Distante dos grandes conflitos internacionais, o Brasil tem a tarefa de proteger o meio ambiente, em especial a Amazônia, e os povos indígenas.
Para o general-de-brigada José Eustáquio Nogueira Guimarães, diretor do Centro de Estudos Estratégicos da Escola Superior de Guerra (ESG),”a abordagem inadequada desses temas pode evoluir para crises de grande apelo midiático mundial”.
O general, ouvido na segunda-feira (13) pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), também afirmou que por estar afastado em termos geopolíticos, o país tem a vantagem de poder ampliar sua base militar sem preocupar outros países.
O Brasil não é visto como ameaça. O Atlântico Sul é de pouco interesse estratégico e de baixa conflitividade internacional.
A tendência de multipolaridade tende a tornar o mundo mais instável, e a crescente evolução do poder econômico exige correspondente fortalecimento da capacidade militar do Brasil, a fim de respaldar a tomada de decisão pelo governo brasileiro de forma soberana — afirmou.
Indústria bélica
Já Eduardo Marson Ferreira, presidente da Fundação Ezute — uma organização sem fins lucrativos especializada em soluções em tecnologia e gestão — disse que a indústria brasileira de defesa se insere um mundo de extrema volatilidade, com muita incerteza e complexidade.
Quanto à ocorrência de conflitos, Ferreira disse que a América Latina apresenta uma tendência completamente diferente das diversas regiões do planeta.
Em 2016, ressaltou, o mundo gastou US$ 1,7 trilhão em defesa, com a hegemonia dos Estados Unidos no setor — o Brasil respondeu por 1,4% desse montante.
Ferreira disse ainda que a discussão sobre competitividade na indústria bélica deve levar em conta o uso de tecnologias que barateiam o custo do lançamento de satélites e dispensam o uso comercial de bases militares como a de Alcântara, no Maranhão.
Insegurança
O diretor do Departamento de Assuntos de Defesa e Segurança do Ministério das Relações Exteriores, embaixador Nelson Antônio Tabajara de Oliveira, destacou que a insegurança atual aponta para um mundo de futuro incerto.
Oliveira ressaltou que a insegurança atinge os países internamente e também compromete a paz internacional.
Ele também observou que a estratégia global de segurança da Europa vai além de suas fronteiras, visto que o continente é alvo de ações terroristas e atrai um grande fluxo de migrantes.
A audiência pública interativa integrou o ciclo de debates O Brasil e a Ordem Internacional: Estender pontes ou erguer barreiras?, promovido pela CRE.
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