Quase 30% do desmatamento de todas as terras indígenas na Amazônia entre 2018 e 2019 ocorreram na comunidade paraense Ituna-Itatá
Desde o empossamento do presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, a Funai e, consequentemente, o povo indígena brasileiro têm sido alvo de uma campanha completamente criminosa e genocida. O órgão citado, por exemplo, sofreu um desmonte generalizado por parte do governo. Para citar o mínimo, tomou posse como presidente da instituição o policial federal Marcelo Augusto Xavier da Silva, completamente inapto para o cargo.
Consequência deste desmantelamento total, a terra indígena paraense Ituna-Itatá sofreu um processo de intenso deflorestamento: quase 30% do desmatamento de todas as terras indígenas na Amazônia entre 2018 e 2019 ocorreram lá. Apesar de ser um território federal interditado, nada impede o ímpeto violento dos ruralistas e grandes proprietários de terra, somente preocupados com a intensificação da produção agrícola e a acumulação de capital.
Segundo o Ministério Público, deveria ser uma área livre de fazendeiros. Entretanto, encontra-se em 94% do território demarcado verdadeiros complexos agrícolas, o que demonstra, novamente, a ineficiente política de fiscalização por parte das entidades competentes. Vale lembrar que esse controle desleixado não é apenas uma questão de incompetência, mas sim um processo contínuo de precarização dos órgão responsáveis por parte da burguesia. É uma estratégia clássica da direita: primeiro precarizam as instituições públicas para depois avançar com suas pautas de privatização.
Em dezembro de 2019, Bolsonaro assinou a MP 910. Esta medida tem como principal objetivo proteger e auxiliar os latifundiários, regularizando a grilagem de terras invadidas por este setor. Tendo sido adiada por vários meses, provavelmente será votada hoje (12), aproveitando a total falta de preparo e organização da oposição, que usa como pretexto único a crise do coronavírus. Prova disso é a política adotada pela esquerda pequeno-burguesa à luz deste assunto, que se movimenta por meio de abaixo-assinados e manifestações virtuais, formas de protesto completamente ineficientes. Como exemplo, vale citar uma frase presente no manifesto contra a MP 910 da WWF Brasil:
Confiamos nas palavras do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e no presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre, que se comprometeram em não pautar projetos que representem retrocessos ambientais.
Ou seja, enquanto a direita avança com seus projetos de extermínio da população, nesse caso, indígena; a esquerda escolhe fazer frente ampla com o chamado “centrão”, tornando-se parte desse. Enquanto o governo reforça cada vez mais uma postura colonial direcionada a essas populações, a esquerda parlamentar demonstra sua revolta por meios extremamente ineficientes e pelegos.
Até quando veremos um completo estarrecimento e desmobilização por parte desse setor? Quanto mais tempo passa, mais são as vítimas feitas pelo governo golpista e seus aliados da bancada ruralista. Culpa-se muito o Bolsonaro, que sem dúvida alguma é extremamente responsável por esse tipo de política e principal expoente da campanha de morte às comunidades indígenas. Entretanto, devemos nos perguntar: até que ponto estas mortes não estão também nas mãos dos dirigentes desses partidos e instituições que nada de real fazem para solucionar o problema?
FONTE: DIARIO CAUSA OPERARIA