O tabagismo é a principal causa evitável de morbidade e morte prematura. No Brasil, estima-se que ocorram 200 mil óbitos anuais relacionados ao tabaco. A educação médica é uma importante ferramenta no controle e prevenção do tabagismo. O início da vida universitária pode fazer-se em período de difícil adaptação, constituindo-se vulnerável ao início e à manutenção do uso de tabaco. Para tal, diversos estudos sugerem a criação de medidas antitabágicas, de modo que sejam direcionadas prioritariamente a essa população.
Nathalye Emanuelle Souza, Lyssa Caroline Monteiro Máximo Cartier, Cintia Dos Santos Lourenço, Pedro Marcos Magalhães Delgado; Fernando De Almeida Werneck.
Universidade Severino Sombra, Curso de Medicina
O tabagismo é a principal causa evitável de morbidade e morte prematura. No Brasil, estima-se que ocorram 200 mil óbitos anuais relacionados ao tabaco. A educação médica é uma importante ferramenta no controle e prevenção do tabagismo. O início da vida universitária pode fazer-se em período de difícil adaptação, constituindo-se vulnerável ao início e à manutenção do uso de tabaco. Para tal, diversos estudos sugerem a criação de medidas antitabágicas, de modo que sejam direcionadas prioritariamente a essa população. Objetivo: Quantificar a prevalência de tabagistas e as atitudes relacionadas ao tabagismo entre Estudantes de Medicina da Universidade Severino Sombra (USS), em Vassouras–RJ. Metodologia: O estudo transversal, realizado com 191 acadêmicos das turmas do 5º, 6º e 7º períodos letivos de Medicina da Universidade Severino Sombra (USS) do segundo semestre do ano de 2013. Questionários foram aplicados, após explanação da pesquisa, conteve perguntas sobre aspectos biológicos e demográficos, residência atual, tabagismo entre os pais, tabagismo passivo e definição de tabagismo. Resultados: 86 (45,02%) eram fumantes, fumantes casuais ou ex-fumantes, 8 (9,30%) ambos os pais eram tabagistas, 58 (67,44%) começaram a fumar por curiosidade, 45 (52,32%) tinham 16 a 18 anos quando experimentaram cigarro, 40 (46,51%) tinha por definição: tabagismo como doença, necessitando tratamento. Conclusão: a maioria dos universitários cria que o tabagismo é doença, ambos os pais eram fumantes e iniciaram o vício de 16 a 18 anos, idade esta que entraram na faculdade.
TABELA 1 – PREVALÊNCIA DE FUMO | ||||
Grupo | Frequência (%) | |||
Fumantes | 5,81 | |||
Fumantes Casuais | 18,60 | |||
Ex-Fumantes | 62,79 | |||
Não-Fumantes | 54,98 |
TABELA 2 – Estilo de Vida dos acadêmicos da Universidade Severino Sombra | ||
Variáveis | Frequência (%) | |
Fumo junto com o uso de bebidas alcoolicas | ||
Sempre | 10,46 | |
Às vezes, independente de estar perto de fumante | 10,46 | |
Às vezes, somente quando perto de fumante | 16,27 | |
Não sente necessidade | 61,62 | |
Atitude sobre o fumo entre universitários | ||
Permanece sempre no ambiente e fuma | 1,16 | |
Permanecem no ambiente e fumam às vezes | 25,58 | |
Permanecem no ambiente sem fumar | 38,37 | |
Retiram-se | 34,88 | |
Influência ao Vício | ||
Curiosidade | 67,44 | |
Amigos | 23,25 | |
Familiares | 3,48 | |
Ansiedade e/ou depressão | 4,65 | |
Não se aplica | 1,16 |
O tabagismo é a principal causa evitável de morbidade e morte prematura. No Brasil, estima-se que ocorram 200 mil óbitos anuais relacionados ao tabaco. A educação médica e de outros profissionais da saúde é uma importante ferramenta no controle e prevenção do tabagismo, mas tem sido subutilizada na maioria dos países, inclusive no Brasil. Há uma tendência mundial ao aumento da incidência do uso de cigarros entre a população de adolescentes e adultos jovens, principalmente entre os estudantes universitários. Estes são considerados de acentuada suscetibilidade ao envolvimento com o tabaco. Diante dessa realidade, inúmeros estudos sugerem que medidas antitabágicas devam ser direcionadas prioritariamente a esse grupo. A investigação em questão adquire relevância para a avaliação real do uso de tabaco em um grupo populacional jovem, formador de opinião, possibilitando o fornecimento de subsídios para futuras ações preventivas nessa população.
