Por Dr. Mercola
Vocês se lembram que no ano passado os repórteres do Washington Post ousadamente declararam que as vitaminas C e D não podem (e não devem) ser utilizadas contra infeções respiratórias?
As informações que eu estava compartilhando sobre seus usos foram consideradas tão perigosas para a saúde pública que minha página foi taxada como uma página de “fake news” por autodeclarados donos da verdade como a NewsGuard.
Como os tempos mudaram. Após sofrer publicações mentirosas e difamatórias contra mim, as vitaminas C e D estão (finalmente) sendo empregadas durante o tratamento convencional do novo coronavírus, SARS-CoV-2.
Isso mostra que quando a situação é grave, a verdade eventualmente prevalece. Quando o armário de remédios esvazia e os médicos ficam com opções limitadas, subitamente as substâncias básicas se tornam novamente viáveis, e isso é de fato uma boa notícia, pois talvez salve milhares de vidas, mantendo os custos com saúde relativamente baixos.
Tratamento com vitamina C é implementado para infecções por coronavírus
Como relatado pelo New York Post em 24 de março de 2020:
“Pacientes em estado grave diagnosticados com coronavírus no maior sistema hospitalar do estado de Nova York estão recebendo doses massivas de vitamina C… O Dr. Andrew G. Weber, um pneumologista especialista em casos graves afiliado à duas instalações da Northwell Health em Long Island, disse que seus pacientes com coronavírus sob tratamentos intensos recebem 1.500 miligramas de vitamina C intravenosa.
Quantidades idênticas da vitamina, que é um ótimo antioxidante, são então re-administradas de três a quatro vezes ao dia, disse ele… O regime é baseado em tratamentos experimentais administrados a pessoas com coronavírus em Xangai, na China…
‘Os pacientes que receberam vitamina C apresentaram melhoras consideravelmente melhores do que aqueles que não receberam a vitamina’, disse ele. ‘Ela é de uma ajuda tremenda, mas não recebe destaque por não ser um grande medicamento’…
Andrew… disse que os níveis de vitamina C dos pacientes de coronavírus caem de forma drástica após sofrerem septicemia, uma reação inflamatória que ocorre quando o corpo reage à infecção de forma exagerada. ‘Faz todo o sentido tentar manter o nível de vitamina C’, disse ele.”
Um porta-voz da Northwell Health confirmou que o tratamento por vitamina C está sendo “amplamente utilizado” contra o coronavírus pelo sistema hospitalar de 23 hospitais. De acordo com Andrew, a vitamina C está sendo utilizada em conjunto com o medicamento antimalárico hidroxicloroquina e o antibiótico azitromicina, que também demonstraram resultados positivos no tratamento do coronavírus.
A vitamina C é um ‘medicamento’ antiviral muito pouco utilizado
De acordo com o Dr. Ronald Hunninghake, especialista em vitamina C de renome internacional que supervisionou pessoalmente dezenas de milhares de administrações da vitamina C intravenosa, a vitamina C é “definitivamente uma modalidade muito subutilizada em doenças infecciosas”, considerando que “é realmente um tratamento de primeira” para infecções.
Em minha entrevista com ele, Ronald sugeriu que um dos motivos pelos quais a medicina convencional tem tardado tanto em reconhecer a importância da vitamina C tem a ver com o fato de estarem olhando para ela como uma mera vitamina, quando na verdade é um poderoso oxidante, capaz de eliminar patógenos quando administrada em altas dosagens.
Existem também fatores financeiros. Em suma, é barato demais. A medicina convencional, como regra geral, é notoriamente desinteressada em soluções que não são capazes de produzir lucros consideráveis. Uma das principais razões pelas quais estamos vendo a vitamina C ser utilizada contra o COVID-19 é, sem dúvidas, a falta de medicamentos caros no arsenal médico para os quais recorrer.
Em minha entrevista de 17 de março de 2020 com o Dr. Andrew Saul, editor chefe da Orthomolecular Medicine News Service, ele menciona estar em contato com um médico sul-coreano que fornece aos seus pacientes e à sua equipe médica uma injeção de 100.000 UI de vitamina D, juntamente com até 24.000 mg (24 gramas) de vitamina C intravenosa. “Diz ele que seus pacientes melhoram em uma questão de dias”, disse Andrew.
