Integrantes da principal facção criminosa do país também possuem mais de um apelido, conta o procurador de Justiça de São Paulo Márcio Christino
Líder do PCC, Marcola ganhou apelido durante adolescênciaJorge Santos/Estadão Conteúdo – 06.10.2009
“Assassino”, “Confusão”, “Zeus”, “Terrorista”, “Mente Criminosa”, “Lacoste” e “Bin Laden”. Esses alguns são apelidos de membros da principal facção do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital). Os nomes foram revelados pela operação Echelon, coordenada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do Ministério Público de São Paulo.
Desde a criação do PCC em 1993, os membros da facção possuem apelidos que cumprem com o objetivo de facilitar a identificação do indivíduo. Em alguns casos, integrantes apresentam até mais de um nome — é o caso do número 1 do PCC: Marcos Willians Herbas Camacho, de 50 anos. Mais conhecido como “Marcola”, é chamado também por “Amigo 1013”, “Playboy”, “Boy”, “40”, “Narigudo” e “Ladrão de Oxigênio”.
“O Marcola veio quando ele ainda era adolescente. Conhecido por usar muita droga, o pessoal o chamava de Marco da Cola e, posteriormente, Marcola”, conta o procurador de Justiça do Estado de São Paulo e autor do livro Laços de Sangue: A história secreta do PCC, Marcio Sergio Christino.
Nomes como “Encruzilhada”, “Carioca”, “Galo”, “Espingarda” e “Cheio de Ódio” preenchem a lista feita pelo Gaeco. O documento segue com outros apelidos: “Jatobá”, “Talismã”, “Sossego”, “Dentinho da Leste”, “Carioca”, “Malboro”, “Coiote” e “Magrelo”.
“Normalmente eles entram na facção já com os apelidos, porque esses nomes eles recebem durante a adolescência”, explica Christino. “É o caso do Gegê do Mangue”, acrescenta. O número um da facção nas ruas e morto neste anorecebeu o apelido na época em que traficava entorpecentes na região da Vila Madalena, a qual possui em sua vegetação principalmente o mangue.
No entanto, o procurador alerta para o fato de que é comum que os integrantes mudem o apelido, principalmente quando estão cumprindo pena no sistema carcerário. “A mudança nada mais serve senão despistar os policiais, atrapalhar as investigações e afins”, diz.
Para o professor de linguística da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Bruno Dallari, os apelidos constituem uma personagem adotada por seus donos. “São como papéis que separam quem eles são, de quem eles gostariam de ser ou representam dentro da facção”, explica Dallari.
“Alguns apelidos podem ser mais agressivos, outros mais irônicos. O importante é entender que quando escolhemos ou aceitamos os nossos apelidos, o único intuito é se sentir especial”, finaliza.
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