Um dia depois de o Reino Unido anunciar medidas mais duras para conter a transmissão da covid-19 após uma nova variante do coronavírus, que seria 70% mais transmissível, ser descoberta entre os britânicos, mais países restringiram seus voos ao território britânico e outros dois anunciaram casos da nova cepa. O Brasil não impôs restrições aos voos com destino ou que chegam do Reino Unido.
A Austrália divulgou hoje que detectou casos da nova cepa em dois viajantes que com destino a Nova Gales do Sul. Ambos estão em quarentena, e o pico recente de infecções de Sydney não tem relação com este fato, disseram autoridades.
Já a Itália confirmou na noite de ontem o primeiro caso no país da cepa do Sars-CoV-2 originária no Reino Unido. A paciente é italiana cujo marido retornou recentemente de uma viagem de trabalho à Inglaterra. Moradora de Roma, ela ealizou o exame RT-PCR nos últimos dias, provavelmente em um drive-thru.
A mulher está em isolamento residencial com seu marido, que também foi diagnosticado com o novo coronavírus, mas a presença da mutação originária no Reino Unido ainda não está confirmada oficialmente no caso dele. Ambos estão assintomáticos.
O Instituto Lazzaro Spallanzani, maior referência em doenças infecciosas na Itália, já iniciou os trabalhos para isolar a sequência genética da nova variante. “Até agora, não se verificou nenhuma alteração preocupante na virulência [do Sars-CoV-2]”, diz um comunicado do hospital romano.
A Suíça e a Espanha também já encontraram infecções com a nova cepa. Pouco se sabe sobre a variante, mas especialistas disseram que as vacinas atuais devem se eficientes contra ela.
Países cancelam voos
A nova cepa levou vários países europeus — como França, Bélgica, Holanda, Itália e Rússia — e outros como Canadá, Irã, Argentina, Colômbia, Chile e Peru, a proibirem a chegada de voos e cidadãos vindos do Reino Unido. No início da tarde de hoje, Portugal e Espanha somara-se à lista.
Nações asiáticas como o Japão e a Coreia do Sul disseram que estão monitorando a nova cepa enquanto combatem um pico de infecções em casa. Hong Kong se tornou a primeira cidade da região a proibir voos britânicos na tentativa de conter os números de casos já em crescimento no denso pólo financeiro.
A Índia anunciou uma suspensão de todos os voos vindos do Reino Unido até o final do ano e disse que todos os passageiros que chegarem de território britânico serão testados ao desembarcarem nos aeroportos.
A nova cepa surgida em solo britânico coincide com um aumento de casos em vários países asiáticos que anteriormente contiveram a pandemia com sucesso. A disparada levou a lockdowns localizados em alguns deles e a campanhas de exames mais agressivas.
Completam a lista de países que anunciaram restrições ao Reino Unido: Irlanda, Noruega, Suécia, Suíça, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Bulgária, Croácia, Macedônia, República Tcheca, Turquia, Irã, Canadá, Israel, Arábia Saudita, Kuwait e El Salvador.
Alemanha retém passageiros de voos do Reino Unido
Em Hannover, na Alemanha, 63 passageiros ficaram retidos no aeroporto depois que o país suspendeu, a partir da meia-noite de ontem, os voos do Reino Unido. Todos foram obrigados a passar por um teste de diagnóstico de covid-19, organizado por profissionais de saúde que adotaram medidas extremas de segurança, e aguardar os resultados, que deve sair nas próximas horas.
O aeroporto instalou camas improvisadas em um terminal para ajudar os passageiros a passarem a noite lá. “Nosso objetivo é impedir que a nova cepa do vírus entre na região”, afirmou um dos diretores da Autoridade Sanitária local, Andreas Kranz, à agência de notícias DPA.
Entre os passageiros bloqueados, o clima era tenso. “Estamos no aeroporto de Hannover e estamos retidos contra nossa vontade, passamos por exames e nos proibiram de sair enquanto aguardamos os resultados”, reclamou a alemã Manuela Thomys em um vídeo divulgado pelo jornal Bild.
A situação era similar no aeroporto de Stuttgart, mas com um grupo menor de passageiros procedentes do Reino Unido, que foram levados para um centro de diagnóstico.
Os passageiros serão autorizados a sair apenas com o resultado negativo do exame, mas serão obrigados a permanecer em quarentena.
FONTE: UOL