A queda no número de casos de Covid-19 veio acompanhada de maior flexibilização em relação às medidas de restrição social. Entretanto, ainda são vistos e esperados quadros caracterizados por sintomas respiratórios e mesmo com evolução para síndrome respiratória aguda grave (SRAG).
Nesse novo cenário epidemiológico, é importante estar atento a outras possibilidades de vírus respiratórios que não o SARS-CoV-2.
Influenza
O vírus Influenza é considerado epidêmico, com número de infecções aumentando principalmente nos meses de inverno. Por sua característica mutagênica capacidade de infectar humanos e animais e ser de fácil transmissão, tem um potencial pandêmico.
O quadro clínico pode variar de casos oligossintomáticos a sintomas graves, com necessidade de internação e possível evolução para óbito. Para os sintomáticos, geralmente há predomínio de sintomas sistêmicos – como febre, mialgia, astenia e anorexia – que duram uma média de três dias. Sintomas respiratórios – como tosse seca, dor de garganta e obstrução e congestão nasal – também configuram a apresentação clássica, mas podem estar ausentes em indivíduos mais velhos.
Diferente do observado com Covid-19, pneumonia bacteriana secundária é uma complicação frequente. Além dos agentes etiológicos usuais, infecção por Staphylococcus aureus é um achado classicamente descrito em pneumonias pós-Influenza. Complicações extrapulmonares também são possíveis, destacando-se a associação com eventos cardíacos, como miosite, pericardite e infarto do miocárdio.
A vacinação é uma das formas de prevenção, atuando principalmente na redução de hospitalizações e mortes. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza a vacina trivalente anualmente para grupos prioritários considerados de risco, como idosos, profissionais de saúde, indígenas e gestantes.
Vírus sincicial respiratório
O vírus sincicial respiratório (RSV) é outra causa frequente de infecções respiratórias, sendo a principal causa de bronquiolite em crianças. Como a imunidade contra o vírus não é duradoura, infecções repetidas ao longo da vida são possíveis.
Em adultos, a doença costuma ser branda, mas pode ser mais grave em idosos frágeis, indivíduos com doenças cardiopulmonares – especialmente os com DPOC e insuficiência cardíaca – e imunossuprimidos graves. Nessa população, o quadro é muito semelhante ao da infecção por Influenza.
Além de cuidados gerais, como higiene das mãos, uso de álcool gel e aleitamento materno, uma forma de prevenção é o anticorpo monoclonal palivizumabe. No Brasil, o SUS disponibiliza palivizumabe para crianças consideradas de alto risco: prematuros até 28 semanas e seis dias de idade gestacional, menores de um ano e os menores de dois anos de idade com cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica ou doença pulmonar crônica da prematuridade.
Adenovírus
Os adenovírus também são agentes frequentes de doenças do trato respiratório, podendo acometer as vias aéreas superiores ou inferiores. Mais frequentemente, a infecção do trato respiratório superior cursa com faringite ou traqueíte leves, acompanhadas de coriza. Sintomas sistêmicos, como febre, mialgia, cefaleia, astenia e dor abdominal, são comuns. Em crianças, podem estar associados ao desenvolvimento de pneumonia.
Os adenovírus também estão associados a outras manifestações, como otite média, febre faringoconjuntival, gastroenterite e cistite hemorrágica aguda. Embora mais raras, meningoencefalite e miocardite também já foram descritos como manifestações ou complicações de infecção por esses vírus.
Rinovírus, coronavírus e outros vírus respiratórios
Rinovírus são uma causa frequente de quadros de resfriado comum, podendo estar associados a exacerbações de asma e bronquiolite em crianças. Já os coronavírus endêmicos são responsáveis por cerca de 15% dos casos de resfriados comuns. Os quadros geralmente são benignos e autolimitados.
Fonte: Portal PEBMED