Se descoberto no início, esse tumor tem alta chance de cura. Conheça suas causas, sintomas e tratamentos — e veja como evitá-lo
O câncer de pênis é raro em países ricos, mas relativamente comum em regiões subdesenvolvidas. Por quê? Pela falta de orientação para o homem sobre a necessidade de lavar o órgão sexual. No Brasil, cerca de 1 600 pênis são amputados por ano.
Para conscientizar a população sobre os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e, acima de tudo, a prevenção da doença, o Instituto Lado a Lado pela Vida lançou a campanha Lave o Dito Cujo. A iniciativa lista nomes populares para o genital masculino — bilau, pinto e outros — em um calendário que ilustra de maneira divertida a higiene local.
O perfil do Instagram do movimento publicará 366 fotos, uma por dia, até o fim de dezembro, com contribuições de outros artistas. A proposta é engraçada, mas o assunto é sério. Por isso, aproveitamos o projeto para aprofundar alguns conceitos sobre ele.
O que é o câncer de pênis
Ele representa 2% do total de tumores masculinos, e aparece principalmente em homens com condições socioeconômicas precárias. A falta de higiene é a maior causa evitável.
“Entre a glande, que é a cabeça, e o prepúcio, [a pele que recobre o órgão] fica uma substância chamada esmegma”, explica o urologista Aguinaldo Nardi, membro do comitê científico do Lado a Lado pela Vida.
“Ao se acumular, ela pode gerar um processo inflamatório local constante que leva ao câncer”, completa Nardi. Homens com fimose ou mesmo que não passaram pela circuncisão, processo que remove o prepúcio, estão mais vulneráveis a esse acúmulo, porque a pelinha dificulta a limpeza.
Outro fator de risco são as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), principalmente o HPV. Em estudos, notou-se que o vírus costuma aparecer junto com esse tumor.
A doença é mais comum depois dos 50 anos. “Mas provavelmente ela começou lá atrás, sendo um reflexo de anos de falta de cuidados íntimos”, aponta Nardi. Há diferentes tipos da enfermidade: uns mais agressivos, outros menos.
Sintomas e diagnóstico do câncer de pênis
Como ele é raro, não existe um protocolo de rastreamento para a população geral — ao contrário do que acontece com a mamografia para o câncer de mama ou o Papanicolau para o de colo de útero. Do ponto de vista de detecção, é fundamental ficar de olho em lesões persistentes no pênis, que não passam mesmo depois do tratamento para uma IST.
E que machucados são esses? Eles se parecem com verrugas, feridas ou mesmo nódulos mais sólidos. “Qualquer médico está habilitado para fazer uma análise prévia”, destaca Nardi. Uma vez levantada a suspeita, o indivíduo é encaminhado para o urologista, que pede uma biópsia para confirmar o diagnóstico e determinar certas características da doença.
O tratamento
Via de regra, ele envolve remover cirurgicamente o tumor. Dependendo do grau de acometimento do pênis, é preciso fazer a amputação. Descoberto no início, com uma lesão ainda pequena, o problema tem uma alta taxa de cura.
Infelizmente, a falta de informação, a dificuldade em obter atendimento e a vergonha fazem com que muitos homens só busquem o médico quando a doença está avançada — estudos indicam que isso ocorre em até 50% dos casos.
Nesse cenário, existe a possibilidade de as células malignas atingirem os gânglios da região inguinal, que abrange a virilha, e se espalharem para o resto do corpo. Em última instância, as chamadas metástases atingem órgãos vitais, como fígado e pulmão.
Como evitar o câncer de pênis
Lavar adequadamente o dito cujo é a melhor estratégia. Não tem segredo: basta puxar a pele do prepúcio para trás e caprichar na água e no sabão. O ritual deve ser repetido todos os dias, principalmente depois do sexo e da masturbação.
“Quem não consegue fazer esse movimento após os 3 anos de vida provavelmente tem fimose, e precisa ser encaminhado ao médico para fazer o procedimento que corrige o problema”, ensina Nardi.
Para garantir, também é bom fazer uma avaliação na adolescência. O médico inclusive deve avaliar se a limpeza é satisfatória. Além do quesito saúde, os futuros parceiros e parceiras agradecem.
fonte: Saúde Abril