Experiência, capacitação e equipamentos ajudam agentes a descobrir truques usados na tentativa de enganar a fiscalização.
A alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, é responsável pela maioria das apreensões feitas em todo o Paraná e Santa Catarina, área da 9ª Região Fiscal.
No primeiro trimestre deste ano, as apreensões nos dois estados atingiram a cifra R$ 171,9 milhões. Quando se analisa os números apenas da fronteira do Paraná com o Paraguai, são R$ 81,8 milhões.
Dados do órgão fiscalizador mostram que o Paraná se configura como a porta de entrada da rota do contrabando do país.
Nas fiscalizações feitas em vários pontos ao longo de 200 quilômetros entre Foz do Iguaçu e Guaíra, foram descobertas diferentes estratégias de contrabandistas que, frustadas, representaram quase a metade das apreensões dos dois estados.
A rota
Depois de passarem pela Ponte Internacional da Amizade – na fronteira com Ciudad del Este, no Paraguai – e pelo Lago de Itaipu, os produtos contrabandeados seguem por rodovias como a BR-277, a BR-163 e a BR-369 para outras regiões do país, em especial São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
No topo da lista de apreensões estão desde mercadorias proibidas, como medicamentos e cigarros, até mais valiosas e em grande quantidade, como eletrônicos em geral e smartphones.
Brinquedos, por exemplo, são usados para esconder medicamentos e anabolizantes. Mas, os fundos falsos em veículos são os esconderijos mais flagrados pelos agentes da Receita Federal (RF) que atuam em Foz do Iguaçu.
“Os fundos falsos sempre existiram. O que percebemos agora é uma sofisticação e esconderijos preparados em veículos de alto valor para receber mercadorias também mais caras”, conta o integrante da equipe de repressão aduaneira da RF na fronteira Paulo Kawashita.
“Percebemos que há quadrilhas especializadas em prestar este tipo de serviço para contrabandistas e traficantes de drogas e armas, montando os fundos falsos por encomenda”, destaca. A sensação do momento, indica, são os telefones celulares de última geração.
Entre o fim de abril e o início de maio, foram ao menos dez apreensões deste tipo quase todas feitas na aduana da Ponte da Amizade.
Em um dos casos flagrados no fim de 2017, o motor de um carro chegou a ser retirado para dar espaço a equipamentos eletrônicos e baterias de telefones celulares. Durante a vistoria, o motor foi localizado pelos agentes embaixo dos bancos dianteiros.
Experiência e tecnologia
Os treinamentos e a experiência da rotina de fiscalização ajudam os servidores a identificar possíveis irregularidades.
“O dia a dia da profissão nos dá este conhecimento necessário para fazer as apreensões. Treinamentos constantes e a troca de experiência com outros órgãos como as policiais Militar, Federal e Rodoviária também”, diz o auditor.
Além de algumas características como tipo e alterações nos veículos usados para o transporte das mercadorias, a entrevista com os suspeitos muitas vezes reforça que há algo errado.
Escâneres de bagagem e de veículos e cães farejadores também auxiliam na tarefa de encontrar os produtos escondidos e também entorpecentes.
G1