A suposição de que profissionais da área de saúde conhecem melhor os males e conseqüências do fumo para a saúde e, por isso, teriam valor instrumental em campanhas para controle desse hábito; a observação sobre o aumento da prevalência de tabagismo entre as mulheres e que estas constituem a grande maioria da população da área da saúde em praticamente todos os países do mundo, inclusive no Brasil; juntos, despertaram a motivação para o estudo em questão, visando entender se o hábito de fumar fora obtido por influências tais como: família, mídia, ou, se esse hábito era adquirido no período preparatório, durante os estudos de graduação.
Foi realizado estudo observacional transversal em população de acadêmicos da Universidade Severino Sombra (USS) em Vassouras-RJ, no ano de 2013. A pesquisa abordou universitários do 5º ao 7º período do Curso de Medicina. Para a coleta de dados foi utilizado questionário autoaplicável, desenvolvido para a pesquisa, contendo perguntas relativas ao perfil social dos universitários envolvendo a idade que experimentaram o primeiro cigarro, fatores que influenciaram a fumar, se os pais são tabagistas, necessidade de fumar junto com consumo de bebidas alcoólicas, atitude perante fumante passivo, definição de tabagismo, se já houveram tentativas para abandonar o vício, quantidade de cigarros fumados por dia, reação dos familiares perante o vício. Os questionários foram aplicados pelos pesquisadores nas salas de aula, após breve explicação da pesquisa e mediante assinatura no termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), sem identificação pessoal. Entre todos os estudantes de medicina dos 5º, 6º e 7º períodos foram convidados a participar voluntariamente; entre eles, 191 concordaram em participar efetivamente do trabalho. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina, da Universidade Severino Sombra (USS).
Entre os 191 universitários avaliados, 86 (45,02%) eram fumantes, englobando fumantes, fumantes casuais ou ex-fumantes. 5 (5,81%) são fumantes, 16 (18,60%) são fumantes casuais e 54 (62,79%) são ex-fumantes (Tabela 1). Desses 86 universitários, 16 (18,60%) tem pai tabagista, 8 (9,30%) a mãe era tabagista e 8 (9,30%) ambos os pais eram tabagistas. Em relação aos fatores que influenciaram ao vício, 58 (67,44%) começaram a fumar por curiosidade, 20 (23,25%) por influência de amigos, 3 (3,48%) por influência de familiares, 4 (4,65%) por ansiedade e/ou depressão e 1 (1,16%) a pergunta não se aplica.A idade em que os universitários pesquisados provaram o primeiro cigarro, 30 (34,88%) experimentaram com 15 anos ou menos, 45 (52,32%) tinham 16 a 18 anos, 11 (12,79%) de 19 a 21 anos e 0 (0%) com 22 anos ou mais. Sobre a necessidade de fumar, junto com o consumo de bebida alcoolica, 9 (10,46%) sente sempre necessidade, 9 (10,46%) sentem ,às vezes, independente de estar perto de algum fumante, 14 (16,27%) sentem, às vezes, mas somente quando acompanhado por fumante e 53 (61,62%) não sentem necessidade.
A atitude quando alguém fuma perto dos universitários, 1 (1,16%) permanece sempre no ambiente e fuma também, 22 (25,58%) permanecem no ambiente e fumam às vezes, 33 (38,37%) permanecem no ambiente sem fumar e 30 (34,88%) retiram-se. Sobre a definição do tabagismo, 40 (46,51%) tinham por definição: tabagismo como doença, necessitando tratamento como toda doença, 28 (32,55%) definem como uma escolha individual, 6 (6,97%) como um processo social e 12 (13,95%) nunca pensaram sobre uma definição para o tabagismo. Sobre o abandono do vício, 6 (6,97%) tentaram abandonar o vício sem sucesso, 36 (41,86%) abandonaram o fumo, 10 (11,62%) estão tentando abandonar o vício, 16 (18,60%) não estão tentando abandonar o vício e 18 (20,93%) já abandonaram (Tabela 2).
