Privação de sono pode indicar alterações na saúde física ou mental
Cerca de 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios relacionados ao sono, entre eles, a insônia, de acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A dificuldade de iniciar o sono e mantê-lo de forma contínua durante a noite ou o ato de despertar antes do horário desejado definem a insônia. A condição pode estar relacionada a diversos fatores, como expectativas, problemas clínicos ou emocionais, excitação associada a determinados eventos, entre outros.
A privação de sono pode indicar alterações na saúde física ou mental. Enquanto sintoma, a insônia pode estar associada a questões psiquiátricas, como transtornos de humor, de ansiedade ou de personalidade. Em quadros mais severos, pode ocorrer em torno de três vezes por semana e persistir por três meses ou mais.
De acordo com a Associação Brasileira do Sono (ABS), nos casos crônicos, ela costuma ter duração média de três anos, podendo estar presente entre 56% a 74% dos pacientes no decorrer do ano, e em 46% deles de forma contínua, o que pode implicar em riscos para o desenvolvimento de outras doenças.
“A insônia ocorre por uma predisposição do indivíduo a perder o sono, a ter um hiper alerta. A insônia é uma resposta anormal ao estresse, mas também pode ocorrer junto com alguns transtornos psiquiátricos. O indivíduo que tem insônia crônica tem uma chance muito maior de desenvolver hipertensão. Quando a insônia é grave, de forma que a pessoa não consiga ter o mínimo de horas de sono durante a noite, isso também pode resultar em alterações metabólicas, que podem até predispor para o aumento de peso e diabetes”, explica Dalva Poyares, médica especialista pela Sociedade Americana de Medicina do Sono e Associação Brasileira do Sono, em comunicado.
Ainda segundo a ABS, fatores como idade, sexo e condição socioeconômica são determinantes na identificação da população que sofre com a insônia. O problema é mais comum entre as mulheres e é possível que haja influência hormonal nesse padrão, uma vez que os índices de insônia começam a aumentar nas mulheres – em relação aos homens – a partir da puberdade.
Também é mais comum que a insônia seja diagnosticada em idosos, o que pode ser potencializado pelo fato desse grupo etário ter o sono mais fragmentado e apresentar mais comorbidades que interferem no funcionamento noturno e diurno.
Além disso, a insônia é mais prevalente na população de menor poder socioeconômico, entre desempregados e aposentados e entre os que perderam cônjuges. Nestes casos não é raro que os pacientes sejam identificados com outros transtornos psiquiátricos e a insônia se apresenta como sintoma secundário de outra condição.
Conforme a 3ª edição da Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD), o diagnóstico para o Transtorno de Insônia Crônica passa a ser definido a partir dos seguintes sintomas:
- Dificuldade em iniciar o sono;
- dificuldade em manter o sono;
- despertar antes do desejado;
- resistência em ir para a cama no horário apropriado;
- dificuldade para dormir sem a intervenção dos pais ou cuidadores.
Os sintomas característicos da insônia são acompanhados de fadiga; déficit de atenção, concentração ou memória; prejuízo do convívio social, familiar, ocupacional ou acadêmico; alteração do humor ou irritabilidade; sonolência diurna; alterações comportamentais – coni hiperatividade, impulsividade, agressividade; perda de motivação; propensão para acidentes e erros e preocupação ou insatisfação com o sono.
O transtorno só pode ser diagnosticado como insônia crônica se os sintomas não forem associados a outro transtorno de sono, transtorno mental, uso de medicação ou substância ou outra condição médica.
(Com informações do Ministério da Saúde)
– Texto publicado originalmente em CNN Brasil