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segunda-feira, novembro 25, 2024

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Em reunião com governadores, Maia e Alcolumbre, Bolsonaro pede apoio a congelamento salarial de servidores

O presidente Jair Bolsonaro participou de uma videoconferência nesta quinta-feira (21) com governadores para tratar do enfrentamento da crise do coronavírus. Na abertura do encontro, ele afirmou que deve sancionar nesta quinta o projeto de auxílio financeiro a estados e municípios.

Bolsonaro pediu consenso em torno da manutenção dos vetos que pretende fazer ao projeto. Um dos trechos que o presidente já disse que vai vetar permitia reajuste a servidores no período da pandemia. O congelamento de salários era uma contrapartida pedida pelo governo, mas o texto foi modificado no Congresso.

“O mais importante: se possível sair uma proposta aqui por unanimidade de nós, ao vetarmos quatro dispositivos, um que é de extrema importância, que esse veto venha a ser mantido por parte do parlamento. Porque é assim que vamos construir nossa política, nos entendendo cada vez mais”, disse Bolsonaro.

Ele defendeu o congelamentos dos salários dos servidores até o fim de 2021.

“A cota de sacrifício dos servidores, pela proposta que está aqui, é não ter reajuste até 31 de dezembro do ano que vem”, completou o presidente.

Ao lado de Bolsonaro, no Palácio do Planalto, estavam os presidente de Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). Os dois reforçaram a importância da ajuda aos estados e pediram união entre o governo federal e os estaduais no combate ao coronavírus.

A reunião ocorreu em clima de cordialidade entre os participantes, depois de atritos nos últimos dias. Desde o início da crise, Bolsonaro vem criticando governadores por causa das medidas de isolamento tomadas para evitar o alastramento do vírus.

Governadores participaram de reunião com o presidente Jair Bolsonaro por videoconferência — Foto: Marcos Corrêa/PR
Governadores participaram de reunião com o presidente Jair Bolsonaro por videoconferência — Foto: Marcos Corrêa/PR

Bolsonaro e Dória

João Doria pede a Bolsonaro que ajuda aos estados seja paga até 31 de maio

João Doria pede a Bolsonaro que ajuda aos estados seja paga até 31 de maio. No pronunciamento de todas as autoridades houve pedido de união e defesa do trabalho conjunto entre os poderes para enfrentamento da pandemia.

O tom de cordialidade foi visto inclusive entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que vêm trocando ataques nos últimos meses e, numa videoconferência em março, chegaram a ter uma discussão acalorada.

“Quero exaltar e cumprimentar a forma com que essa reunião está sendo conduzida. O Brasil precisa estar unido para vencer a crise, ajudar e proteger a saúde dos brasileiros. O nosso foco neste momento é exatamente esse, proteger os brasileiros em todo o Brasil”, disse Doria na reunião desta quinta.

“Fico feliz, presidente Jair Bolsonaro, por perceber, em todas as intervenções feitas aqui, a começar da sua, depois Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e os dois governadores, Azambuja [Mato Grosso do Sul] e Renato Casagrande [Espírito Santo], exatamente dentro dessa linha. Vamos em paz, presidente, vamos pelo Brasil e vamos juntos. É o melhor caminho e é a melhor forma de vencer a pandemia”, completou o governador de São Paulo.

Bolsonaro retribuiu a cordialidade.

“Senhor governador João Dória, obrigado pelas palavras, e parabéns pela posição de vossa excelência”, disse o presidente.

“O governo federal, ao lado aqui dos presidentes da Câmara e do Senado, se Deus quiser sancionará hoje mesmo esse projeto, com vetos, os quais, segundo nosso entendimento e com toda a certeza da maioria senão totalidade dos senhores governadores, deve ser mantido. Isso é bom para todos nós”, finalizou Bolsonaro.

Maia

Em seu discurso, Maia defendeu o projeto de socorro aos estados e pregou a união entre estados, municípios e governo federal para o enfrentamento da crise.

“Esse projeto vem nessa linha, projeto construído no Congresso Nacional junto com governo federal, que hoje vem à sua sanção em um momento muito importante no enfrentamento à crise. A união de todos no enfrentamento à crise vai criar com certeza as condições para que nos segundo momento possamos tratar do pós-pandemia da recuperação econômica, da recuperação dos empregos”, disse o presidente da Câmara.

Alcolumbre

O presidente do Senado, em sua fala na abertura do encontro, alertou que os políticos e governantes têm responsabilidade de conduzir o país durante a crise da pandemia e também depois, quando, segundo ele, as desigualdades na sociedade devem aumentar. Ele disse que esta é a pior crise sanitária da história do país.

“A gente tem que ter a consciência de que essa crise é sem precedente na nossa vida, mas seremos cobrados por qual atitude tomamos para enfrentar a dificuldade de saúde pública que já tirou a vida de 20 mil brasileiros, milhares perdendo a chance de um futuro promissor. Nós temos responsabilidade com 210 milhões de brasileiros. Após essa pandemia o nosso país terá muito mais desigualdade. Essa diferença nas classes sociais se ampliará. A gente precisa ter responsabilidade e compromisso público”, disse Alcolumbre.

