Cérebro e o sistema nervoso central são o centro de comando do corpo humano, controlando as funções conscientes e inconscientes do corpo
Você já se perguntou como funciona o cérebro humano?
O cérebro e o sistema nervoso central são o centro de comando do corpo humano, controlando as funções conscientes e inconscientes do corpo e, assim, influenciando todos os aspectos da vida. A máquina mais potente do corpo humano é formado por neurônios que podem ser classificados como sensoriais, quando transmitem as informações captadas pelos órgãos.
Em humanos, os principais órgãos do sistema sensorial são: pele, língua, nariz, ouvidos e olhos. Eles captam estímulos físicos ou químicos e os transformam em impulsos elétricos, que são transmitidos ao sistema nervoso central.
O médico Paulo Niemeyer Filho, neurocirurgião e diretor do Instituto do Cérebro Paulo Niemeyer, explica que o que diferencia um humano dos outros animais é o lobo frontal.
“Os lobos frontais se desenvolveram e deram ao homem a capacidade do pensamento simbólico, que foi o que deu origem, a linguagem, a capacidade de desenvolver a matemática, as letras, e todo o nosso pensamento, todos os nossos sonhos”, afirmou Niemeyer. Além de médico, ele é escritor e fundador do Instituto do Cérebro, que leva o nome do pai dele, um dos principais neurocirurgiões do Brasil.
O neurocientista Miguel Nicolelis tem uma teoria de como o cérebro humano evoluiu para se tornar um computador orgânico sem rival no universo conhecido.
“O cérebro humano só é comparável ao universo que nos cerca. É através do cérebro que a gente confere significado, interpreta, gera uma noção de realidade que é peculiar ao ser humano. Por isso que eu gosto de dizer que o cérebro construiu, esculpiu o universo humano. O cérebro tenta criar um modelo do que tá aqui fora para maximizar nossas chances de sobrevivência”, diz Nicolelis.
A Universidade Federal do ABC realizou um estudo com violinistas para entender a empatia do cérebro de um músico ao tocar sozinho e ao tocar acompanhado. Para medir isso, o estatístico e neurocientista João Ricardo Sato utilizou toucas com sistema de espectroscopia funcional no infravermelho que medem a oxigenação em diferentes áreas do cérebro.
Especialistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (Idor) estudam diversas nuances do cérebro humano, como por exemplo, por que as pessoas se dividem em grupos sociais como religião, futebol, política.
O neurocientista do Idor Stevens Rehen, especializado em células-tronco e professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), capta células da pele ou da urina e as transforma em neurônios e consequentemente em mini cérebros. As estruturas, que simulam o funcionamento do órgão real, são fonte de diversas pesquisas na área da neurologia.
Mistério científico
Cientistas buscam explicações sobre o que torna o cérebro humano diferente de todos os outros animais, incluindo até mesmo os primatas mais próximos. Uma pesquisa conduzida por especialistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, sugere algumas pistas para este mistério científico.
Em uma análise dos tipos de células presentes no córtex pré-frontal de quatro espécies de primatas, os pesquisadores identificaram características específicas da espécie – particularmente humanas. O estudo também aponta que aquilo que nos torna humanos também pode ser o mecanismo que nos deixa suscetíveis às doenças neuropsiquiátricas.
A pesquisa contou com financiamento dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH em inglês) e do Instituto Nacional de Saúde Mental. Os achados foram publicados na revista Science.
O cérebro dos primatas é formado por uma região essencial para a cognição avançada, chamada córtex pré-frontal dorsolateral. A partir de uma técnica de sequenciamento genético, os pesquisadores traçaram os níveis de expressão de genes em centenas de milhares de células coletadas do córtex de humanos adultos, chimpanzés, macacos e saguis.
“Hoje, vemos o córtex pré-frontal dorsolateral como o componente central da identidade humana, mas ainda não sabemos o que o torna único em humanos e nos distingue de outras espécies de primatas”. disse Nenad Sestan, professor de neurociência em Yale, principal autor do artigo, em comunicado. “Agora temos mais pistas”, completa.
Os cientistas agruparam células com perfis de expressão semelhantes e identificaram ao menos 109 tipos de células de primatas compartilhados, além de cinco que não eram comuns a todas as espécies. O grupo mais restrito incluía um tipo de microglia, ou célula imune específica do cérebro, que estava presente apenas em humanos e um segundo tipo compartilhado apenas por humanos e chimpanzés.
O estudo revela que o tipo de microglia específico para humanos está presente durante todo o desenvolvimento e na idade adulta, o que sugere que as células desempenham um papel na manutenção do cérebro, em vez de combater doenças – como outras do sistema imunológico.
Saúde do cérebro
Quando o cérebro é desafiado por doenças ou outros fatores, isso representa riscos significativos não apenas para a saúde e o bem-estar geral de uma pessoa, mas também para o desenvolvimento e a produtividade globais. A Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um documento inédito sobre a importância da otimização da saúde do cérebro para o bem-estar dos indivíduos.
Estima-se que 1 em cada 3 pessoas desenvolverá um distúrbio neurológico em algum momento da vida, tornando essas doenças a principal causa de incapacidade e a segunda principal causa de morte.
Além disso, acredita-se que 43% das crianças menores de cinco anos em países de baixa e média renda perdem seu potencial de desenvolvimento devido à extrema pobreza e atraso no crescimento, levando a perdas financeiras e ganhos anuais projetados 26% mais baixos na idade adulta.
No documento da OMS, são apresentadas informações sobre os seguintes grupos de determinantes: saúde física, ambientes saudáveis, segurança e proteção, aprendizagem e conexão social e acesso a serviços de qualidade.
A OMS defende que a otimização da saúde do cérebro, abordando esses determinantes, leva a vários benefícios, incluindo taxas mais baixas de condições crônicas de saúde. As melhorias incluem redução de impactos neurológicos, mentais, físicos e do uso de substâncias, bem como melhor qualidade de vida e múltiplos benefícios sociais e econômicos.
O artigo demonstra a relevância de otimizar a saúde do cérebro dentro do contexto mais amplo da saúde pública e da sociedade e oferece soluções políticas práticas e direções futuras para o campo, incluindo ações específicas para abordar os determinantes da saúde do cérebro, prioridades contínuas na pesquisa sobre a saúde do cérebro.
O documento é um complemento técnico ao Plano de Ação Global Intersetorial (2022–2030) recentemente adotado sobre epilepsia e outros distúrbios neurológicos.
– Este texto foi originalmente publicado em CNN