A amamentação traz inúmeros benefícios a curto prazo, já que as vitaminas, minerais, açúcares e anticorpos da mãe são essenciais para proteger o bebê contra doenças. Isso sem contar que estimula os laços afetivos entre ambos. É por isso que a Organização Mundial da Saúde recomenda o aleitamento exclusivo nos primeiros seis meses de vida e complementar até os dois anos (ou mais).
O que não se sabia é que a amamentação também apresenta diversas vantagens às crianças a longo prazo: um estudo brasileiro analisou a associação entre bebês que mamavam no peito, QI, anos de escolaridade e renda aos 30 anos de idade. E descobriu que os pequenos amamentados são mais inteligentes e têm melhores chances de sucesso na vida.
Bebês que mamam no peito tem QI maior
Pesquisadores da Universidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul, fizeram um estudo durante 30 anos para desvendar a influência da amamentação ao longo da vida adulta de um indivíduo. Chegaram à conclusão que aqueles que mamaram no peito por mais tempo estudaram mais, se tornaram mais inteligentes e com rendas melhores.
O estudo acompanhou cerca de 3,5 mil bebês de diversas classes sociais e mostrou que aqueles amamentados por um ano ou mais apresentaram um QI elevado: quatro pontos acima da média na comparação com os pequenos que mamaram pouco no seio da mãe.
Salários mais altos
Além disso, a pesquisa concluiu que a amamentação permite que um indivíduo atinja ao máximo suas potencialidades. Inclusive sucesso financeiro. Os bebês que tiveram aleitamento materno ganharam, em média, salários 20% maiores do que aqueles que só foram amamentados por um curto período de tempo.
“A amamentação está associada a um melhor desempenho nos testes de inteligência 30 anos depois, e pode ter um efeito importante na vida real, aumentando o nível educacional e a renda na vida adulta”, disseram os pesquisadores.
Amamentação no Brasil
O estudo mostrou que um bebê que mama por mais tempo no peito ganha benefícios na vida adulta. Isso, no entanto, não significa dizer que aqueles que por qualquer motivo não puderam ser amamentados serão prejudicados. De acordo com a pesquisa, esse é apenas mais um fator que influencia no desenvolvimento humano, mas não é o único e tampouco limitante.
É sabido que no Brasil a amamentação exclusiva até os seis meses e a amamentação complementar até os dois anos, como recomenda todas as organizações de saúde, nacionais e internacionais, é um desafio enorme. O peso da indústria alimentícia somado ao um cenário de assistência de saúde precário e desinformado e a licença-maternidade tão curta faz com que muitas mulheres interrompam a amamentação antes deste tempo indicado – e antes de quererem. Essa mulheres não são culpadas – e nem devem se sentir assim. A pesquisa aponta os benefícios da prática, mas não diz sobre nenhum tipo de prejuízo ou malefício em outros cenários.