“Pior crise sanitária da história do Brasil”, diz Alcolumbre em reunião com Bolsonaro

“Pior crise sanitária da história do Brasil”, diz Alcolumbre em reunião com Bolsonaro

Governador do MS fez pedido em nome dos demais

O governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), agradeceu na reunião a “construção coletiva” para transformar em lei o projeto de socorro aos estados e municípios.

“Todos os estados brasileiros pedem a sanção desse projeto de lei complementar, presidente. Ele é muito importante devido principalmente a essa queda brutal da atividade econômica”, afirmou o governador.

Azambuja pediu, em nome dos governadores, que os estados possam receber a primeira parcela de ajuda da União ainda em maio.

“Pedir, presidente, se for a intenção do senhor a sanção, que realmente, se possível, foi uma unanimidade dos governadores, que possa fazer liberação dessa primeira parcela ainda no mês de maio. Isso é crucial para os entes federados, porque estamos vivendo um momento de perda brutal de nossas receitas”, disse Azambuja.

O governador do Mato Grosso do Sul disse que os governadores apoiarão Bolsonaro no veto aos reajustes de servidores.

“Entendemos e sabemos que o senhor está sofrendo pressões, nós todos nos estados estamos sofrendo pressões também com esses pontos, mas acho que é momento da unidade nacional, presidente, que todos nós estamos dando cota de sacrifício, momento ímpar da historia do nosso país. Então, a maioria dos governadores entende importante, se assim o senhor achar, vetar esse artigo dos aumentos salariais”, declarou Azambuja.

O governador ainda pediu, em pedir em nome dos demais estados, que Bolsonaro não vete artigo do projeto que trata de dívidas com bancos públicos e privados e organismos multilaterais. Azambuja defendeu sanção integral desse artigo a fim de permitir que bancos façam aditivos nos contratos de pagamento dos débitos.

Além de Azambuja e Dória, falaram na reunião os governadores Renato Casagrande (ES) e Eduardo Leite (RS). Não houve falas de governadores do Norte e do Nordeste. A Presidência não divulgou a lista dos governadores participantes até a última atualização desta reportagem.

Covid-19

Segundo levantamento exclusivo do G1 junto às secretarias estaduais de saúde, foram registradas no país 19.038 mortes provocadas pela Covid-19 e 294.152 casos da doença. O balanço de quarta-feira (20) do Ministério da Saúde informou 18.859 mortos e 291.579 casos.

Atualmente, o Brasil é o terceiro país no mundo com o maior número de casos confirmados da doença, atrás de Estados Unidos e Rússia.

Bolsonaro teve em março uma rodada de conversas por vídeo com governadores em encontros divididos por regiões. Na oportunidade, trocou farpas com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). As críticas feitas por ambos se mantiveram em abril e maio.

A nova conversa com governadores é uma tentativa de ajustar medidas de combate à Covid-19, em um contexto no qual o Brasil trocou duas vezes de ministro da Saúde (Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich) e tem a pasta no momento comandada de forma interina pelo general Eduardo Pazuello, um militar sem experiência em saúde pública.

Estados enfrentam dificuldade com equipamentos em unidades de saúde e presidente e governadores divergem na estratégia para conter a doença em temas como isolamento social e uso da cloroquina pelas pessoas infectados.

Bolsonaro é crítico das medidas de isolamento social e defende isolar somente idosos e pessoas com doenças crônicas. O presidente já se manifestou pela retomada do comércio e a volta das aulas, enquanto muitos governadores, como Doria, mantêm as medidas de restrição ao comércio a fim de tentar frear a velocidade do contágio da população.

Socorro aos estados

Em entrevista ao blog da jornalista Ana Flor, colunista do G1 e da GloboNews, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a videoconferência seria uma oportunidade de pacificar as relações entre os governos federal e estaduais.

Um dos temas que Guedes espera definir a partir da videoconferência é o conjunto de possíveis vetos ao projeto de socorro aos estados e municípios, aprovado em 6 de maio pelo Congresso, e que ainda não foi sancionado por Bolsonaro.

Guedes e Bolsonaro querem que os governadores se comprometam a garantir que irão ajudar a manter os vetos que barram reajustes salariais a categorias do funcionalismo público nas três esferas.

O Planalto propôs o congelamento dos salários de servidores como contrapartida à ajuda de R$ 60 bilhões, contudo, na tramitação no Congresso os parlamentares aprovaram a liberação ao reajuste para determinadas categorias.

No dia seguinte à aprovação do texto pelo Senado, Bolsonaro afirmou que, por sugestão de Guedes, iria vetar a permissão de reajustes salariais ao funcionalismo.

Agora, Guedes e Bolsonaro querem que os governadores se comprometam a garantir que irão ajudar a manter os vetos que barram reajustes salariais a categorias do funcionalismo público nas três esferas. Guedes tem alertado para o risco dos estados usarem o dinheiro destinado à saúde para conceder reajustes ao funcionalismo em ano eleitoral.

Fonte: G1

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