Como explicado por Andrew, a vitamina C, quando em doses extremamente altas, age como um medicamento antiviral, matando os vírus. Embora ela tenha de fato propriedades anti-inflamatórias, que ajudam a prevenir a cascata de citocina massiva associada a infecções severas de SARS-CoV-2, suas capacidades antivirais provavelmente têm mais a ver com o fato de que ela é capaz de realizar uma limpeza sem limites dos radicais livres.
A vitamina C trata a septicemia com eficiência
Embora o protocolo da vitamina C seja novidade para o tratamento do COVID-19, ele vem sendo utilizado como tratamento para a septicemia desde por volta de 2017. O protocolo de tratamento para a septicemia com base na vitamina C foi desenvolvido pelo Dr. Paul Marik, um médico de UTI do Hospital Geral Sentara Norfolk na Virgínia Ocidental, que passou a utilizá-lo como um tratamento padrão para a septicemia.
O estudo clínico retrospectivo de Paul publicado em 2016, com comparação de antes e depois, mostrou que a administração de 200 miligramas (mg) de tiamina aos pacientes a cada 12 horas, 1.500 mg de ácido ascórbico a cada seis horas e 50 mg de hidrocortisona a cada seis horas por dois dias reduziu a mortalidade de 40% para 8,5%.
É importante ressaltar que o tratamento não tem efeitos colaterais e é barato, prontamente disponível e simples de administrar, portanto praticamente não há qualquer risco envolvido. Em 2009, foi demonstrado que a vitamina C intravenosa pode ser um tratamento para a gripe suína severa, capaz de salvar vidas, tornando compreensível o fato de que os médicos chineses e estadunidenses têm esperança em sua eficiência para o tratamento do coronavírus.
Já existe um ensaio clínico sobre o assunto, enviado na página ClinicalTrials.gov. Uma pesquisa mais recente, publicada on-line em 9 de janeiro de 2020, revela que o protocolo de Paul contra a septicemia também reduziu a mortalidade em pacientes pediátricos.
O estudo foi realizado no Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie, de Chicago, e conforme observado pelo Science Daily, os dados preliminares do estudo “sustentam os resultados promissores observados em adultos”.
A vitamina C sofreu destaque durante a pandemia do SARS
Em 2003, durante a pandemia do SARS, um pesquisador finlandês pediu uma investigação sobre o uso da vitamina C após pesquisas mostrarem que a vitamina C não só protege os frangos de corte contra o coronavírus aviário, mas também reduz a duração e a gravidade do resfriado comum em humanos e reduz significativamente a suscetibilidade à pneumonia. Em sua carta, publicada na revista Journal of Antimicrobal Chemotherapy, Harri Hemilä escreveu:
“Recentemente, um novo coronavírus foi identificado como a causa da síndrome respiratória aguda grave (SARS). Na ausência de um tratamento específico para a SARS, deve ser considerada a possibilidade de a vitamina C apresentar efeitos inespecíficos em várias infecções virais do trato respiratório.
Existem inúmeros relatórios indicando que a vitamina C pode afetar o sistema imunológico, por exemplo, a função dos fagócitos, a transformação dos linfócitos T e a produção de interferon. Em particular, a vitamina C aumentou a resistência das culturas de órgãos traqueais de embriões de pintinhos à infecção causada por um coronavírus aviário.”
E mesmo antes disso, muitos estudos demonstraram a utilidade da vitamina C contra infecções de vários tipos. Por exemplo, um estudo duplo-cego randomizado, publicado em 1994, descobriu que pacientes idosos que haviam tomado 200 miligramas de vitamina C por dia enquanto estavam hospitalizados por infecção respiratória aguda tiveram um desempenho significativamente melhor do que aqueles que receberam um placebo.
Segundo os autores, “esse foi especialmente o caso daqueles que entraram no estudo mais gravemente enfermos, muitos dos quais tinham concentrações muito baixas de vitamina C no plasma e nos glóbulos brancos no momento da admissão”.
Reconhecimento surpreendente da vitamina D pelo presidente do CDC
Outro componente poderoso para a prevenção e tratamento da influenza é a vitamina D. Embora a vitamina D não pareça ter um efeito direto sobre o próprio vírus, ela fortalece a função imunológica, permitindo assim que o corpo do hospedeiro combata o vírus de forma mais eficiente. Ela também suprime processos inflamatórios. Tudo isso pode tornar a vitamina D muito útil contra infecções do SARS-CoV-2.
