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Quais os sintomas da dengue e como diferenciá-la da variante ômicron da covid-19

Febre, dores de cabeça e corporais, cansaço e mal-estar. Nos últimos dois anos, esses sintomas têm sido logo associados com a suspeita de ter contraído covid-19.

Mas a passagem do verão com a chegada da época de chuvas no Brasil leva todos os anos a uma explosão de casos de uma doença com esses mesmos sintomas: a dengue. Sem falar na epidemia de gripe que tem atingido diversas cidades brasileiras.

Diante dessa aparente confusão com os sintomas, que têm levado muita gente a ter dúvidas sobre que tipo de doença contraiu, há tantas semelhanças assim entre dengue e as variantes da covid? Ou sintomas, prevenção, tratamento e frequência de casos são bastante diferentes?

Em resumo, mesmo que ambas sejam causadas por vírus, são doenças com diferenças claras em grande parte dos sintomas, na forma de transmissão e em como devemos lidar com elas nos próximos meses e anos. Mas as estatísticas de ambas as doenças são graves e preocupantes hoje no Brasil.

De um lado, a Organização Pan-Americana da Saúde (braço da Organização Mundial da Saúde), afirma que quase 500 milhões de pessoas nas Américas correm o risco de contrair dengue por meio do mosquito Aedes aegypti.

E especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontaram em 24/01 um agravamento da situação da doença em Estados da região Sul, além de São Paulo, Goiás, Tocantins, Distrito Federal, Bahia, e Ceará. Um site da Fiocruz monitora o avanço da doença, o InfoDengue. Ao todo, 241 pessoas morreram em decorrência da dengue em 2021.

De outro, numa escala de grandeza muito maior, o espalhamento da variante ômicron do coronavírus tem levado a sucessivos recordes de infecções ao redor do Brasil. Isso se reflete também em internações hospitalares.

Segundo a Fiocruz, 25 Estados têm pelo menos uma região com hospitalizações por covid (suspeita ou confirmada) em nível muito ou extremamente alto. Na última semana de janeiro de 2022, eram registradas 307 mortes por covid por dia, em média. Essa taxa mais do que dobrou em apenas duas semanas.

Pessoas com máscaras em Belo Horizonte (16 de janeiro de 2022)

CRÉDITO,REUTERS. Brasil está passando por explosão de casos de ômicron

Para além dos números, a BBC News Brasil explica abaixo como é possível entender as principais diferenças entre as doenças em relação a sintomas, a prevenção e o tratamento, os diferentes tipos e variantes e se a situação é de pandemia ou endemia.

Sintomas: podem ser parecidos à primeira vista, mas são bem diferentes

Quando pessoas leigas, sem conhecimento especializado, analisam a lista de sintomas da dengue e da covid-19, podem achar que as duas condições são parecidas porque ambas têm entre os possíveis sintomas febre, dores de cabeça e no resto do corpo, cansaço e mal-estar. Mas não é bem assim.

Mulher doente

CRÉDITO,GETTY IMAGES. Febre, dores de cabeça e no resto do corpo, cansaço e mal-estar são sintomas tanto de covid quanto de dengue

A começar pelo sintoma da febre alta, sintoma clássico que aparece abruptamente como primeiro sintoma no começo da infecção por dengue. No caso da covid-19, esse sinal não necessariamente é o primeiro e em muitos casos pode nem aparecer.

Os sintomas respiratórios, bastante comuns na covid-19, são raros “na dengue, que não costuma causar sintomas respiratórios como coriza (nariz escorrendo), obstrução nasal (nariz entupido) ou tosse”, explica a médica infectologista Melissa Falcão, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Aliás, no contexto atual, com diversas epidemias ao mesmo tempo no país, a especialista ressalta que no caso de sintomas respiratórios os profissionais de saúde responsáveis pelo paciente “devem fazer sempre o diagnóstico diferencial entre o covid-19 e a gripe causada pelo vírus da Influenza A H3N2, o que só pode ser feito com segurança através de exames laboratoriais específicos”.

