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quinta-feira, novembro 21, 2024

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Por que fumar maconha não é inofensivo como muitos pensam

Embora o uso de tabaco esteja diminuindo entre adultos nos Estados Unidos, o de cannabis está aumentando.

As leis e políticas que regulam o uso de tabaco e cannabis também estão seguindo direções diferentes.

As políticas de tabaco estão se tornando mais restritivas, com proibições de fumar em lugares públicos e limites nas vendas, como proibições estaduais de produtos com sabores.

Em contraste, mais Estados estão legalizando a cannabis para uso médico ou recreativo, e há esforços para permitir exceções para a cannabis nas leis contra o fumo.

Essas mudanças significam que um número crescente de pessoas está propenso a ser exposto à fumaça da cannabis. Mas quão segura é a fumaça direta e passiva da cannabis?

Sou médica da atenção primária e pesquisadora em um Estado onde a cannabis agora é legal para uso médico e recreativo.

Eu e meus colegas estávamos interessados em como as opiniões sobre a segurança da fumaça do tabaco e da cannabis têm mudado durante esse período de crescente uso e comercialização da cannabis.

Em nossa pesquisa com mais de cinco mil adultos nos Estados Unidos em 2017, 2020 e 2021, constatamos que as pessoas estão cada vez mais acreditando que a exposição à fumaça da cannabis é mais segura do que a do tabaco.

Em 2017, 26% das pessoas achavam que era mais seguro fumar um baseado de cannabis do que um cigarro diariamente. Em 2021, mais de 44% escolheram a cannabis como a opção mais segura.

As pessoas também eram mais propensas a classificar a fumaça passiva da cannabis como “completamente segura” em comparação com a do tabaco, mesmo para grupos vulneráveis, como crianças e mulheres grávidas.

Apesar dessas opiniões, pesquisas recentes levantam preocupações sobre os efeitos da exposição à fumaça da cannabis na saúde.

As opiniões e a ciência

Décadas de pesquisa e centenas de estudos associaram a fumaça do tabaco a múltiplos tipos de câncer e doenças cardiovasculares.

No entanto, há muito menos estudos sobre os efeitos a longo prazo da fumaça da cannabis. Como a cannabis ainda é ilegal no nível federal, é mais difícil para os cientistas estudá-la.

Tem sido particularmente difícil estudar os resultados de saúde que podem levar muito tempo e maior exposição para se desenvolverem.

Revisões recentes da pesquisa sobre a cannabis e o câncer ou doenças cardiovasculares consideraram esses estudos inadequados porque incluíram relativamente poucas pessoas com exposição intensa, não acompanharam as pessoas por tempo suficiente ou não levaram em consideração adequadamente o tabagismo.

Muitos defensores apontam a falta de descobertas claras sobre os efeitos negativos da exposição à fumaça da cannabis como prova de sua inofensividade.

No entanto, eu e meus colegas acreditamos que este é um exemplo da famosa citação científica de que “ausência de evidência não é evidência de ausência”.

Cientistas identificaram centenas de produtos químicos presentes tanto na fumaça da cannabis quanto na do tabaco, muitos dos quais são carcinogênicos e tóxicos.

A combustão do tabaco e da cannabis, seja por meio do fumo ou de vaporizadores de ervas, também libera partículas que podem ser inaladas profundamente nos pulmões e causar danos aos tecidos.

Estudos em animais sobre os efeitos da fumaça passiva do tabaco e da cannabis mostram efeitos preocupantes semelhantes no sistema cardiovascular, incluindo comprometimento da dilatação dos vasos sanguíneos, aumento da pressão arterial e redução da função cardíaca.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para determinar o risco de câncer de pulmão, ataques cardíacos e derrames causados pela fumaça da cannabis, o que já se sabe tem gerado preocupações entre as agências de saúde pública.

cigarro de maconha sendo passado de mão e mão

CRÉDITO,JAMIE GRILL/TETRA IMAGES VIA GETTY IMAGES. A percepção do público sobre a segurança da cannabis determina como ela é usada e regulamentada

Por que as opiniões sobre a cannabis são importantes?

A forma como as pessoas percebem a segurança da cannabis tem implicações importantes para o seu uso e para as políticas públicas.

Pesquisas mostram que, ao acreditar que algo é menos arriscado, as pessoas tendem a usar mais.

As opiniões sobre a segurança da cannabis também moldarão as leis de uso médico e recreativo da cannabis e outras políticas, como se a fumaça da cannabis será tratada como a fumaça do tabaco ou se exceções serão feitas nas leis de ambientes livres de fumo.

Parte da complexidade nas decisões sobre o uso da cannabis reside no fato de que, ao contrário do tabaco, ensaios clínicos demonstraram que a cannabis pode ter benefícios em certos contextos.

Isso inclui o manejo de tipos específicos de dor crônica, a redução de náuseas e vômitos associados à quimioterapia e o aumento do apetite e ganho de peso em pessoas com HIV/AIDS.

Vale ressaltar que muitos desses estudos não se basearam na cannabis fumada ou vaporizada.

Infelizmente, embora uma busca na internet sobre cannabis retorne milhares de resultados sobre os benefícios para a saúde da cannabis, muitas dessas alegações não são respaldadas pela pesquisa científica.

Eu peço às pessoas que desejam aprender mais sobre os potenciais benefícios e riscos da cannabis que conversem com profissionais de saúde ou busquem fontes que apresentem uma visão imparcial das evidências científicas.

National Center for Complementary and Integrative Health oferece uma boa visão geral dos estudos sobre a cannabis (em inglês) para o tratamento de várias condições médicas, bem como informações sobre os possíveis riscos.

*Beth Cohen é professora de Medicina na Universidade da Califórnia, São Francisco

Texto publicado originalmente nosite de notícias BBC News

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