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sexta-feira, novembro 22, 2024

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Pai acredita que corpo de bebê que sumiu em hospital, no Rio, foi vendido para estudos

Pai acredita que corpo de bebê que sumiu em hospital, no Rio, foi vendido para estudos

Corpo de bebê desapareceu no Hospital Pasteur
Corpo de bebê desapareceu no Hospital Pasteur Foto: Fábio Guimarães / Agência O Globo

O pai do bebê cujo corpo desapareceu no Hospital Pasteur, no Méier, na Zona Norte do Rio, acredita que o corpo da criança tenha sido vendido para estudos médicos sem consentimento da família. De acordo com Wanderson Nunes, Kevin nasceu morto nesta segunda-feira, após a mãe do menino sentir fortes dores no fim de semana. A jovem deu entrada na unidade de saúde no último sábado e permaneceu internada até esta segunda-feira. Wanderson marcou o velório e o sepultamento para esta terça-feira mas, ao chegar no hospital, foi informado de que o corpo havia desaparecido.

— Cheguei por volta de 9h e, depois que pedi pelo meu filho, percebi uma movimentação estranha no hospital. Os funcionários andavam de um lado para o outro, não passavam informação. Fiquei mais de uma hora esperando até que a direção do hospital veio e me disse que não sabia onde estava o corpo do Kevin. Disseram que podia ter sido jogado fora ou levado por engano por outra funerária. Simplesmente não acreditei que isso pudesse ser possível — falou.

Segundo ele, a mãe da criança começou a sentir dores no sábado e foi levada para o Hospital Santa Maria Madalena, na Ilha do Governador, na Zona Norte. No local, pediram que ele procurasse o médico da grávida, já que não havia profissional para atendê-la. A mulher estava no quinto mês da gravidez. Wanderson, então, levou a esposa ao Pasteur. Lá, ela foi medicada e realizou exames, mas permaneceu reclamando de dores.

— Nunca vi minha esposa reclamar tanto de dor assim na vida. Ela foi medicada sábado e eu voltei para casa, o que acho que foi meu maior erro. No domingo de manhã, ela me ligou dizendo que precisaria ser operada. Quando cheguei, a médica me falou que o coração do meu filho não estava batendo mais. Fiquei sem reação. Ela tomou um remédio para ajudar a expelir a criança e teve o bebê de parto normal. Ele estava grandinho já, bonitinho, perfeitinho. Minha mulher segurou ele por 15 minutos e chorou muito. Eu não quis segurar. Foi horrível — contou.

Wanderson contou que, na segunda-feira, a esposa pediu que a médica levasse o corpo da criança novamente ao quarto para que ela pudesse se despedir uma última vez. Segundo o pai do menino, a médica negou o pedido e tentou convencer a mãe de que não era “uma boa ideia”.

— Minha esposa pediu para ver o corpo de novo, se despedir mais uma vez. A doutora ficou falando que não era uma boa ideia, que não ia fazer bem a ela. Eu estranhei, mas concordei. Também não achava que seria bom. Tudo já é doloroso demais. Mas, hoje, sabendo de tudo, acho que o corpo do meu filho foi vendido para estudo. Já ouvi histórias de coisas assim. Dizem que isso dá muito dinheiro. Acho que podem ter feito isso com o meu filho. Também comecei a achar que possa ter acontecido algum erro médico. Saí do hospital e meu filho estava bem. Quando voltei, o coração dele não batia mais e ninguém sabe explicar nada — lamentou Wanderson.

O pai do menino registrou o crime nesta terça-feira na 26ª DP (Méier). Ainda segundo ele, o hospital lhe entregou um documento em que lamenta o ocorrido, mas sem a assinatura de ninguém.

— Me entregaram um papel com desculpas, mas ninguém assina. Ninguém é culpado. Eu quero que esse hospital e todos os envolvidos paguem. Espero que, no mínimo, as pessoas deixem de vir aqui. Eles foram e continuam sendo negligentes. Quero que tenham todo prejuízo do mundo, mesmo que nada disso traga meu filho de volta. O Kevin não vai voltar, mas eles precisam pagar pelo sofrimento que estão fazendo a gente passar — disse.

Bebê foi planejado e comemorado pela família

O nascimento do pequeno Kevin, previsto para março do próximo ano, foi planejado e comemorado com muito carinho pelos pais e familiares. Segundo Wanderson, quando a esposa descobriu que estava esperando o primeiro filho do casal, os dois se emocionaram.

— Nós dois amamos criança e sempre quisemos ter um filho. Foi uma gravidez muito bem planejada, minha esposa só falava disso. Estava muito feliz. Ela está sofrendo muito com a perda dele. Mãe sente o bebê mexer, vê a barriga crescer. Para mim está sendo muito doído. Tento não chorar na frente dela e me manter forte porque sei que ela está sofrendo muito mais — falou.

Na noite desta terça-feira, Wanderson e familiares prestaram depoimento. Em nota, o Hospital Pasteur lamentou o ocorrido e afirmou ter instaurado uma sindicância interna para apurar os fatos. A direção da unidade também informou que permanece em contato com a família.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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