Governo cubano decidiu se retirar do programa Mais Médicos nesta quarta-feira.
Diferentes partes envolvidas ou que tiveram relação com o programa Mais Médicos comentaram ou reagiram ao anúncio do governo cubano sobre a saída de Cuba do programa Mais Médicos, nesta quarta-feira (14).
Jair Bolsonaro, presidente eleito
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, criticou a decisão de Cuba de sair do programa Mais Médicos. Pelo Twitter, ele se defendeu das acusações do governo cubano ao dizer que condicionou a continuidade do programa “a aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos, hoje maior parte destinados à ditadura, e a liberdade para trazerem suas famílias”.
Também pelo Twitter, Bolsonaro acusou o governo cubano de “explorar seus cidadãos ao não pagar integralmente os salários dos profissionais”. Segundo o presidente eleito, Cuba “restringe a liberdade desses profissionais e de seus familiares”.
Bolsonaro também falou sobre conceder asilo aos cubanos “que quiserem pedir asilo aqui”. A declaração foi dada durante o anúncio do futuro ministro das Relações Exteriores, o diplomata de carreira Ernesto Araújo.
“Temos que dar o asilo às pessoas que queiram. Não podemos continuar ameaçando como foram ameaçadas no governo passado. […] Se eu for presidente, o cubano que quiser pedir asilo aqui, vai ter”, disse o presidente eleito aos jornalistas.
Ministério da Saúde
Em nota, o Ministério da Saúde confirmou ter recebido o comunicado da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) sobre o fim da parceria com o governo de Cuba nos Mais Médicos. A pasta disse que “reafirma e tranquiliza a população e adotará todas as medidas para que profissionais brasileiros estejam atendendo no programa de forma imediata”.
Na mesma nota, o ministério também informou que vai abrir “um edital para médicos que queiram ocupar as vagas que serão deixadas pelos profissionais cubanos”. O texto ainda diz que a prioridade da convocação será de médicos brasileiros formados no Brasil, seguida de brasileiros formados em outros países. Leia a íntegra da nota
Cuba anuncia sua retirada do Programa Mais Médicos.
A saúde pública e o povo mais pobre perdem muito hoje.
É isso o que acontece quando se coloca o espírito da guerra e os interesses particulares acima das necessidades do nosso povo. pic.twitter.com/xiAnMp5mWn— Alexandre Padilha (@padilhando) November 14, 2018
Marco Akerman, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP
Em entrevista à GloboNews, o professor da Universidade de São Paulo (USP) Marco Akerman afirmou que a decisão de Cuba em deixar o Mais Médicos vai “prejudicar a população brasileira”.
“Serão milhares de médicos que vão sair, e os governos municipais não vão ter condições de repor”, alertou Akerman.
Segundo o especialista, a medida criará um “vazio assistencial no Brasil”, pois os médicos cubanos, em alguns municípios, são os únicos que existem nas unidades básicas de saúde.
Akerman ponderou que tanto os governos de Brasil e Cuba como a Opas e outros conselhos devem se reunir para discutir “as melhores alternativas”. “Eu acredito numa negociação republicana”, disse o professor.
Yoani Sánchez, blogueira cubana dissidente
A blogueira cubana Yoani Sánchez, dissidente do governo do país, repercutiu a saída de Cuba do Mais Médicos em seu Twitter. “Jair Bolsonaro condicionou a permanência do projeto a que os médicos recebessem o total de seu salário, entre outras medidas… mas as autoridades do Minsap [Ministério da Saúde Pública de Cuba] não toleraram…”, escreveu.
Conselho Federal de Medicina
Uma nota divulgada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) diz que “o Brasil conta com médicos brasileiros em número suficiente para atender às demandas da população”. Segundo o texto, os médicos brasileiros “têm atuado, mesmo sob condições adversas, sempre em respeito ao seu compromisso com a sociedade”.
O CFM também cobrou do governo, “nos diferentes níveis de gestão”, que ofereça aos médicos brasileiros “infraestrutura de trabalho, apoio de equipe multidisciplinar, acesso a exames e a uma rede de referência para encaminhamento dos casos mais graves”.
A autarquia ainda pediu a criação de uma carreira de Estado para o médico “para estimular a fixação dos médicos brasileiros em áreas distantes e de difícil provimento”.
Marina Silva, candidata derrotada à Presidência
A candidata da Rede derrotada na eleição presidencial, Marina Silva, classificou como “preocupante” a saída de Cuba do Mais Médicos. “Pode agravar no curto prazo o atendimento à saúde, principalmente das populações indígenas, ribeirinhas e de quem vive nos pequenos municípios do interior e regiões isoladas do Brasil”, tuitou.
Manuela D’Ávila, candidata derrotada à Vice-presidência
Vice na chapa de Fernando Haddad, derrotado no segundo turno das eleições, Manuela D’Ávila disse que a saída de Cuba do programa Mais Médicos “é uma primeira tragédia da ideologização e da loucura persecutória contra a esquerda que está em curso em nosso país”.
“Os médicos cubanos ganharam o respeito e o carinho de nosso povo, que é generoso e sabe retribuir os gestos de amor. A eles o nossos muito obrigado e o nosso pedido sentido e sincero de desculpas”, disse, em outra postagem.
Guilherme Boulos, candidato derrotado à Presidência
Guilherme Boulos, candidato do PSOL derrotado nas eleições, disse, no Twitter, que “quem vai pagar o preço é o povo mais pobre que se beneficiou com o Mais Médicos”. Ele atribuiu a medida às declarações do presidente eleito Bolsonaro.
G1