativamente os níveis de biofilmes de C. albicans na fase inicial de colonização e na fase posterior de desenvolvimento de biofilmes. O primeiro estudo sobre os efeitos de cepas probióticas de lactobacilos contra espécies não-C. albicans foi publicado em 2015.

Nesse trabalho, tanto Lactobacillus rhamnosus GR-1, quanto Lactobacillus reuteri RC-14 apresentaram antagonismo potente contra todas as cepas testadas de C. glabrata. Recentemente, demonstrou-se que o sobrenadante de Lactobacillus acidophilus, L. plantarum, L. rhamnosus, e L. reuteri inibe o potencial patogênico da Candida parapsilosis.

Análises do transcriptoma revelaram mecanismos moleculares de interferência probiótica por L. rhamnosus GR-1 e L. reuteri RC-14 sobre a C. albicans.9 Também foi demonstrado que os probióticos diminuem a expressão de genes envolvidos na síntese de ergosterol e genes associados a bomba de efluxo de drogas envolvida na resistência ao fluconazol.

Nos últimos anos, foram publicados estudos randomizados controlados em mulheres com candidíase vaginal de repetição. Um estudo realizado na Malásia com gestantes portadoras de candidíase vaginal demonstrou que a administração de Lactobacillus reduz sintomas de irritação, ardência e corrimento vaginal.

Mändar e colaboradores encontraram resultados semelhantes utilizando Lactobacillus crispatus via oral ou vaginal por três meses em mulheres com candidíase vulvovaginal. Kovachev e Vatcheva-Dobrevska realizaram um estudo com 436 mulheres com candidíase.

Um grupo de mulheres foram randomizadas para fluconazol (150 mg) e um único óvulo vaginal de fenticonazol (600 mg) no mesmo dia, enquanto o segundo grupo seguiu o mesmo cronograma de tratamento acrescido de probióticos vaginais contendo L. acidophilus, L. rhamnosus, L. delbrueckii subsp. bulgaricus e S. thermophilus administrados a partir do quinto dia após o tratamento com azóis.

O uso de probióticos aumentou a eficácia da terapia, bem como preveniu a recidiva de infecções vaginais por C. albicans.15

A última diretriz do Centers for Disease Control and Prevention (CDC) ainda não recomenda o uso corriqueiro de probióticos na candidíase vulvovaginal dado o restrito número de estudos.

No entanto, as evidências geradas até o momento, tanto in vitro, como in vivo, são promissoras, e novos estudos devem estabelecer a melhor cepa, forma de administração e dose de probióticos no tratamento dessa patologia em um futuro próximo.

 

 

 

 

 

Texto publicado originalmente no site de notícias e artigos PEBMED

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