Operação em Dourados foi sigilosa para evitar comboio para a Máxima.
A transferência de seis líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que controla o tráfico de drogas e armas na fronteira com o Paraguai, foi o estopim para explodir a série de rebeliões que afetou presídios em quatro cidades de Mato Grosso do Sul entre a manhã e a tarde desta quarta-feira (18).
A reportagem apurou que as policias Militar e Civil e o setor de inteligência da Secretaria de Estado de Justiça chegaram aos nomes dos ‘torres’, como são chamados os líderes da facção. Apesar das identidades não terem sido reveladas, descobriu-se que o sexteto foi preso neste ano em operações especiais na fronteira para coibir o tráfico. Pelo menos um deles estaria envolvido no assassinato do investigador Wescley Dias Vasconcelos, 37 anos, executado a tiros em Ponta Porã, no início de março.
Há pelo menos uma semana que diretores da Agência Estadual de Administração Penitenciária (Agepen) descobriram que os líderes mudaram a rotina habitual do raio II da Penitenciária Estadual de Dourados, onde estavam encarcerados e ficam, geralmente, detentos identificados como integrantes da quadrilha. Celulares foram descobertos e ramificações dos ‘torres’ em Três Lagoas começaram a vir à tona: ordens de assaltos e encomendas.
A Pasta investiga se os quatro jovens mortos em tiroteio com a PM no último dia 12, no entorno do presídio de Três Lagoas, seja em decorrência de ordens do grupo. Na ocasião, os acusados jogavam armas e drogas para a área interna quando foram surpreendidos pelos policiais e reagiram a tiros à abordagem.
Foi a motivação final para a transferência dos líderes para o Presídio de Segurança Máxima, na região leste da Capítal, onde o controle é maior. Restava saber como proceder na transferência sem maiores percalços.
Uma operação pente-fino na PED foi acertada para recolha de celulares e imobilização do sexteto durante o banho de sol sem problemas. O trabalho foi mantido em sigilo pela Sejusp para evitar justamente crises e envolveu o Batalhão de Choque, tropa de elite da PM. Deu certo. Em reuniões internas, as autoridades da segurança do Estado aprovaram o desempenho, já que as rebeliões se concentraram em quatro cidades e o ‘salve’, ordens dadas pela facção aos integrantes, não se propagou, evitando agentes ou policiais feridos e não houveram reféns
Entre os crimes registrados, apenas um preso que teve os dedos decepados em Três Lagoas. Um acerto de contas antigo, sem ligação exclusiva com o fato desta tarde, mas sim um álibi que acabou sendo usado para a barbárie.
Até a publicação desta matéria, a chegada e isolamento dos líderes na Máxima foi realizada sem transtornos. Equipes de aegntes penitenciários seguem em alerta e a Polícia Militar permaneceria no presídio para evitar novos motins.
O CASO
Operação pente-fino realizada no Penitenciária Estadual de Dourados (PED) desencadeou princípio de rebelião de presos nos presídios de Campo Grande, Três Lagoas e Dois Irmãos do Buriti. Os detentos se recusaram a voltar para as celas depois do banho de sol e danificaram algumas celas.
De acordo com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), ação conjunta foi realizada entre o órgão e o Batalhão de Choque da Polícia Militar na PED, em Dourados. Durante a operação, alguns internos tentaram impedir o acesso dos policiais para impedir que as vistorias fossem feitas pelos agentes penitenciários, ocasionando o princípio de tumulto.
A operação teve repercussão em outros presídios do Estado. Na Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande e na Penitenciária de Três Lagoas a manifestação ocasionou danos em algumas celas, como barras das grades quebradas, e um detento do interior machucou a mão, sendo socorrido. Em Dois Irmãos do Buriti houve apenas motim, sem danos ou feridos.
Conforme a Agepen, todos os tumultos foram controlados pelas direções dos estabelecimentos penais e agentes penitenciários, sem necessidade de intervenção da Polícia Militar em nenhuma unidade.
Na operação pente-fino realizada em Dourados foram apreendidos celulares, sete carregadores, quatro fones de ouvido, dois chips, 89 armas artesanais, 40 barras de ferro e 12 canos de ferro que foram retirados das próprias celas, além de 136 gramas de maconha e 164 gramas de cocaína.
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