Violência contra a mulher vem aumentando exponencialmente com o aprofundamento da crise.
Em meio à pandemia do coronavírus, que tem atingido a classe trabalhadora e a população do mundo todo com a doença, e a crise capitalista agravada pelo vírus, a principal alternativa adotada pela burguesia tem sido a de impor o isolamento social descompanhado de outras medidas de prevenção e combate à doença e à crise. Além de não solucionar os problemas do coronavírus, o tipo de isolamento que está sendo adotado, sem acompanhamento em qualquer área, tem, pelo contrário, agravado outros problemas. Um que tem se destacado é a violência domestica, que aumentou drasticamente desde o inicio das medidas de quarentena. Só em São Paulo, houve aumento de 44,9% no atendimento de mulheres vítimas de violência, e o assassinato de mulheres subiu 46,2%.
A mulher, como um dos setores mais explorados da sociedade, já sofre normalmente com mazelas causadas pelo capitalismo, dentre elas a violência. Diante do acentuamento da crise capitalista com o coronavírus, também são um dos setores que mais vão ser atingidos: recai sobre as mulheres os menores salários, as perdas mais significativas nos direitos trabalhistas, o desemprego, o cuidado com os filhos que tiveram as aulas suspensas, o cuidado com a casa, alimentação etc. A violência domestica é uma das faces mais preocupantes dessa exploração.
É bastante evidente que dificilmente a solução para isto venha da burguesia que controla o Estado, que é a mesma que cria as condições de degradação da mulher. A criação de leis, a intensificação da repressão, e outras alternativas institucionais, apresentadas principalmente pela esquerda pequeno-burguesa, são medidas que estão sob o controle daqueles que oprimem a mulher, logo não serão soluções, mas sim demagogia com as reivindicações das mulheres.
Tanto é a realidade que mesmo depois da implementação da lei Lei nº 11.340, conhecida como Maria da Penha, que intensifica a repressão contra os agressores, os números da violência contra a mulher só tem aumentado, e no final das contas a lei só tem servido para encarcerar a classe trabalhadora, como é de praxe no sistema penal que serve à burguesia. É possível observar ainda que as mulheres estão individualmente buscando alternativas para se defenderem das agressões, em 2018, na cidade de Campinas a procura por aulas de autodefesa em academias subiram 130%, mostrando que as mulheres já entenderam que a solução não virá das instituições burguesas.
O problema, no entanto, é que se trata de uma alternativa individual, e não de uma coletividade de mulheres, que em sua maioria não podem pagar por aulas de autodefesa, além de sozinhas serem muito mais vulneráveis socialmente. Para que surta efeito, a autodefesa das mulheres deve ser acessível às trabalhadoras e coletiva, assim como tem acontecido com a organização da classe trabalhadora em conselhos para enfrentar a crise do coronavírus. Na Índia, algo parecido pode ser visto com a Gulabi Gang, grupo que já conta com mais de 200 mil mulheres que intervêm em casos de violência contra a mulheres inclusive revidando as agressões. Embora a autodefesa seja uma forma de proteger os grupos mais explorados, é preciso ter em mente que o que causa a violência sofrida por estes grupos é a exploração dos capitalistas, logo a unica forma de pôr fim a isto é lutando contra os capitalistas junto com os trabalhadores por um governo operário que pode verdadeiramente atender às reivindicações das mulheres.