Condição grave pode se manifestar como uma resposta inflamatória do organismo a uma agressão pulmonar de diversas origens, como infecções virais e bacterianas
A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é uma manifestação clínica grave associada à inflamação dos pulmões. O problema é causado a partir de uma resposta exagerada do organismo na tentativa de combater infecções com diversas origens, como vírus e bactérias.
A ex-atleta Isabel Salgado, ícone do vôlei brasileiro, morreu aos 62 anos. Isabel teve infecção por uma bactéria e pelo vírus influenza, de acordo com informações confirmadas por Pedro Solberg.
Isabel teria sido acometida pela síndrome de desconforto respiratório aguda (SDRA), segundo informações ainda não confirmadas oficialmente pela família e pelo Hospital Sírio-Libanês.
Causas da síndrome do desconforto respiratório agudo
O médico pneumologista Gustavo Prado, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, de São Paulo, explica que a condição, que já foi nomeada no passado como síndrome da angústia respiratória aguda (SARA), atinge os dois pulmões e pode se manifestar como uma resposta do organismo a uma agressão pulmonar de diversas origens.
“Entre as causas estão infecções bacterianas e virais, inalação de substâncias tóxicas ou a aspiração para o pulmão de conteúdo ácido do estômago, como podemos ter em episódios acidentais de engasgo após um vômito”, explica.
Segundo o especialista, a síndrome é a forma como o pulmão reage, muitas vezes desproporcionalmente, com uma inflamação.
“A manifestação disso, uma vez que os alvéolos são preenchidos por conteúdo inflamatório e os vasos são acometidos, é uma queda da nossa capacidade de oxigenação do sangue, que quase que inevitavelmente leva o paciente à necessidade de intubação e ventilação mecânica”, destaca.
Condição grave
A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) é um quadro clínico grave caracterizado por sintomas como tosse e falta de ar severa.
“Trata-se de uma condição tão grave que é uma falta de ar extrema que leva a pessoa a uma insuficiência respiratória, que muitas vezes não é passível de estabilização às custas de métodos não invasivos, como uso de oxigênio através de cateter, de máscara ou mesmo aquela ventilação não invasiva”, explica Prado.
O diagnóstico é feito através da combinação de critérios clínicos e critérios radiológicos, segundo Prado.
“Através da imagem vemos padrão de opacidades pulmonares bilaterais, observamos clinicamente a instalação de uma insuficiência respiratória aguda, monitoramos valores de oxigenação do sangue mais baixos e afastamos outros diagnósticos diferenciais, como o de edema pulmonar em um paciente com insuficiência cardíaca. Com essa composição de critérios clínicos, os critérios radiológicos e o afastamento de diagnósticos diferenciais temos o diagnostico da síndrome do desconforto respiratório agudo”, afirma.
Tratamento da síndrome
A gravidade do problema indica a necessidade de tratamento em unidade de terapia intensiva (UTI). Sem o cuidado contínuo, o paciente pode evoluir para complicações e morte.
“O tratamento é o da causa de base. Por ela ser uma manifestação inflamatória em resposta a uma outra injúria, então temos o tratamento da infecção que mais frequentemente é a causa da síndrome do desconforto respiratório agudo”, diz o médico.
“Além do suporte clínico do paciente, feito através da garantia da necessidade de oxigenação, de eliminação do gás carbônico e muito frequentemente através da ventilação mecânica. Ele passa a ser um paciente crítico, de terapia intensiva, com todas as demandas típicas de um paciente crítico”, conclui.
Este texto foi originalmente publicado em CNN Brasil