Minha afirmação de que a vitamina D pode reduzir os riscos de infecção foi sustentada publicamente no dia 24 de março de 2020, quando o antigo presidente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC), Dr. Tom Frieden, publicou sua opinião na Fox News dizendo que os “riscos de infecção do coronavírus podem ser reduzidos pela vitamina D”. Nela, Tom escreveu:
“Existem várias afirmações malucas sobre curas milagrosas rodando pelo mundo, mas a ciência sustenta a possibilidade — embora não haja provas — de que a vitamina D possa fortalecer o sistema imunológico, principalmente de pessoas cujos níveis de vitamina D estão baixos.
A suplementação da vitamina D reduz os riscos de infecções respiratórias, regula a produção de citocinas e pode limitar os riscos de outras viroses, como a influenza.
As infecções respiratórias podem resultar em tempestades de citocina — um clico vicioso no qual nossas células inflamatórias danificam nossos órgãos — o que pode aumentar a mortalidade daqueles com COVID-19. Níveis adequados de vitamina D podem fornecer proteções moderadas para populações vulneráveis…
Atualmente, não sabemos de a deficiência da vitamina D influencia na gravidade do COVID-19. Mas considerando a alta prevalência da deficiência da vitamina D nos EUA, é seguro recomendar que as pessoas consigam quantidades diárias adequadas de vitamina D.
Os corpos da maioria das pessoas produzem a vitamina D na pele, quando esta é exposta ao sol. Cerca de 15 minutos por dia de contato direto com a luz solar é o suficiente para que os corpos da maioria das pessoas produzam quantidades adequadas de vitamina D; pessoas com peles mais escuras necessitam de exposições mais longas à luz solar para que seus corpos produzam a mesma quantidade da vitamina.
No inverno, talvez as pessoas que moram em altas latitudes não sejam capazes de produzirem vitamina D a partir da luz solar. Filtros solares aumentam o tempo de exposição necessário. Então, muitas pessoas acabam necessitando de suplementos de vitamina D.”
Recomendações sobre as vitaminas C e D
Com base na disponibilidade de evidências científicas, não há razão para ignorar as vitaminas C e D para a prevenção e tratamento do COVID-19 e outras infecções respiratórias.
Lembre-se de testar seu nível de vitamina D. Faça isso em casa, e mantenha-se longe de hospitais, a não ser que esteja sofrendo sintomas de infecções respiratórias graves, como dificuldades na respiração. O nível adequado é de 60 ng/mL.
Nos EUA, o GrassrootsHealth torna a realização do teste bem fácil, pois oferece um kit de teste de vitamina D barato, como parte de sua pesquisa patrocinada pelo consumidor. Toda a receita desses kits vai diretamente para a GrassrootsHealth. Eu não lucro com a venda desses kits, apenas os indico para a conveniência dos meus leitores.
A vitamina C também é de grande ajuda, tanto para a prevenção quanto para o tratamento de doenças virais. É possível encontrar relatórios e pesquisas pertinentes sobre a vitamina C contra o COVID-19 na página do Orthomolecular Medicine News Service. Eu recomendo utilizar a vitamina C lipossomal, pois ela permite o consumo de doses muito maiores do que a vitamina C normal (pois a vitamina C normal é limitada pela sua tolerância intestinal).
O Dr. Robert Rowen, o qual eu entrevistei recentemente a respeito do uso da vitamina C e da ozonioterapia para o COVID-19, sugere o consumo de 6 gramas (6.000 mg) por hora caso a doença esteja grave, a fim de simular níveis de administração intravenosa. Profilaticamente, não é recomendado tomar doses tão altas.
A única contraindicação ao tratamento com altas dosagens de vitamina C é quando o paciente tem deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase (G6PD), que é um distúrbio genético. O G6PD é necessário para que o corpo produza NADPH, que é necessário para transferir o potencial redutor para manter seus antioxidantes, como a vitamina C, funcionais.
Como os glóbulos vermelhos não contêm mitocôndrias, a única maneira de reduzir a glutationa é através do NADPH, e como o G6PD o elimina, causa a ruptura dos glóbulos vermelhos devido à incapacidade de compensar o estresse oxidativo.
Felizmente, a deficiência de G6PD é relativamente incomum e pode ser identificada em exames. Os descendentes do Mediterrâneo e da África correm maior risco de deficiência de G6PD. Em todo o mundo, acredita-se que a deficiência de G6PD afete 400 milhões de indivíduos e, nos EUA, estima-se que 1 em cada 10 homens afro-americanos a tenha. Certifique-se de ler este artigo de quinta-feira sobre as estratégias preventivas e terapêuticas mais importantes para o COVID-19.