Em relação à quantidade de cigarros fumados diariamente, 22 (25,58%) fumam 10 cigarros ou menos, 6 (6,97%) de 10 a 20 cigarros, 0 (0%) de 20 a 30 cigarros, 0 (0%) 40 ou mais e 4 (4,65%) fumam nenhum. De acordo com os universitários, a reação da família assim que começaram a fumar foi, 1 (1,16%) indiferente, considerando um hábito normal, 6 (6,97%) ficaram temerosos, mas acabaram aceitando, 4 (4,65%) estão em processo de aceitação, 29 (33,72%) não aceitaram, 4 (4,65%) não sabem e 42 (48,83%) a pergunta não se aplica.
O presente estudo demonstrou que os a maioria dos estudantes tinham pai tabagista, nos levando a pensar a que ponto o tabagismo dos pais influenciam seus filhos, especialmente a figura paterna, atraindo a curiosidade dos jovens, dado que, 67,44% inciaram esse vício por curiosidade. Em relação à ingestão de bebidas álcoolicas, observou-se que não havia necessidade de fumar após a ingestão de bebidas álcoolicas na maioria dos universitários tabagistas (englobando os casuais e ex-fumantes). Esses resultados são diferentes do encontrado por Mangus et al<=”font-style: inherit; font-weight: inherit;”>2, que aborda a relação íntima entre álcool e tabagismo.O tabagismo foi observado em 45,02% dos estudantes. Estudos epidemiológicos relacionados ao estilo de vida e aos hábitos respeitantes ao tabagismo entre universitários têm aumentado atualmente, na tentativa de compreender as características de consumo e perfil dessa população< style=”font-style: inherit; font-weight: inherit;”>1.
Diversos estudos estão sendo realizados em todos o país, a fim de descrever a prevalência do tabagismo no meio universitário, especialmente nos Cursos envolvidos na área de Saúde< style=”font-style: inherit; font-weight: inherit;”>15. A pesquisa realizada difere das demais, pois aborda estudantes no 4, 5 e 6º períodos de Medicina, respectivamente no meio da faculdade, onde os mesmos já se adaptaram com os colegas, viverem sozinhos ou em repúblicas, à cidade universitária e à separação com os familiares.
As questões foram entregues aos acadêmicos visando avaliar as características de cada aluno, o tabagismo e as atitudes ligadas à ele.
Em relação ao tabagismo, foi anotada aumento na prevalência de fumantes (45,02%) na comparação com outros estudos< style=”font-style: inherit; font-weight: inherit;”>1,5, sendo considerada de extrema preocupação, levando à reelaboração de políticas públicas a âmbito nacional e estadual de combate ao tabagismo.
Constitui-se importante fator de confusão entre os estudos, a definição do tabagismo, sendo que as diversas definições para os fumantes prejudicam a comparação entre as avaliações. Os critérios são baseados na frequência, quantidade e duração do tabagismo. O presente estudo utilizou como critério a definição do consumo tabagístico do Centers for Diseases Control and Prevention e da Organização Mundial de Saúde<=”font-style: inherit; font-weight: inherit;”>16,4, que leva em consideração jovens que fumaram pelo menos um dia nos últimos 30 dias, incluindo desse modo, os fumantes casuais nessa classificação. Outra limitação refere-se ao número de tabagistas declarado, que pode ser mais alto que o real. A não aceitação cultural do fato de ser fumante, pode ter levado a um certo preconceito, ocasionado a subestimação da prevâlencia do tabagismo, e portanto, interferido nos achados.
O ensino superior tem papel de suma importância na adoção de ações e planos preventivos para auxiliar o graduando na modificação da comunidade em que está inserido. Indubitavelmente, há a necessidade de melhor compreensão dos diversos fatores que envolvem os hábitos e atitudes dos universitários perante o tabagismo, por meio de informação científica e definições de políticas quanto ao uso de tabaco pelos estudantes de Medicina. Esperamos que, através dessas atitudes, possamos diminuir paulatinamente a prevalência do tabagismo entre os futuros médicos do nosso país.
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