21.6 C
Ponta Porã
sábado, novembro 23, 2024

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

De animais carbonizados a fogo ‘subterrâneo’: a rotina de brigadistas no maior incêndio em décadas no Pantanal

Assim como milhões brasileiros, Washington Rojas, natural de Corumbá (MS), trabalha “com o que aparece”.

Em 2019, foi uma empresa de refrigeração. Depois, uma companhia de encanamento. Isso de janeiro a junho.

Nos últimos 6 anos, quando chega o mês de julho ele “vira a chave”. Rojas é um dos 90 brigadistas do Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) no Mato Grosso do Sul.

Os profissionais que há mais de um mês estão na linha de frente contra o fogo que consome parte do Pantanal têm um contrato temporário com o Ibama, que em geral se estende até dezembro, e passam por uma semana de treinamento.

A remuneração para a grande maioria é de um salário mínimo, R$ 1.045. Chefes de esquadrão como Washington, que tem 24 anos, recebem um pouco mais.

A rotina, que via de regra é de grande desgaste físico e mental, tem sido extenuante.

O bioma vive a maior temporada de queimadas em décadas. Mesmo com o reforço das Forças Armadas, que têm cedido seus barcos e aviões e dado apoio logístico, o fogo já consumiu 1,5 milhão de hectares. Desse total, 910 mil estão em Mato Grosso do Sul e o restante, em Mato Grosso.

Brigadistas do Prevfogo atuando no Pantanal
Direito de imagem PREVFOGO Image captionTrabalho na base em Corumbá costuma começar às 8h – sem hora para acabar

A chuva que caiu na região de Corumbá nos últimos dias ajudou a aliviar um pouco a situação, diz o supervisor de brigadas do Prevfogo Bruno Águeda, mas não foi suficiente para encharcar o solo. A onda histórica de frio que deve tomar conta do país nos próximos dias também não anima a equipe, já que o frio na região geralmente é seco.

No ano passado, ele conta, a última operação ocorreu em meados de novembro.

‘Horário de pico’ do fogo

O trabalho começa em geral às 8h e não tem hora para acabar.

“Quando a gente vê que dá pra vencer o fogo, a gente continua”, diz Rojas. “Já cheguei a virar noite.”

O combate noturno acaba sendo mais frequente do que os brigadistas gostariam. Isso porque o fogo tem “horário de pico”. Se o intervalo entre 10h e 14h é o período mais crítico, depois que o sol se põe, quando a temperatura geralmente cai e a umidade aumenta um pouco, às vezes é mais fácil apagar as chamas.

É também o período mais perigoso para se trabalhar, emenda Heuler Hernany, de 25 anos, que também é chefe de esquadrão.

Brigadistas do Prevfogo atuando no Pantanal
Direito de imagem PREVFOGO Image captionO acesso difícil a alguns focos de incêndio é muitas vezes o primeiro desafio dos brigadistas

Há três anos ele atua como brigadista entre julho e dezembro. Descobriu o concurso do Ibama quando fazia um bico de entregador e viu um cartaz com o edital no escritório em Corumbá.

No início, a mãe estranhava quando o filho não voltava para casa. “Ela ia bater na porta do Prevfogo”, conta.

Como muitas regiões são de mata fechada — o que, aliás, torna o acesso às áreas de incêndio muitas vezes um desafio tão duro quanto o fogo em si —, o risco de ser picado por um animal peçonhento aumenta quando está tudo escuro.

As imagens que mais impressionam do fogo, para ele, são dos animais fugindo — ou carbonizados. Rojas já viu 5 jacarés queimados de uma vez só. Hernany já viu filhote de macaco, tatu. “Você vê o animal todo encolhido, dá muita dó. Parece cena de filme.”

Em geral, os bichos mais lentos são os mais vulneráveis, mas há situações em que o fogo brota de repente e qualquer um pode se ver cercado.

Brigadistas do Prevfogo em Corumbá
Direito de imagem PREVFOGO Image captionNo MS, Prevfogo conta com uma brigada em Corumbá e outras quatro formadas por indígenas, que atuam em suas terras

O fogo que ‘aparece do nada’

O combate ao fogo na região do Pantanal tem uma série de particularidades, entre elas uma espécie de “fogo subterrâneo” que queima despercebido até que emerge para a superfície.

É o chamado “fogo de turfa”, explica Águeda.

As secas e cheias que marcam as estações na região vão criando camadas de matéria orgânica no solo. É como se fosse um sanduíche, diz ele: uma camada de terra, outra de vegetação, outra de terra, e por aí vai.

Às vezes, o fogo consegue atingir uma dessas camadas mais profundas, ricas em matéria orgânica e altamente inflamáveis, e vai se espalhando por baixo da camada mais superficial da terra até encontrar alguma fissura e uma vegetação mais seca para emergir.

“Ele aparece do nada”, diz ele.

Brigadistas do Prevfogo fazem aceiro
Direito de imagem PREVFOGO Image captionOs aceiros são uma das estratégias usadas pelas brigadas para tentar barrar o avanço do fogo

Outro inimigo dos brigadistas é o vento, que às vezes muda subitamente de direção e leva o fogo junto.

E às vezes isso acontece depois de um longo dia de trabalho, quando eles levaram horas fazendo os chamados aceiros: a retirada de uma faixa da vegetação para tentar brecar o avanço do fogo.

“Às vezes o brigadista passa o dia inteiro batendo enxada e o vento leva o fogo para outro lado”, diz o supervisor de brigadas.

