A artroplastia total de joelho é uma cirurgia de eficácia clínica comprovada associada a melhora funcional e na qualidade de vida em indivíduos portadores de gonartrose.
A introdução do componente patelar nas ATJ reduziu a ocorrência de dor anterior no joelho, no entanto, trouxe consigo novas complicações como a falha do componente, instabilidade, fratura patelar, ruptura tendínea do mecanismo extensor, necrose avascular da patela e outras lesões de tecidos moles.
Com o passar do tempo, o aprimoramento das técnicas cirúrgicas e a evolução dos implantes gerou redução da taxa de complicações das artroplastias patelares. Dessa maneira, houve divisão dos cirurgiões quanto à escolha da rotina por eles adotada frente a realização ou não da artroplastia patelar.
Alguns defendem sua realização de rotina devido à melhora da dor e escores funcionais enquanto outros não realizam e apontam como vantagem manutenção do estoque ósseo e taxa de satisfação similar. Há também os que defendem a substituição da patela apenas em casos selecionados.
O estudo
Foi publicado recentemente na Revista Brasileira de Ortopedia (RBO) um estudo com um total de 162 joelhos submetidos à ATJ primária de 2012 a 2014 em um Hospital em Passo Fundo – RS. Todos tinham pelo menos 5 anos de seguimento, usaram o mesmo implante e foram operados por 2 cirurgiões experientes. Os joelhos foram divididos em 2 grupos: com ou sem artroplastia da patela.
A substituição da patela foi realizada de maneira seletiva, sendo realizada na presença de artrose femoropatelar moderada e grave, mediante avaliação intraoperatória. Todos os pacientes responderam aos questionários de Lequesne e Western Ontario and Mc Master Universities (WOMAC).
Os grupos foram homogêneos tanto na distribuição dos gêneros quanto idade e ano em que a cirurgia foi realizada. Em relação ao escore de Lequesne, o grupo que teve a patela preservada obteve mediana de 3,5 pontos, e o que teve a patela substituída obteve mediana de 2,5 pontos, diferença que não foi estatisticamente significativa.
Analisando a tabela WOMAC, observou-se diferença estatisticamente significativa apenas no quesito dor, cuja pontuação foi maior no grupo que teve a patela preservada.
Não houve diferença relevante quanto à rigidez articular ou dificuldades para realização de atividades diárias ou atividades físicas. Apenas três pacientes apresentaram complicações durante o estudo, sendo dois com deiscência de ferida ( um de cada grupo) e uma infecção periprotética.
Conclusão
O estudo apresentou limitações como o tamanho da amostra, falta de avaliação de escores de qualidade de vida e saúde mental e aplicação dos questionários por ligação telefônica. Apenas o desfecho dor avaliado no WOMAC foi relevante segundo o estudo, com melhor resultado no grupo submetido à artroplastia patelar mesmo na vigência de artroplastia seletiva.
Fonte: Portal PEBMED