Médico fez cirurgia estética ilegal que acabou em morte de paciente na Barra; ele teve a prisão decretada e está foragido. Dr. Bumbum tem 650 mil seguidores em rede social, e é réu em mais de dez processos.
médico Denis Cesar Barros Furtado, que realizou procedimento estético na cobertura de um apartamento na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, resultando na morte de uma paciente, tem anotações criminais antigas por homicídio, porte ilegal de arma e ameaça; na Justiça, é reu em mais de dez ações.
Denis teve a prisão temporária decretada pela Justiça do Rio, assim como a mãe, também médica. Ambos estão foragidos. A namorada de Denis, Renata Fernandes, que trabalhava como secretária da clínica, está presa.
Como foi o procedimento
Parentes contaram que Lilian saiu de Cuiabá, em Mato Grosso, onde morava, para fazer um procedimento estético nos glúteos. Segundo eles, ela tinha a informação de que o procedimento era em uma clínica e eles ficaram surpresos ao saber que ela foi para a casa do médico.
Até agora ainda não se sabe detalhes sobre o procedimento e que tipo de substância foi usada, mas em vídeos nas redes sociais o médico fala no uso do polimetilmetacrilato, conhecido pela sigla PMMA, ou por metacril, produto composto por microesferas de um material parecido com plástico usado para preenchimento corporal.
A bancária passou por complicações e foi socorrida ao Hospital Barra D’Or no sábado à noite em estado extremamente grave, segundo a unidade de saúde, e acabou morrendo na madrugada de domingo (15). O laudo sobre a causa da morte ainda não foi divulgado.
“Ela teve de três a quatro paradas cardíacas e veio a óbito. Ela vinha conversando com o médico fazia 6 meses e até uma amiga dela já tinha feito e deu tudo certo”, disse Alessandro Janberce, enteado da vítima.
A delegada conta que Lilian foi para a casa de Denis de táxi, no sábado à tarde, e pediu que o motorista a esperasse. Durante todo o tempo ela ligava pra o taxista para informar que estava tudo bem, mas que o procedimento estava atrasado.
Por volta das 22h, o taxista, preocupado, ligou para Lilian. O médico então desceu, deu R$ 300 ao motorista e o dispensou, dizendo que Lilian ia demorar porque era um jantar.
Segundo a delegada Adriana Belém, da 16ª DP (Barra da Tijuca), quatro pessoas participaram do procedimento que levou à morte de Lilian Calixto.
- Denis Furtado, o Dr. Bumbum: ele não poderia trabalhar no Rio, porque só tem registro ativo nos conselhos regionais de Goiás e Distrito Federal. Está foragido.
- Maria de Fátima Barros, médica: a mãe de Denis também não podia atuar no Rio; seu registro foi cassado. Está foragida.
- Renata Fernandes, a namorada: começou a cursar Técnica de Enfermagem, mas abandonou os estudos. Foi presa.
- Rosilane Pereira da Silva, empregada: segundo a polícia, emprestava o nome para a abertura da clínica, que na verdade é um salão de beleza. Foi indiciada.
Todos os quatro foram indiciados por homicídio doloso qualificado e associação criminosa.
A Justiça entendeu que não era necessária a prisão de Rosilane, mas todos serão indiciados. “A mãe e o filho estão com prisão temporária pedida”, disse a delegada.
Versões dos indiciados
A advogada Naiara Baldanza, que defende Denis, emitiu nota sobre o pedido de prisão temporária contra ele. A defensora diz que é cedo para culpá-lo pelo crime e que Lilian “não apresentou qualquer complicação” durante a cirurgia
“Qualquer conclusão acerca da morte de Liliam Calixo (sic) e a eventual responsabilidade do meu cliente sobre essa fatalidade é precoce”, escreveu.
Na delegacia, Renata negou qualquer participação na cirurgia e afirmou que sua função era administrativa e que trabalhava como secretária. Segundo ela, o médico sempre disse que o procedimento era ambulatorial e que não era necessário usar sala cirúrgica.
Dez processos na Justiça
O médico é réu em mais de 10 processos no Tribunal de Justiça do Rio. Num deles, junto com a mãe, por conta da venda de um apartamento. O comprador alega que pagou R$ 100 mil, além de ter pago dívidas de condomínio e IPTU, mas o imóvel teria sido invadido por Maria de Fátima, que teria se recusado a assinar a escritura.
Ela alega que não invadiu o apartamento porque não sabia que tinha sido vendido e que a venda foi feita por uma intermediária que não tinha procuração para a negociação.
Na polícia, constam as seguintes passagens:
- Homicídio (1997)
- Porte de arma (2003)
- Crime contra a ordem pública (2003)
- Resistência a prisão (2006 e 2007)
- Exercício arbitrário da própria razão (2007) – quando a pessoa excede no direito de reagir em legítima defesa
- Violação de domicílio (2007)
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