‘Sensação de impotência’

“A gente pode ter feito tudo, mas às vezes o vento muda e joga uma fagulha a 100 metros”, diz o tenente Rodrigo Bueno, do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso do Sul.

“A coisa que mais choca é a sensação de impotência”, diz ele, que há 10 anos está na corporação.

Os bombeiros militares são os outros protagonistas da força-tarefa que tenta controlar os incêndios florestais no Pantanal. De acordo com o último relatório sobre a operação, 81 bombeiros do Mato Grosso do Sul e 42 do Mato Grosso lutavam contra as chamas.

Dada a dimensão dos incêndios neste ano, foram montadas três bases para o combate: na região de Poconé/Sesc Pantanal (MT), em Corumbá (MS) e na terra indígena dos Kadwéus (MS).

Mapa mostra localização do Pantanal e das bases de combate aos incêndios
Direito de imagem CECILIA TOMBESI/BBC

O trabalho pode ser feito pelas equipes locais a partir das bases, com saídas diárias, como tem sido o caso dos chefes de brigada do Prevfogo Rojas e Hernany, ou por meio de missões, quando as áreas são mais afastadas ou o pessoal vem de outra região.

Esse é o caso do tenente Bueno, que fica em Maracaju (MS) e se voluntariou para passar 10 dias na base do Sesc Pantanal.

Em geral, a equipe se reúne às 6h da manhã para delinear a estratégia do dia e costuma voltar em torno de 19h. Mas não são raros aqueles que já passaram mais de 24 horas trabalhando sem interrupção.

‘Operação Dito Verde’

No dia em que conversou com a reportagem, o bombeiro havia retornado quase 8 da noite, depois de um dia intenso.

De helicóptero, ele fora enviado à área da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Sesc Pantanal para proteger a casa da única pessoa que há décadas vive na área de conservação: seu Dito Verde, “uma lenda do Pantanal”.

“Era uma casinha de barro, com telhado de sapê, toda feita por ele.”

A missão da equipe era evitar que o fogo que consumia o mato no entorno chegasse lá. Para isso, os bombeiros puxaram água do rio mais próximo, armazenaram-na em um reservatório improvisado e, com uma motobomba, usaram-na contra as chamas.

Queimadas no Pantanal de Mato Grosso
Direito de imagem MAYKE TOSCANO/SECOM-MT Image captionPantanal vive pior temporada de queimadas em décadas

A seca que atinge a região impôs um desafio adicional: como o nível dos rios está muito abaixo da média, a equipe teve de caminhar uma longa distância até a margem.

“Na cheia, o rio chega bem perto da casa dele”, diz o tenente.

A primeira folga em um mês

Em uma década como bombeiro, ele diz que nunca viu uma operação de combate a incêndios florestais na região nessas proporções.

Hernany, do Prevfogo, teve o primeiro dia de descanso depois de um mês intenso de trabalho no Dia dos Pais, 9 de agosto.

Assim como muitos dos profissionais que estão direta ou indiretamente envolvidos no trabalho contra os incêndios, o presidente do Instituto Homem Pantaneiro, coronel Ângelo Rabelo, diz que as queimadas na região vêm piorando um ano após o outro.

Ele lembra quando chegou ali, na década de 80, “um dos momentos mais violentos da história do Pantanal”, com muita caça ilegal de jacaré e tráfico de animais silvestres.

Com o tempo, a caça e pesca predatórias foram sendo controladas. Agora, o avanço do fogo preocupa: quanto mais longas e mais intensas as “temporadas” de queimadas, menor o intervalo que a natureza tem para se recuperar, colocando em risco um ecossistema único, que abriga quase 4,7 mil espécies de plantas e animais.

 

 

 

 

 

 

Fonte: BBC News

Artigos Relacionados

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/message/NEHA6XVO5DGVH1?autoload=1&app_absent=0

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send/?phone=5551989681901&text=Ol%C3%A1%2C+estou+vindo+atrav%C3%A9s+do+site+Medicina+News&type=phone_number&app_absent=0

https://api.whatsapp.com/message/NEHA6XVO5DGVH1?autoload=1&app_absent=0

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=%2B5567992112006&data=AWCGxbITXq3FLqSJ30xl0YD45_tLKRywaV0KE5PygwNh47eaxjL6tbR39OeZUip-ponn83hQ59lEZENxo8uZNOKg4tXphmbAH1xStUKGYmoPIEosWRIZcmTkArc5AYtmdWSdR8nRU-eECkuSMZMqRa15caJozXxLUTaaFC_n5klBKLO83ells7y340Ang9kwdE7LvXg86L2PouTNnm9K9DVJ-5xJPgPkB28OgozxG74PwYRXTAZ8-c5RcboxYvNPmaXkH-XnG7xf1gGdlFT5ug&source=FB_Page&app=facebook&entry_point=page_cta&fbclid=IwAR3D1DSCZzh-lhZOHi1zVia0CT-cIud8tazwJtnX8ExdwAHtR4pross9Jxs

https://api.whatsapp.com/message/NEHA6XVO5DGVH1?autoload=1&app_absent=0

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send?phone=5567984437278&text=Ol%C3%A1!%20Vim%20atrav%C3%A9s%20do%20site%20Medicina%20News

https://api.whatsapp.com/send/?phone=5551989681901&text=Ol%C3%A1%2C+estou+vindo+atrav%C3%A9s+do+site+Medicina+News&type=phone_number&app_absent=0

Artigos Relacionados