O Ministério da Saúde divulgou nesta terça-feira (14) que o número de mortes por sarampo subiu para 6 e os casos confirmados para 1.237, sendo 137 a mais que o boletim anterior, de 6 de agosto.
A sexta morte é de um bebê de 7 meses no Amazonas. Os demais óbitos são de outro bebê de 7 meses no Amazonas, de um bebê brasileiro yanomani de 9 meses em Roraima e de três venezuelanos também em Roraima.
Amazonas é o Estado com maior incidência da doença, com mais de 70% dos casos. São 910 confirmados e 5.630 em investigação. Já Roraima, primeiro Estado brasileiro a registrar o sarampo este ano – a doença estava erradicada no país desde 2016 –, aparece em segundo lugar, com 296 casos confirmados e 101 em investigação.
O Ministério informa que, entre os confirmados, 17 casos foram atendidos no Brasil e receberam tratamento, no entanto se tratam de pessoas que residem na Venezuela.
A pasta ressalta que o surto que ocorre no Brasil está relacionado à importação do vírus. O vírus genótipo D8 que circula atualmente no país é o mesmo que provoca uma epidemia da doença na Venezuela desde o ano passado.
Além do Amazonas e de Roraima, que enfrentam surto de sarampo no Brasil, outros Estados registram casos, considerados isolados, da doença: São Paulo (1), Rio de Janeiro (14), Rio Grande do Sul (13) Rondônia (1) e Pará (2).
O Secretaria Estadual de Saúde do Acre divulgou em 11 de agosto que o Estado registrou 2 casos de sarampo, embora ainda não figure no boletim do Ministério da Saúde.
“Medidas de bloqueio de vacinação, mesmo em casos suspeitos, estão sendo realizadas em todos os Estados”, informou o Ministério.
A campanha nacional de vacinação contra o sarampo e a poliomielite teve início no dia 6 e vai até 31 de agosto. Neste sábado, será realizado o “Dia D” no qual postos de vacinação em todo o país estarão abertos entre 8h e 17h.
Segundo o Ministério, 84% das crianças ainda não foram vacinadas na campanha. A meta do governo é vacinar 95% do público-alvo que abrange 11 milhões de crianças entre 1 e 4 anos.
No Amazonas e em Roraima, a vacinação contra o sarampo ocorre desde março e a recomendação da vacina é feita a partir dos 6 meses e não de 1 ano de idade.
Até o momento, 3,6 milhões de doses de vacinas contra o sarampo e a poliomielite foram aplicadas em crianças de todo o país. No total, 1,808 milhão foram vacinadas contra a pólio e 1,801 milhão contra o sarampo.
Isso corresponde a cerca de 16,13% do público-alvo para a pólio e 16,07% para o sarampo, segundo o Ministério.
A pasta ressaltou, em nota que, é preciso alertar os pais de que a vacina é a forma mais eficaz de inibir o reaparecimento dessas doenças. A poliomielite continua erradicada no Brasil em 1989, mas a adesão à vacina está abaixa, o que aumenta o risco da volta da doença.
“A campanha deste ano é indiscriminada, por isso, todas as crianças entre 1 e 4 anos devem ser vacinadas, independentemente da situação vacinal”, informa o Ministério.
Em relação à poliomielite, crianças que nunca tomaram dose da vacina receberão a vacina inativada poliomielite (VIP). Já os menores de 5 anos que já tiverem tomado uma ou mais doses da vacina contra pólio receberão a vacina oral poliomielite (VOP), a famosa gotinha.
Já referente ao sarampo, todas as crianças receberão uma dose da vacina tríplice viral independentemente da situação vacinal, desde que não tenham sido vacinadas nos últimos 30 dias, de acordo com o Ministério.
Cinco motivos que estão levando à volta do sarampo e da poliomielite:
Falta de percepção de risco: o que move, principalmente, uma pessoa a sair de casa para levar o filho para vacinar é a percepção de risco. Como se tratam de doenças que estavam erradicadas no país – a poliomielite está erradicada desde 1990 e o sarampo, estava desde 2016, voltando a ter registro este ano –, há uma falsa percepção de que não há risco de contrair essas doenças
Avalanche de notícias falsas: informações falsas sobre vacinas que geralmente circulam pelas redes sociais levam muitos a acreditar, erroneamente, de que os riscos das vacinas são maiores que os benefícios. O que não é verdade. Só a vacina é capaz de prevenir o sarampo e a poliomielite
Pronto-socorrização da pediatria: devido à crise econômica, muitos deixaram de ter convênio médico, tendo como única oportunidade de orientação de um pediatra para seu filho o atendimento em pronto-socorro. Há um aumento cada vez maior dos atendimentos de rotina em prontos-socorros. São justamente nesses atendimentos de rotina, que deveriam acontecer em consultório, que os pediatras orientam os pais sobre o calendário de vacinação que deve ser seguido de acordo com a idade da criança
Horários de funcionamento das UBS: o funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS), que oferecem a vacinação, é realizado em horário comercial, mesmo em que os pais das crianças estão trabalhando. Muitos pais temem faltar ao trabalho para levar os filhos para vacinar e colocar seu emprego em risco
Vacina é vítima do próprio sucesso: outra questão que influencia na baixa adesão vacinal infantil é que o imunizante, de forma geral, se tornou vítima de seu próprio sucesso. O programa nacional de vacinação infantil levou à erradicação de muitas doenças, então as pessoas não estão mais acostumadas a ouvir sobre determinada doença e não têm interesse em tomar a vacina