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Perseidas: a chuva de meteoros que poderá ser vista do Brasil – e como ela se forma

Quando a Terra passar através de uma nuvem de detritos cósmicos, o céu se iluminará à noite.

Esta será sua chance de desfrutar de uma exibição fenomenal de estrelas cadentes e, se você tiver muita sorte, até mesmo um meteoro único.

O professor de astronomia da USP Roberto Costa afirmou à BBC News Brasil que essa constelação é do hemisfério norte e, por isso, quanto mais ao norte estiver o observador, melhor será a visualização.

“Aqui na região sudeste será preciso olhar para o horizonte norte na madrugada, antes de começar a clarear, a partir das 4h, aproximadamente. Observadores nas regiões Norte e Nordeste verão eles mais altos no céu”, afirmou.

O professor disse que o ideal é escolher um lugar com pouca ou nenhuma iluminação artificial e com o horizonte norte desimpedido, sem prédios, árvores ou morros. Ele ainda sugere que ficar no escuro para acostumar as pupilas à pouca luz.

Segundo Roberto Costa, a taxa esperada de meteoros é de 40 a 50 por hora, em condições ideais. Isso significa uma média de um meteoro a cada minuto e meio.

“Para observar chuvas de meteoros o melhor é usar apenas os olhos. Como os meteoros são muito rápidos no céu, telescópios ou binóculos mais atrapalham do que ajudam. Os fotógrafos que têm equipamento que pode ser ajustado para imagens noturnas podem conseguir belas imagens com muitos meteoros aparecendo se ajustarem o equipamento para tempo de exposição grande, de vários minutos”, disse o professor.

Ele afirmou que o principal fator para a observação são as condições climáticas.

“A época do ano é indiferente. Como as condições meteorológicas aqui no sudeste serão boas nas próximas noites, não creio que o tempo será um problema. Por outro lado, a Lua está hoje no quarto minguante, o que significa que vai nascer no meio da noite e estar alta no céu na madrugada, com metade de seu disco iluminado. Isso pode atrapalhar a visualização dos meteoros mais fracos”.

Mas como se forma a chuva de meteoros?

A história começa com o cometa Swift-Tuttle girando em torno de sua órbita ao redor do Sol — exatamente como a Terra, mas em ângulo diferente.

“O que acontece é que, a cada ano, a Terra se choca com a órbita do cometa e com todos os detritos que ficam para trás”, diz o astrônomo Edward Bloomer, do Museu Real de Greenwich.

Conforme esse entulho cósmico — gelo, poeira e pedaços de rocha do tamanho de um grão de arroz — atinge as camadas superiores da atmosfera, “ele pega fogo de maneira impressionante, mesmo que às vezes seja apenas por uma fração de segundo”, diz Bloomer.

E a razão pela qual a chuva de meteoros Perseidas é tão especial é porque “é muito confiável e, embora tenha um pico de atividade em meados de agosto de cada ano, você pode vê-la já no final de julho”, acrescenta.

Pode ser vista a olho nu no céu durante várias noites seguidas.

Às vezes, um pedaço maior de sobra de cometa aparece e “se você tiver sorte, poderá ver essa bola de fogo estranha, mas espetacular”, acrescenta Bloomer, que após anos de observação apenas conseguiu vislumbrar uma durante alguns breves segundos pelo canto do olho.

Vale a pena?

“Com certeza!”, diz Bloomer, “apenas apague todas as luzes e veja”.

As Perseidas são como fogos de artifício da natureza. E a chuva é tão intensa que um observador relaxado poderia facilmente localizar até 100 estrelas cadentes por hora.

E fique tranquilo: embora os meteoros atinjam a atmosfera da Terra a uma velocidade colossal de 215.000 km/h, eles não representam nenhum perigo.

“É incrivelmente relaxante”, diz Bloomer — e é visível em todo o mundo.

Por que este nome?

“Nós a chamamos de Perseidas porque as estrelas cadentes parecem irradiar da constelação de Perseu”, diz Bloomer. Mas o fenômeno foi observado — e nomeado — por muitas culturas diferentes.

Grupo observa estrelas
Acredita-se que a primeira observação registrada das Perseidas remonta à dinastia Han, na China

Na tradição católica, também é conhecida como “Lágrimas de São Lourenço”, em uma referência a Laurentius, um dos sete diáconos da cidade de Roma que foram martirizados na perseguição aos cristãos pelos romanos em 258 D.C.

Como este santo foi supostamente queimado vivo em 10 de agosto, o folclore mediterrâneo diz que as estrelas cadentes visíveis nesta época do ano são faíscas residuais daquele incêndio.

Mas, muito antes dos romanos, já havia alguns registros astronômicos surpreendentemente precisos da Pérsia, Babilônia, Egito, Coréia e Japão — fornecendo relatos detalhados de chuvas de meteoros.

Acredita-se que a primeira observação registrada das Perseidas remonta à dinastia Han, na China, onde astrônomos em 36 D.C. escreveram sobre as noites em que “mais de 100 meteoros voaram para lá durante a manhã”.

 

 

 

 

Fonte: BBC Brasil

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