Profissionais de saúde e autoridades têm reforçado a importância de se identificar essas doenças o mais rápido possível, o que pode reduzir o número de internações e mortes.

Pensando nisso, um grupo de pesquisadores franceses elaborou um modelo matemático para ajudar médicos a diferenciar a covid-19 da dengue e de outras doenças febris com mais agilidade e precisão.

Entenda os principais sintomas de cada uma delas.

1. Dengue

Esta é uma infecção viral transmitida principalmente por meio da picada de um mosquito fêmea infectado por um flavivírus, geralmente o Aedes aegypti (também responsável pela transmissão do vírus chikungunya, febre amarela e Zika). Há quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3, DENV-4), cada um com interações diferentes com os anticorpos humanos. Ou seja, as pessoas têm quatro possibilidades de serem infectadas.

A doença costuma durar de quatro a dez dias, mas o impacto da doença pode durar semanas. Pode ser não grave (com ou sem sinais de alarme) ou grave, e o diagnóstico pode ser feito por exame clínico e confirmado por exame de sangue.

  • Dengue não grave sem sinal de alarme: presença de sintomas comuns como enjoo, febre, vermelhidão no corpo, vômito, dores de cabeça, nos músculos, articulações e ao redor dos olhos.
  • Dengue não grave com sinais de alarme: é a fase após a febre cessar para dar início a um ou mais sintomas considerados de alarme, como vômitos persistentes, sangramentos, acúmulo de líquidos nas cavidades do corpo, a exemplo do pulmão e coração, tonturas, aumento do fígado e da concentração do sangue.
  • Dengue grave: Presença de uma ou mais manifestações, pode apresentar choque (palidez e prostração, sudorese e queda da pressão arterial), dificuldade para respirar em decorrência do extravasamento plasmático (saída de líquido dos vasos sanguíneos), comprometimento grave dos órgãos, como rins, fígado, cérebro e coração, sangramentos importantes, entre outros.

“O período de extravasamento plasmático e choque leva de 24 a 48 horas, é de rápida instalação e curta duração, podendo levar ao óbito, se não tratado adequadamente, em um intervalo de 12 a 24 horas”, explica Falcão.

Por fim, ela explica que a expressão “dengue hemorrágica”, que se popularizou, deixou de ser usado por causa da “falta de precisão na identificação dos casos graves na classificação anterior, deixando passar despercebidos muitos casos graves pois seu próprio nome sugeria que para ser grave tinha que ter hemorragia, o que não é verdade”.

2. Covid-19

Em todas as variáveis, a infecção pelo coronavírus Sars-CoV-2 pode se dar sem ou com sintomas, que vêm alterando bastante a depender da variante ligada à infecção. A covid-19, doença causada por esse vírus, pode se apresentar em três formas: leve, moderada ou grave. O diagnóstico pode ser feito por exame clínico e por testes de laboratório em amostras colhidas no nariz, principalmente.

Os sintomas mais comuns (quando se fala da “versão” do vírus logo no início da pandemia, em 2020) eram tosse seca, febre, cansaço e perda de olfato e de paladar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) listava também sintomas menos comuns (dor de cabeça, garganta, diarreia, olhos vermelhos e irritados, e erupções na pele) e sintomas graves (falta de ar, perda de mobilidade e fala, dor no peito e confusão mental).

Mulher tossindo

CRÉDITO,GETTY IMAGES. Desde o começo da pandemia, tosse seca tem sido um dos sintomas mais comuns de quem tem covid

Mas ao longo do tempo, surgiram cinco variantes de preocupação do coronavírus: alfa, beta, gama, delta e ômicron. Os principais sintomas da variante delta, por exemplo, são parecidos com os da alfa, como tosse, dor de cabeça, dor de garganta, obstrução nasal, coriza, dor abdominal e manifestações na pele.

No caso da variante ômicron, a mais contagiosa delas, os sinais mais comuns identificados por pesquisadores são: dor de garganta, fadiga, nariz escorrendo, espirros e dor de cabeça e em outras partes do corpo — perda de olfato e paladar se tornou bem mais incomum. Tosse contínua e súbita, falta de ar e febre alta ainda são sintomas significativos, além de diarreia e calafrios.

