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Mulheres e jovens sobrevivem menos a infartos, diz Roberto Kalil

Cardiologista e presidente do InCor afirma que a incidência na mulher é maior após a menopausa

Um levantamento feito pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, com base nos dados do Ministério da Saúde, aponta que, no Brasil, 30% das mulheres morrem de doenças cardiovasculares. Essa é a maior taxa da América Latina.

Atualmente, as doenças cardiovasculares já ultrapassam as estatísticas de câncer de mama e de útero e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), respondem por um terço das mortes delas no mundo, com 8,5 milhões de óbitos por ano, ou seja, mais de 23 mil por dia.

Embora a mulher infarte tanto quanto o homem, o presidente do InCor e diretor de Cardiologia do Sírio-Libanês, Roberto Kalil Filho, explica porque o evento costuma ser mais grave entre as mulheres.

“Se você perguntar do que a mulher morre mais: câncer de mama ou infarto? Elas vão responder que é de câncer de mama, mas não é. As mulheres morrem muito mais de infarto. E como elas não se previnem, assim como o homem, quando acontece o infarto, principalmente na idade mais jovem, o infarto pode ser mais agressivo, e a mortalidade, maior.”

Segundo o médico, o fato de uma mulher jovem acreditar que dificilmente ela irá infartar faz com que ela negligencie os sintomas. “É muito comum a mulher fazer o papanicolau e a mamografia, que são muito importantes de serem feitos, mas se esquecem de uma avaliação do sistema cardíaco. Então, muitas vezes, a mulher diabética, hipertensa, com colesterol alto, não tem preocupação com relação ao infarto. Por isso, quando acontece o evento, ele pode ser, sim, mais grave, e a mortalidade ser maior que a do homem, inclusive.”

Kalil diz que a estimativa é que em torno de 400 mil brasileiros morram de infarto ou AVC (Acidente Vascular Cerebral) até o fim do ano de 2021. “Mil por dia. É bastante. E sabemos que 50% destas mortes poderiam ser evitadas com prevenção”, ressalta.

Hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, tabagismo, obesidade e sedentarismo são os principais fatores de risco. Mas estudos mostram que a chance de infartar é muito reduzida quando se adotam medidas preventivas na rotina.

“Com alimentação adequada, você pode reduzir a mortalidade por esse tipo de doença, como o infarto.”

Cardiologista Roberto Kalil (14-08-2021)
Cardiologista Roberto Kalil (14-08-2021). Foto: CNN / Reprodução

Estresse ou hereditariedade

A carga de adrenalina no mais alto grau, liberada quando o indivíduo passa por um momento de estresse, pode levar a um evento cardíaco mais agudo. Nas mulheres, Kalil destaca a “Síndrome do Coração Partido”. “No estresse máximo, ela começa com uma dor no peito, simula um infarto mesmo, e o músculo do coração fica afetado. A paciente tem que ser internada e o tratamento é como se fosse um infarto.”

No entanto, o cardiologista ressalta o fator genético como principal indício de que alguém vai infartar. “É uma doença hereditária. Então, por exemplo, meu avô e meu pai infartaram, eu vou ter que me cuidar muito mais, até numa idade mais jovem, em relação aos níveis de colesterol.”

Infarto entre os jovens

Roberto Kalil afirma que o infarto entre os jovens é mais grave e fatal. Isso ocorre pela falta de uma “circulação colateral”, um sistema de circulação sanguínea, desenvolvido em pessoas de mais idade, que já têm algum grau de obstrução nas artérias. Esta circulação colateral é feita pelas demais artérias que estão menos obstruídas.

“Uma artéria é um cano que leva sangue para o coração. Em um cano que leva sangue para uma região anterior ao coração, por exemplo, e já tem uma obstrução que vem há anos progredindo, as outras artérias podem enviar circulação, de uma maneira bem simplista, colateral. Então, quando essa artéria fecha, a região de acometimento será menor. No jovem, você não tem a proteção da circulação colateral. Então, se uma parede anterior ao coração, que equivale a 30% do coração, fechar a artéria, o jovem não terá proteção.”

Sintomas

Sensação de peso no peito, pescoço, acompanhado de sudorese, e que irradia para o braço esquerdo equivalem aos sintomas de 50% dos casos de infarto. Embora estes sintomas chamados de “clássicos” sejam os mais comuns, Kalil descreve o infarto como uma doença “traiçoeira”. “Muitas vezes você não tem dor, é uma angústia. Então você acha que está angustiado. E é um sintoma que vai e volta, muitas vezes, antes de a pessoa infartar. Ela vem em ondas até o fechamento da artéria.”

Por isso, o cardiologista aconselha ligar para o Serviço Móvel de Urgência (Samu), no número 192, caso o paciente acorde com um sintoma diferente ou sentindo algo estranho, fora do habitual.

Fonte: CNN Brasil (*sob supervisão de Elis Franco)

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