O transtorno obsessivo compulsivo (TOC) é um transtorno mental que gera problemas no cotidiano, já que as pessoas apresentam rituais com grande consumo de tempo, provocando grande sofrimento.
Podemos considerar que as obsessões são pensamentos, ideias ou impulsos que se repetem ou são persistentes, gerando desconforto e ansiedade. Já a compulsão é um mecanismo de amenização da ansiedade, sendo atos de comportamento repetitivo.
Leite (2020) revela que no Brasil, que cerca de 3 e 4 milhões de pessoas possuem TOC e, em sua maioria, sem diagnóstico e tratamento. Sholl e Quevedo (2017) dizem que as ideias e comportamentos provocam perturbação na vida ocupacional e social da pessoa.
Para Mariano et.al.(2020) o transtorno obsessivo compulsivo possui algumas comorbidades de acordo com a progressão da doença, com sintomas associados à base fisiopatológica. Indubitavelmente o transtorno obsessivo-compulsivo possui incidência preocupante para as autoridades públicas de saúde mental, por atingir de três a quatro milhões de pessoas no Brasil (OLIVEIRA, 2019).
“O TOC, até pouco tempo atrás, era considerado como uma mania, tanto pelos seus portadores, como por familiares” (LEITE, 2020, pág 515). O sofrimento se dá em um ato de aprisionamento em um comportamento que objetiva o alívio do estresse, da necessidade de expressão do corpo a um dado sofrimento impossível de se conter.
“O transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC) é considerado umas das maiores causas de incapacitação para o trabalho e para a vida acadêmica, uma vez que, em 10% dos casos, sua sintomatologia mostra-se tão incapacitante quanto os sintomas encontrados em pacientes”(OLIVEIRA 2019, pág.19).
O TOC é caracterizado por um quadro crônico, porque existem múltiplas obsessões e compulsões, com alteração sintomática.
Pode-se considerar os conflitos nas relações familiares, os prejuízos do funcionamento social e ocupacional, isolamento social e retração social e escolar, dificuldade de ocupar cargos de trabalho, perfeccionismo, medo, lentidão nas atividades diárias, dificuldade de tomar decisões, ansiedade, humor deprimido e ideal suicida. (MARIANO, 2020).
Se tratando de uma doença que diminui a qualidade de vida, cuidados de enfermagem são essenciais para um cuidado integral da pessoa com TOC.
O importante é compreender a necessidade da realização de um projeto terapêutico singular (PTS). A construção passa pelo diagnóstico, junto a pessoa, em sofrimento dos principais sinais e sintomas da doença e sobre as questões mais relevantes relacionado a doença e a vida da pessoa.
Definição de metas devem ser realizadas e a constituição da divisão de responsabilidades que deve envolver diversos atores, seja o usuário, a família, os profissionais do serviço e membros da comunidade.
Além disso, deve-se sempre realizar a reavaliação das atividades. Os cuidados de enfermagem específicos devem considerar a singularidade das pessoas em sofrimento. No entanto, alguns cuidados gerais podem ser considerados pelo profissional.
Possíveis ações de enfermagem para auxiliar no transtorno obsessivo compulsivo:
- Considerar os rituais do usuário e tentar dialogar sobre o assunto sem gerar constrangimento ao usuário, não interferindo ou impedindo quanto a realização do ritual;
- Se atentar quanto à hostilidade e controle do ambiente por parte do paciente que é um movimento que pode gerar conflito e o afastamento não pretendido;
- Inserir o paciente a mudança de rotina de forma gradativa, considerando técnicas que favoreçam a empatia do usuário ao tratamento;
- Apresentar aceitação ao paciente e buscar junto à pessoa a diminuição do sofrimento que pode ser observada na diminuição da intensidade do comportamento;
- Contribuir com a expressão de sentimentos, por meio do acolhimento e comunicação terapêutica;
- Não criticar o comportamento do paciente, se colocando empático e presente no projeto terapêutico singular;
- Orientar a família sobre a sintomatologia e comportamento da doença, inserindo-a ao PTS;
- Contribuir para o enfrentamento do estresse procurando construir junto ao paciente do serviço e sua família;
- Planejar junto ao paciente as atividades no domicilio e medidas de redução da ansiedade;
- Planejar junto ao usuário as atividades que podem ser realizadas no trabalho para diminuição da ansiedade;
- Planejar junto ao usuário as atividades de laser redutoras de ansiedade;
- Sempre reavaliar as atividades propostas junto ao paciente;
Intervenções constantes entre o enfermeiro, paciente, equipe, outros profissionais são necessárias. Em serviços que não sejam de especialidade é sempre importante a educação permanente para o tratamento de casos de sofrimento psíquica. A empatia deve estar sempre presente nos atendimentos, assim como o acolhimento.
É comum a negligência do sofrimento de profissionais a pessoas com TOC. Muitas vezes os comportamentos podem ser comparados a atitude de mania, mas a entrevista pode ser uma forma de solucionar o problema.
É importante compreender o usuário e o estado de ansiedade, o comportamento e o sofrimento. Lembre-se que a sensibilidade ao outro é de suma importância para qualquer atividade terapêutica.
Fonte – Portal PEBMED