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“Pneuzinho”: O que a ciência diz sobre a gordura abdominal

Pesquisa identificou que participantes com uma circunferência abdominal grande tinham 57% mais probabilidade de serem “frágeis”, em relação àqueles com uma cintura normal

Se você é um homem ou uma mulher perto dos 50 anos, olhe para sua cintura. Se você é como muitas pessoas, pode ter que se inclinar um pouco para ver os pés. Sim, é o temido “pneuzinho” –aquela proeminência na cintura que muitas vezes pode aumentar com a idade, assim como as entradas no cabelo ou as rugas.

Difícil de eliminar, ela é quase como um rito de passagem, faz parte do ciclo da vida. Porém, um novo estudo descobriu que deixar sua “pochete” aumentar pode não só fazer você comprar roupas maiores, como também pode prejudicar suas habilidades físicas mais adiante na vida.

A pesquisa, que monitorou 4.509 pessoas com 45 anos ou mais na Noruega por mais de duas décadas, identificou que participantes com uma circunferência abdominal grande ou relativamente grande no início do estudo tinham 57% mais probabilidade de serem “frágeis”, em relação àqueles com uma cintura normal.

Mas a fragilidade não tem a ver com aquela ideia de pessoa idosa “cambaleante” e de bengala. Na verdade, a fragilidade é caracterizada pela redução da força e da velocidade de caminhada, pela fadiga, perda de peso não intencional e baixa atividade física.

As pessoas que eram obesas no início do estudo, definidas como tendo um índice de massa corporal (IMC) de 30 ou mais, também eram 2,5 vezes mais propensas a serem frágeis do que aquelas com IMC considerado como normal (18,5 a 24,9), de acordo com o estudo publicado nesta semana na revista BMJ Open.

Pode haver diversas razões para tanto, segundo os autores do estudo. A obesidade causa um aumento da inflamação nas células adiposas, o que pode danificar as fibras musculares, “levando a uma redução da força e função muscular”, escreveu Shreeshti Uchai, coautora do estudo e doutoranda em epidemiologia nutricional na Universidade de Oslo em Tromsø, Noruega.

Os resultados destacam a necessidade de observar não só o ganho de peso total, mas também qualquer aumento na medida da cintura, e de se ampliar a definição de fragilidade, concluíram os autores.

“No contexto de uma população que está envelhecendo rapidamente e de uma epidemia de obesidade que está aumentando, cada vez mais evidências reconhecem o subgrupo de indivíduos mais velhos ‘gordos e frágeis’, em contraste com a visão de fragilidade como apenas uma condição de caquexia [perda de peso e massa muscular]”, escreveram.

Combatendo o declínio

A atividade física pode ajudar a combater a crescente fragilidade que o envelhecimento pode causar. Os adultos devem realizar exercícios de fortalecimento muscular envolvendo todos os principais grupos musculares em pelo menos dois ou mais dias por semana, além de se exercitar por pelo menos duas horas e meia por semana com intensidade moderada, de acordo com as diretrizes de atividade física do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA para cidadãos americanos.

A redução da gordura corporal e o aumento da massa magra podem ajudar a melhorar o equilíbrio e a postura, disse Nieca Goldberg, diretora médica da Atria New York City e professora associada na Escola de Medicina Grossman da Universidade de Nova York.

Para se manter forte e saudável, tente fazer exercícios aeróbicos e de força.

Eles “parecem trabalhar juntos e ajudar uns aos outros a ter melhores resultados”, disse William Roberts, professor do departamento de medicina familiar e saúde comunitária da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota. “Um programa equilibrado de força e atividade aeróbica é provavelmente melhor e possivelmente se aproxima mais das atividades de nossos antepassados, o que ajudou a definir nossos conjuntos de genes atuais”.

Para começar a praticar exercícios de força, a colaboradora de fitness da CNN, Dana Santas, coach de corpo e mente para atletas profissionais, sugere dominar exercícios usando o peso do próprio corpo antes de passar para treinos com pesos livres.

(Kristen Rogers, da CNN, contribuiu para esta reportagem)

 

 

 

Texto publicado originalmente no site CNN Brasil

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