Jornalista que escreveu livro sobre a infância do líder norte-coreano diz que a saúde dele é questionada desde sua subida ao poder em 2011
Kim Jong-un teria inspecionado base em 12 de abril, segundo agência estatal KCNA
KCNA via EFE – EPA – 12.4.2020
Em meio às dúvidas sobre o estado de saúde do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, a jornalista neozelandesa Anna Fifield, autora de um livro sobre a infância dele e chefe da sucursal do Washington Post em Pequim, diz que é impossível saber ao certo se os rumores sobre a situação dele são corretos, pelo menos neste momento.
Ele pode estar em estado crítico, como alegaram veículos norte-americanos na noite de segunda-feira. Ou pode estar com saúde e governando normalmente, como alegou o governo da Coreia do Sul nesta terça.
O que é certo, segundo Fifield, é que a saúde dele como um todo sempre foi vista com desconfiança desde sua subida ao poder após a morte do pai, o então líder supremo Kim Jong-il, em 2011.
“Você não precisa ser um médico para notar que ele é uma pessoa pouco saudável. Ele tem apenas 36 anos, mas se movimenta, respira e se comporta como uma pessoa bem mais velha”, afirma a jornalista em um vídeo publicado pelo Post.
“Em suas aparições divulgadas pela mídia estatal, ele sempre parece bem-disposto porque tudo é muito bem editado, mas nas vezes em que se reuniu com líderes mundiais diante de outros jornalistas, a história foi diferente”, ressalta.
Ela conta que entrevistou médicos que analisaram as imagens e disseram que o líder norte-coreano respira como alguém com dificuldades. “Kim está claramente acima do peso e sua esposa já disse publicamente que adoraria que ele parasse de fumar, mas que não consegue convencê-lo”, lembra.
Apesar de ressaltar que tudo pode não passar de especulação, Fifield aponta para o fato de que Kim Jong-un não fez uma aparição pública no último dia 15 de abril, a data cívica mais importante do calendário norte-coreano.
“Na Coreia do Norte, 15 de abril é um dia que eles chamam de o ‘Dia do Sol’, o aniversário de Kim Il-sung, o fundador do país e avô de Kim Jong-un. É uma data em que há desfiles nas ruas, depois eles vão para o mausoléu homenageá-lo. Neste ano, como não apareceu, houve muitos rumores”, explica.
Segundo ela, a ausência de Kim Jong-un e o fato de que sua irmã, Kim Yo-jong, vice-diretora do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores, e sua chefe de gabinete extra-oficial, tem assinado comunicados de governo sozinha, podem indicar que algo não está bem com o líder norte-coreano.
Ela deixa um alerta, no entanto. “Sempre precisamos desconfiar do que vem da Coreia do Norte. Lá é um buraco negro de informações, é muito difícil checar qualquer informação que sai. O melhor a fazer é aguardar algum tipo de confirmação oficial”, ressalta.
Fonte: R7