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Associação entre níveis de Vitamina D e fatores de estilo de vida em mulheres

A prevalência de deficiência de vitamina D — essencial para a saúde humana —, é alta até em países de baixas latitudes, como o Brasil, onde a exposição ao sol é maior e mais frequente.

A maioria dos adultos também consome poucos alimentos ricos nesse nutriente, o que aumenta ainda mais as chances de desenvolver doenças relacionadas à sua insuficiência (como osteoporose, diabetes, doenças cardiovasculares e até câncer).

A deficiência de vitamina D é mais comum em mulheres do que em homens e fatores pessoais, sociodemográficos, ambientais e relacionados a estilo de vida parecem ter associação com a presença dessa condição.

Análise recente sobre vitamina D em mulheres

Em um estudo que fez parte de uma pesquisa multicêntrica desenvolvida pelo convênio entre a Universidade de São Paulo, a Universidade de Surrey, na Inglaterra e a Universidade de Wollongong, na Austrália, avaliou-se de maneira transversal 101 mulheres residentes da cidade de Araraquara, em São Paulo, com 35 anos ou mais, buscando associações entre níveis de 25-hidroxivitamina D (25(OH)D) e alguns fatores.

Entre eles: nível de exposição a radiação ultravioleta (UV), tabagismo, consumo de álcool, níveis de atividade física, idade, Índice de Massa Corporal (IMC), estresse e estado de pós-menopausa.

Para tanto, foram realizados questionários sobre estilo de vida, diários alimentares e dosímetros para medir a radiação UV durante quatro dias consecutivos do inverno (julho) de 2019. Não há consenso global sobre os níveis ótimos de 25(OH)D e, neste estudo, foi adotado o valor de < 50 nmol/L como corte para indicar insuficiência de vitamina D.

Os critérios de exclusão escolhidos foram fatores que poderiam influenciar no metabolismo da vitamina D, como suplementação, tratamento para osteoporose ou câncer, diabetes, hipertensão e doença cardíaca.

Entre os resultados, encontrou-se o valor de 64 nmol/L como média de concentração sérica de 25(OH)D entre as participantes, com 16% delas ficando classificadas com insuficiência de vitamina D (< 50 nmol/L).

De maneira algo inesperada, mulheres mais velhas tiveram concentrações significativamente maiores de 25(OH)D do que as mais jovens (P=0,01), assim como maior exposição à radiação UV (P=0,01) e menor IMC (P=0,005).

Os níveis de exposição à radiação UV foram significativamente maiores em mulheres em pós-menopausa (P=0,01) e menores naquelas classificadas como possuindo insuficiência de vitamina D (P < 0,001).

Além disso, mulheres da categoria profissional “donas de casa” tiveram maiores níveis de exposição a radiação UV do que aquelas das categorias “Saúde e Beleza” e “Administrativa”.

Os níveis séricos de 25(OH)D foram maiores também nas mulheres sem sobrepeso ou obesidade, além de naquelas em pós-menopausa (P < 0,001) e escore alto no questionário sobre estresse também mostrou associação a menores níveis de 25(OH)D (P=0,001).

Olhando especificamente a exposição ao sol, as participantes com níveis de concentração de 25(OH)D entre 25 e 50 nmol/L apresentaram exposição significativamente menor à radiação UV do que aquelas com taxas entre 50 e 75 nmol/L.

Os resultados de melhores concentrações de vitamina D em mulheres mais velhas devem ser olhados à luz de algumas considerações: quando corrigido para as variáveis de radiação UV e IMC, a idade perde significância.

Além disso, os critérios de inclusão e exclusão podem ter enviesado essa associação, uma vez que foram selecionadas apenas as mulheres “saudáveis”. Ainda assim, esses achados são relevantes pois sugerem que a deficiência de vitamina D na pós menopausa não é inevitável.

Conclusão

A associação com os tipos de ocupação de cada mulher, bem como a fatores comportamentais e ambientais, como IMC e exposição ao sol, levantam a importância de o médico atuar direcionado a esses fatores no sentido de prevenir a insuficiência de vitamina D, principalmente nas mulheres em pós-menopausa e naquelas com fatores de risco para fraturas.

O estresse — e a depressão, como mostram outros estudos — também se destacam aqui nesse sentido, devendo ser abordados e trabalhados devidamente quando identificados.

A deficiência de vitamina D pode causar inúmeros problemas de saúde e sua abordagem deve ser interdisciplinar, pois inclui desde fatores comportamentais até climáticos.

Mesmo em países tropicais como o Brasil, o médico deve ficar atento para fornecer as orientações de estilo de vida, que abordem inclusive os fatores de risco identificados neste estudo, de modo a promover saúde e prevenir doenças.

 

Fonte: PEBMED

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