O agravamento dos sintomas da covid-19 não costuma ser tão acelerado como é no caso da dengue, mas mesmo a ômicron, considerada menos grave que outras variantes da covid-19, ainda pode matar. Vale lembrar que na última semana de janeiro de 2022 morriam cerca de 300 pessoas por dia da doença, mais do que a dengue matou no ano inteiro de 2021.

Além disso, importante ressaltar que esses sintomas são os mais comuns, segundo levantamentos e estudos de especialistas ao redor do mundo, mas não quer dizer que sejam os únicos. Há dezenas de sinais associados à doença (como lesões na pele, queda de cabelo, confusão mental e ansiedade), tanto no momento da infecção quanto depois, na condição conhecida como covid longa (que afeta milhões de pacientes ao redor do mundo por semanas, meses ou até anos).

Prevenção e transmissão: mosquito x aerossóis

Um ponto em comum entre a dengue e a covid-19 é que ambas as condições são preveníveis, e a população pode contribuir com a redução do espalhamento dessas doenças.

Na covid-19, a prevenção pode ser feita por meio do uso de máscaras faciais adequadas (como a FFP2/N95), distanciamento social, evitar lugares fechados sem ventilação e higiene das mãos e superfície. Essas medidas são efetivas porque a principal forma de transmissão da doença é por meio de aerossóis (partículas menores que gotículas que podem permanecer no ar por muito mais tempo) com o coronavírus. Em geral, o Sars-Cov-2 se multiplica dentro do nariz e em outras partes do sistema respiratório humano e, por meio de tosse, espirros e mesmo da fala se espalham para outras pessoas.

No caso da dengue, esse combate com ajuda da população se dá com ações para reduzir focos de proliferação do Aedes, como vasos, caixas d’água e pneus abandonados com água parada.

Em geral, o aumento da incidência de dengue está ligado a temperaturas altas, chuvas típicas do verão e ambientes urbanos porque essas condições contribuem para a proliferação dos mosquitos. Mas a prevenção pode ocorrer ao longo do ano inteiro, já que os ovos dependem de pouca quantidade de água e podem sobreviver por 450 dias.

Falcão explica que são quatro o número de etapas até se formar o mosquito. Começa como ovo, se torna larva, pupa e forma adulta. “Em condições ambientais favoráveis, as fases de ovo à forma adulta podem ocorrer de 7 a 10 dias. A eliminação de criadouros deve ser realizada, portanto, pelo menos uma vez por semana para que o ciclo de vida do mosquito seja interrompido”.

Fatores socioeconômicos também estão associados à transmissão da dengue por causa das estruturas das casas do acesso à água potável e de armazenamento de água confiável (que devem ser cobertos, esvaziados e limpos toda semana). Um estudo recente de pesquisadores de Minas Gerais usou algoritmos para detectar pontos vulneráveis por meio de imagens aéreas e apontou, por exemplo, que bairros mais pobres de Belo Horizonte possuem mais caixas d’água expostas, mas bairros mais ricos também estão vulneráveis com piscinas expostas. Pesquisas do tipo podem otimizar o combate ao vírus nas cidades brasileiras.

Denise Valle, pesquisadora do Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus, afirmou recentemente em publicação da Fiocruz que a descoberta de larvas e ovos indica que certamente haverá outros criadouros nas redondezas, o que torna o combate trabalhoso e complicado, mas lembrou “é muito mais fácil você combater uma larva que está confinada em um espaço do que um mosquito que está voando”.

Uma forma de controle que tem mostrado resultados bastante promissores é o método Wolbachia que visa a reprodução do Aedes aegypti infectado com uma bactéria (Wolbachia) que não pode ser transmitida para seres humanos e não causa danos ao inseto. Aos poucos surge uma nova população de mosquitos incapazes de transmitir dengue, Zika, chikungunya e febre amarela.

