É impossível dissociar, qualquer que seja o ângulo escolhido, a figura de Fabrício Queiroz de Jair Bolsonaro. Até porque, como já admitido por ambos, trata-se de uma relação de extrema fidelidade, e de décadas.
Apenas um dos fatos conhecidos, um suposto empréstimo, totalmente na confiança, sem documento algum, no fio do bigode, como se dizia antigamente, de 40 mil reais do presidente para o carecone (a razão alegada para o cheque de 24 mil reais do presidiário, depositado na conta da primeira-dama) demonstra a proximidade e intimidade dos “brodinhos”.
Além do mais, foi o Bolso pai que introduziu o parça Queiroz na vida do Bolso filho. E Flávio, ao que tudo indica, não só abrigou o primeiro-amigo, a pedido do papis, como o transformou numa espécie de homem-da-mala da família.
Queiroz é ligado a milicianos e a assassinos de aluguel. Ele próprio admitiu ter atividades informais como compra e venda de carros, imóveis e até de objetos pessoais e eletrodomésticos. Tudo para “comprovar” a origem dos milhões que circularam em sua conta, e que parte acabou sendo usada para bancar as despesas pessoais do hoje senador e sua família.
Queiroz também confessou operar um esquema de rachadinha durante o período em que era assessor parlamentar do bolsokid, na Alerj. Porém afirmou que cometia tal crime sem o conhecimento de Flávio. Vai ver, também, pagava o plano de saúde e a escola das filhas, do então deputado, sem o conhecimento dele.
Mesmo sabedores dos crimes confessados pelo amigo de fé, irmão camarada, Flávio e Jair Bolsonaro não se furtaram em tecer elogios ao nefando, tampouco em sair em defesa do agora hóspede de Bangu 8: “Homem honesto, trabalhador, não é procurado, não estava foragido, se encontrava em Atibaia por ser perto de São Paulo, onde trata de câncer…”, foram algumas das palavras desferidas pela dupla em benefício do Zé Rachid.
PC Farias era o operador das falcatruas de Fernando Collor e foi o estopim que culminou na implosão de seu governo. Morto em Alagoas, anos depois, em uma morte suspeitíssima, o entorno do careca de Collor lembra muito o do careca de Bolsonaro. Aliás, a trajetória do próprio Collor guarda extrema semelhança com a do atual presidente, nos gestos, na agressividade, nas rinhas, no isolamento e, por que não?, no caminho que o levou (e poderá levar Bolsonaro) ao impeachment.
Os dias vindouros também dirão se Queiroz acabará tendo o mesmo destino de PC Farias. Pelo que sabemos até agora, motivos e más companhias é que não faltam.
FONTE: ISTO É