Um estudo publicado, recentemente, pelo Journal of the American Heart Association constatou que um terço das visitas aos prontos-socorros estão relacionadas à hipertensão arterial (HA).
O levantamento foi feito com 20 milhões de pacientes americanos, mas as conclusões refletem a realidade dos serviços de emergência pelo mundo. No Brasil, a pressão arterial está relacionada a 45% das mortes por doenças cardiovasculares.
Segundo dados da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo [SOCESP], 32,3% dos brasileiros têm HA e, após os 60 anos, este percentual sobe para 65%. Noites mal dormidas estão diretamente relacionadas a quadros de hipertensão e podem causar sérios problemas ao coração.
“Uma pessoa é considerada portadora de Hipertensão Arterial (HA) quando a pressão arterial (PA) sistólica – também conhecida como máxima – apresenta valores iguais ou maiores que 140 mmHg e a mínima (PA diastólica) igual ou maior que 90 mmHg e isso de forma persistente em pelo menos duas ou mais ocasiões diferentes do dia.
Popularmente dizemos ‘14 por 9’. A questão é que mais da metade da população desconhece este parâmetro”, afirma a presidente do Congresso, Fernanda Consolim Colombo.
Uma pesquisa recente da SOCESP apurou que 53% dos entrevistados não sabiam identificar ‘os números’ da PA elevada. Entre os que erraram, 34,1% disseram ‘16 por 9’ e 18,9% ‘15 por 9’.
O levantamento – realizado com 2.236 pessoas nas cidades de Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital – constatou também que apenas 36% apontaram a HA como fator de aumento do risco de problemas cardíacos quando, na verdade, a doença está diretamente relacionada a eles.
A cardiologista alerta que “o desconhecimento pode levar mesmo aquele indivíduo que realiza a medição com frequência a acreditar que está tudo bem e que não é hora de procurar ajuda médica mesmo com a pressão em alerta vermelho”.
Um agravante para a pressão alta é dormir pouco ou mal. Segundo a American Heart Association (AHA), o sono está no ranking denominado Life’s Essential 8, com os oito itens essenciais para uma vida plena: alimentação de qualidade; atividade física; não fumar; controle de peso; controle do colesterol; gerenciar o açúcar no sangue; controle da pressão arterial e o recém adicionado: sono saudável.
“Este é um grande passo para tentamos combater esta verdadeira pandemia de pessoas que não dormem adequadamente”, destaca o diretor de Promoção e Pesquisa da SOCESP, Luciano Drager.
Pesquisa da SOCESP constatou que quase metade dos entrevistados (46,5%) afirmaram que dormem apenas de cinco a seis horas por dia e 9,5% declararam dormir quatro horas ou menos, enquanto 44% relataram passar mais de setes horas por dia em descanso.
Luciano Drager explica que “quando temos uma noite ruim há maior liberação de adrenalina, aumento da pressão arterial, inflamação dos vasos e outros mecanismos que podem desencadear uma doença cardiovascular, como infarto e AVC. Há também mais chances de alteração nos níveis de açúcar e de colesterol no sangue, além de o organismo ficar mais sujeito a infecções e obesidade”.
Estudos indicam que em 75% do tempo de uma noite bem dormida entramos em sono NREM (Sem Movimentos Oculares Rápidos) e, neste estágio, a frequência cardíaca e respiratória baixam, reduzindo o estresse do coração.
“O sono contribui para a restauração celular, de tecidos e vasos sanguíneos, melhora a função cerebral, a criatividade, a produtividade, o humor e a energia para atividades rotineiras”, conta Drager.
Texto originalmente publicado em Medicina S/A