Segundo um estudo publicado na prestigiosa revista científica The New England Journal of Medicine, esse método conseguiu reduzir em 77% os casos de dengue numa cidade da Indonésia e ampliou as esperanças para conter a doença que infectou mais de 1 milhão de pessoas no Brasil em 2020.

No Brasil, dados publicados em estudo realizado em Niterói/RJ indicam redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de Zika em áreas onde foram liberados Aedes aegypti com Wolbachia. A perspectiva é que em alguns anos esse método possa ser adotado em escalas maiores no país.

Vacina

CRÉDITO,PA MEDIA. Vacinas têm se mostrado a forma mais eficaz de combater a covid-19

E as vacinas? Bem, tanto os imunizantes criados contra a covid-19 quanto contra a dengue têm como objetivo principal que as pessoas desenvolvam a forma grave das doenças, e não que se evite a infecção ou transmissão.

Além disso, as vacinas contra covid-19 demonstraram raríssimos casos adversos e podem ser administradas em crianças, adolescentes, adultos, idosos, grávidas, entre outros grupos sociais. Mas os imunizantes contra a dengue só podem ser adotados em casos bastante específicos, não estão disponíveis na rede pública de saúde do Brasil e tem efeitos adversos possíveis que demandam atenção.

A Dengvaxia, do laboratório Sanofi-Pasteur, é a única vacina contra a dengue liberada pela ANVISA e só é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos. São 3 doses administradas com intervalos de 6 meses entre as doses. Segundo o fabricante, a OMS e a Anvisa, ela só deve ser usada em pacientes que já foram infectados antes.

“O imunizante pode provocar ADE (antibody-dependent-ehnancement) que é uma amplificação da doença causada por anticorpos, por isso quem nunca foi exposto a dengue, se vacinado tem maior risco de desenvolver uma forma grave quando infectado pelo vírus”, explica Falcão. É por isso que a obrigatoriedade de comprovação de infecção prévia é necessária para a aplicação da vacina, que acaba tendo baixa aceitação, entre outros motivos, porque há o risco de gravidade e hospitalização em pacientes que não tiveram a infecção antes.

Tratamentos contra dengue e covid-19

Segundo o Ministério da Saúde brasileiro e a Organização Mundial da Saúde, o tratamento para a dengue não é específico para o vírus em si, mas para os sintomas. Ainda assim, quanto antes se diagnostica e se trata esses efeitos, menos a doença consegue progredir, reduzindo a taxa de mortalidade da dengue grave para menos de 1%.

Em geral, no caso da dengue clássica (não grave e sem sinais de alerta), os profissionais de saúde recomendam repouso, hidratação e acompanhamento médico. A depender do surgimento de novos sintomas, as pessoas devem procurar logo unidades de saúde. Os remédios disponíveis também são voltados para os sintomas, como febre e dor.

Mas a automedicação é muito perigosa, e alguns remédios (principalmente anti-inflamatórios não esteroides, como ibuprofeno) podem afinar o sangue, elevar o risco de sangramento e agravar muito o estado de saúde do paciente. Recomenda-se sempre procurar orientação de profissionais de saúde especializados.

No caso da covid-19, os cientistas descobriram ao longo da pandemia diversas formas de melhorar o tratamento dos pacientes infectados com a doença. Há atualmente abordagens tanto para os sintomas quanto para as consequências e o próprio vírus.

Mais especificamente, medicamentos anti-inflamatórios que podem ser usados para conter reações exageradas e potencialmente letais do nosso sistema imune enquanto ele combate o coronavírus, drogas antivirais que dificultam a replicação do coronavírus dentro do corpo e terapias de anticorpos que imitam nosso próprio sistema imunológico para atacar o vírus.

Novamente se recomenda que os pacientes não se automediquem e busquem orientação de profissionais de saúde em caso de sintomas. Nem todas essas medicações estão disponíveis no Brasil.

Covid vai se tornar uma endemia como a dengue?

