José Lopes disse que nas mais de três horas de depoimento criminoso quis convencer que a menina, de 12 anos, o seduziu. Ademir Lúcio Ferreira, de 55 anos, foi preso na segunda-feira (13)
Por Viviane Machado, G1 ES
O chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), José Lopes, disse que Ademir Lúcio Ferreira, de 55 anos, preso por sequestrar a menina Thayná, tentou convencê-lo de que a menina tinha o seduzido.
“Ele é um artista, tem uma mente criativa. Nós saímos ontem 23h, mais de três horas de depoimento, quis me convencer que a menina o seduziu. E depois quis convencer que a menina Thayná fugiu dele e sofreu um acidente e morreu. Ele teria ficado desesperado e fugiu por medo”, contou o José Lopes.
Ademir foi preso na madrugada desta segunda-feira (13). Segundo a Brigada Militar, a polícia do Rio Grande do Sul, os militares abordaram Ademir na rua Comendador Manoel Pereira, no Centro de Porto Alegre, quando ele saiu da pensão onde estava para comer. Ele foi encaminhado para a 2ª Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento da cidade.
Na noite desta segunda, ele foi transferido para o Espírito Santo, onde prestou depoimento e fez exame de corpo delito. Segundo José Lopes, ele foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisória de Viana. “Ele vai ser separado dos outros presos, mas vai ficar junto com os iguais [que cometeram crimes semelhantes, explicou o delegado.
Ainda sobre o depoimento, José Lopes disse que Ademir foi questionado que possuía uma arma de fogo. “Ele falou que a arma dele é a mente dele. Esse é o pior tipo de ser humano, que tivemos que lidar. É difícil. Esse tipo de pedófilo adora uma rede social, tudo que colocavam ele montava uma história para ele. Convencer que uma menina de 12 anos o seduziu é um absurdo”, falou.
Ademir se recusou a falar com a imprensa
Ao ser apresentado para a imprensa, Ademir ficou com a cabeça baixa e disse que “só falará em juizo”. E se recusou as responder outras perguntas. “Eu tenho advogado, conheço meus direitos. Eu não disse que matei Thayná. Eu só vou falar em juízo. Eu não tenho nada com a sociedade, é com a Justiça”, disse.
DNA
A mãe de Thayná, Clemilda de Jesus, contribuiu com material genético no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória nesta segunda-feira (13). A coleta seria feita na sexta-feira (10), dia em que uma ossada foi encontrada próximo a uma lagoa em Viana, um local onde Ademir cometia crimes, mas a mãe passou mal.
Agora com a coleta do material, a polícia vai poder comparar o material genético de Clemilda e da ossada, para saber se a vítima é Thayná. O material de Ademir também será coletado.
Suspeito diz que Thayná caiu em lagoa
Depois de preso, em um vídeo feito por policiais, Ademir conta que deu carona a Thayná, no dia 17 de outubro, e que ofereceu R$ 50 à menina para ter relação sexual com ela. Segundo ele, nesse momento, a menina saiu do carro correndo e desapareceu em uma lagoa, em Viana.
“Ela me olhou e disse ‘para aí’. Eu parei o carro, ela abriu [a porta]. Lá é um alambrado. Ela desceu correndo. Quando eu abri a porta para ir atrás dela, não deu tempo para pegar ela. Foi quando eu vi ela afundando dentro da água. A lagoa é funda”, disse.
Próximo à mesma lagoa citada por ele, uma ossada de criança foi encontrada pela polícia, na sexta-feira (10). Um vestido que estava próximo à ossada foi reconhecido pelo padrasto de Thayná como sendo dela. Apesar da associação entre os casos, a identidade da ossada só será confirmada por um exame de DNA.
Outros crimes
Ademir também é suspeito de estuprar uma outra menina no mesmo bairro de Thayná. Segundo a Polícia Civil do Espírito Santo, a vítima é uma garota de 11 anos. Nos dois casos, o homem agiu da mesma forma.
Além disso, ele já tinha 22 passagens pela polícia do Rio Grande do Sul. O chefe da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), José Lopes, disse que Ademir já foi detido por extorsão, receptação, estelionato e várias ameaças.