A dengue é uma das diversas doenças consideradas endêmicas no Brasil. Esse termo significa a “presença constante e/ou prevalência habitual de uma doença ou agente infeccioso em uma população de uma área geográfica”, segundo definição do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos Estados Unidos.

Por isso, todos os anos ouvimos os alertas para evitar a transmissão da dengue ao “não deixe água parada” e nos acostumamos a conviver com o vírus. Nos anos 1950, o Brasil chegou a ser considerado livre do Aedes aegypti pela OMS (naquela época a preocupação era com a febre amarela transmitida pelo mosquito), mas ao longo do tempo o inseto migrou para o território brasileiro de outras regiões do continente americano e atualmente não se considera mais a possibilidade de erradicação dele.

“A dengue faz parte das chamadas doenças negligenciadas, que acometem países pobres, não havendo interesse dos países desenvolvidos em investir nestas doenças”, explica Falcão, consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia. Também estão nessa categoria, que são ignoradas também pela indústria farmacêutica em suas pesquisas, a doença de Chagas, a leishmaniose, a hanseníase, a malária, a esquistossomose e a tuberculose, por exemplo.

A existência de um vírus endêmico não deve ser confundida com a de uma epidemia ou pandemia, que é o caso atualmente da covid-19. Pandemia é uma epidemia (aumento de casos em uma determinada região que atinge um pico e depois diminui) que ocorre ao redor do mundo quase ao mesmo tempo.

Mas o avanço da vacinação contra a doença e a proporção menor de pacientes graves (em relação ao total de infectados) têm alimentado a seguinte questão: a covid-19 se tornará mais uma doença endêmica?

Primeiro, um diretor da OMS para o continente europeu, Hans Kluge, recomenda bastante cautela nesse debate. “Fala-se muito em endemia, mas endemia significa que é possível prever o que vai acontecer. Esse vírus nos surpreendeu mais de uma vez, então temos que ter muito cuidado.”

A líder técnica da covid-19 da OMS, Maria Van Kerkhove, admitiu que “o vírus está a caminho de se tornar endêmico”, mas lembrou que ainda estamos no meio dessa pandemia”, com diversos países (principalmente os mais pobres) sem acesso a vacina contra covid-19 ou com uma parcela significativa da população que não quis se vacinar e atualmente representa grande parte das pessoas que são internadas e morrem.

Além disso, como explicado no início da reportagem, a doença ainda tem lotado hospitais no Brasil e matado centenas de pessoas por dia (foram 487 registradas apenas em 25/01), mesmo com 70% da população vacinada. Nos EUA, onde 63% das pessoas estão imunizadas, a média diária de mortes chega a 2.200 pessoas no fim de janeiro de 2022.

Muitos dos infectados estão doentes pela segunda ou terceira vez. Segundo um estudo com milhares de voluntários na Inglaterra, por exemplo, quase 7 em cada 10 pessoas que contraíram a variante ômicron já tinham sido infectadas por outra variante do coronavírus. Mas somente novos estudos poderão confirmar esse patamar e detalhar quantas delas ficaram gravemente doentes sendo vacinadas ou não.

Por outro lado, com a grande maioria da população completamente vacinada, o que reduz enormemente os riscos de morte, os países começam a se preparar para o fim da pandemia (isso se não surgirem mutações que driblem completamente o imunizante, mas especialistas afirmam que essa possibilidade é muito baixa).

A Espanha, por exemplo, anunciou que passaria a tratar a covid como uma gripe, que costuma causar epidemias no inverno (entre outros motivos porque as pessoas acabam se aglomerando mais em lugares fechados). E o ministro da Educação do Reino Unido, Nadhim Zahawi, disse esperar que seu país “seja uma das primeiras grandes economias que mostre ao mundo como fazer a transição de uma pandemia para uma endemia”.

“Em breve estaremos em uma situação em que o vírus estará circulando, cuidaremos das pessoas em risco, mas aceitaremos que qualquer outra pessoa o pegue”, disse a virologista Elisabetta Groppelli, da Universidade de St. George de Londres, em entrevista recente à BBC.

Fonte: BBC News

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